CAPÍTULO O3 - OPERAÇÃO DESASTRE part. 2

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— Sim… — Me viro para o tal sujeito com uma expressão de tédio, mas preciso lutar para manter a expressão quando olho para ele.

Seus olhos brilham de uma forma que me gruda no chão sem que exista nenhum tipo de cola nos meus sapatos e um sorriso logo surge em seu rosto.

Atenção, Emmeline!

Ele está tentando te seduzir.

Idiota. Acha mesmo que vou cair nessa tão rápido assim?

— O que está esperando? — Questiono com olhar de superioridade. — Quando vai puxar a cadeira para que eu me sente?

— Aaah. Perdoe-me! — De forma rápida o garoto puxa uma cadeira e eu sento de braços cruzados mostrando que não estou nem um pouco interessada nele e nem naquele encontro.

Ele se acomoda à minha frente com seu sorriso tímido ainda nos lábios e tenho que desviar o olhar para outros cantos até que ele pare finalmente de me encarar.

— Que lugar agradável, não acha? — Ele comenta, tentando iniciar uma conversa.

— Agradável? Esse cheiro de café velho me deixa enjoada, as luzes amarelas estão me fazendo ficar sonolenta, a decoração é brega e eu mal posso esperar para esse encontro chegar ao fim.

O garoto me encara com os olhos bem abertos. Isso é um sinal? Um sinal bom ou ruim?

— Então, meu pai…

Ele começa mas nem pensar que vou deixá-lo falar em algum momento desse encontro. Homens odeiam serem interrompidos, certo?

— Seu pai e o meu pai organizaram esse encontro? — Faço grandes gestos com as mãos enquanto falo. — Que chato, não é? Mas meu pai não sabe que já tenho um namorado.

— Namorado? — Um olhar de surpresa toma conta do seu rosto.

— Na verdade. — Digo com um sorriso malicioso. — Huum, eu tenho 4 namorados. — Estico os dedos na sua frente enfatizando a quantidade. — Sério, eu não preciso de mais um.

Quando ele está prestes a falar novamente, o cardápio chega de forma repentina.

— Eu gostaria de um café sem açúcar. Por favor — Pede ele educadamente.

Tento demorar um pouco mais com o meu pedido, mas fico realmente na dúvida quando presto atenção nos preços. Que absurdo! Com o dinheiro para uma mísera xícara de café, posso comprar um sorvete gigante e dividir com meus 4 namorados.

— Eu quero apenas... uma água.

Certo! Sou uma mulher sem graça.

A moça que anota os pedidos nos deixa novamente sozinhos.

— Sobre os seus namorados… — Ele tenta novamente prosseguir conversando. Seus olhos me encaram com uma intensidade que me deixa totalmente sem chão.

Ele está interessado nessa bobagem? Homens nunca estão interessando em um assunto que não seja eles mesmos.

— Ah, Isaac é o meu preferido. — Digo tentando parecer convincente, embora minha atuação esteja deixando a desejar. — Ele faz tudo o que eu peço.

— Sério? — Ele rir, parecendo enchergar o fundo da minha alma.

Não estou sendo convincente o suficiente?

Faço que sim com a cabeça. Parece que todas as palavras que eu havia ensaiado se perderam em algum lugar da minha mente.

— E o que seus quatro namorados acham disso? — Se reencontrando na cadeira, ele parece seriamente curioso em me ver contar mais uma mentira. — Eles não ficam com ciúmes?

Nossos pedidos chegam com uma rapidez surpreendente, mas evito pegar a xícara de água que pedi já que minhas mãos tremem e isso iria desmascarar todo meu sacrifício para parecer fria e sem comoção nenhuma com aquele encontro.

“Estou demorando muito para voltar ao carro”

O que será que Anne está pensando? Ela deve com certeza achar que não estou dando conta do recado.

— Quero que saiba que não estou nem um pouco interessada em você.

Ele dá um gole no café com uma expressão nem um pouco convencida.

Estou perdendo o controle da situação.

— Você não faz nem um pouco meu tipo. — Procuro desesperadamente por palavras que possam ferir seu ego. — Você é…

— Eu sou…

Pense Emmeline… pense!

— Você é intediante. — Digo por fim e finjo buscar alguma coisa dentro da minha bolsa. Alguma coisa mais interessante que conversar com ele. — Acho que meu namorado está esperando por mim.

— Qual deles? — Questiona ele bebendo mais um pouco do seu café sem graça.

— É claro que é o Isaac.

— O seu preferido?

— Sim.

— Qual o nome dos outros?

Penso um pouco, procurando respostas que com toda certeza não estou na minha mentem. Esse sujeiteitinho à minha frente está tentando me fazer confessar. Mas não vou morrer na praia.

— Isso não é problema seu! — Levanto decidida a ir embora.

Não dava para continuar insistindo na história dos 4 namorados. Isso está indo longe demais.

— Os seus namorados ficariam muito tristes se eu a convidasse para um segundo encontro?

— O que?

Uma Farsa De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora