Mil Noites Pensando Em Você

aceitação

Os pais sempre sabem quando seus filhos estão diferentes, quando estão tristes ou confusos, deve ser um dom divino. Então quando algo está errado, seu objetivo é ajudar seu filho a sair dessa bolha de mágoas e problemas, para dar fim a angústia de alguém tão amado. Brendon Novak estava preocupado com a filha, quando chegou do mercado a encontrou dormindo no sofá, segurando um porta retrato com a foto dela e de uma amiga, a detetive Benson.

--Case, quer me contar algo? -- Brendson não era bobo, acabou  descobrindo o motivo da minha filha fazer terapia, depois começou a entender algumas de suas ações, compreendeu o afastamento da filha. --Sente aqui, vem.

O ex veterano do exército tirou os pratos das mãos da filha e se sentaram nas cadeiras próximas. Casey estava nervosa, apreensiva e parecia que teria que enfrentar todos os seus pesadelos hoje, estava com medo.

--Case, filha. Eu peço desculpas por ter afastado você, por não ter te dado a confiança que você precisava para me mostrar quem você realmente é. Eu sou de outra época, ainda é difícil entender algumas coisas, mas estou pronto pra aprender tudo que for necessário pra te apoiar e te dar segurança ao meu lado.

--Sempre tive medo de me aceitar pois estava com medo do senhor sentir vergonha de mim, de não me amar mais e me odiar, papai.

--Querida, independente de tudo, eu ainda sou seu pai, eu te amo, Casey. Como eu iria odiar a princesa da minha vida? Querida, eu perdi sua mãe muito cedo e infelizmente não posso mudar isso, mas eu posso tentar entender você, seus sentimentos, faço tudo pra não te perder.

O homem abraçou a filha com cuidado. Em seus braços estava o seu maior tesouro, a razão de sua felicidade e alegria. Casey foi um presente divino para ele e para a esposa. A gestação não foi tranquila, mas no fim tiveram a garotinha em seus braços depois de horas de parto.

-Obrigado, pai. Eu te amo. --A Novak mais jovem beijou carinhosamente a bochecha do pai e sorriu, ela realmente poderia ser feliz agora. Seu pai não lhe odiaria e estava disposto a tentar mudar por ela, por sua felicidade. --O momento está ótimo, mas eu não quero comer comida queimada.

-Você é pior que eu na cozinha, espertinha. --O homem riu  e se levantou, indo terminar de preparar o jantar deles. O clima em casa era de felicidade, comemoração pelo retorno da promotora e pela aceitação do pai, tudo estava perfeito, tirando o fato de Casey não parar de pensar na conversa que teve com Olivia mais cedo.

Ela queria muito ter aceitado aquela declaração, de verdade, mas iria esperar e ver se realmente era algo sincero e não só uma dúvida ou curiosidade. Ela não queria se entregar de corpo e alma e sair ferida, não no seu primeiro relacionamento com uma mulher.

                            Julgamento

Faltavam poucos segundos para Casey ir testemunhar, não estava nervosa. Estava confiante no trabalho de Alex e no seu potencial de ganhar esse caso, eles tem muitas provas e seu testemunho, a única vítima viva.

Quando foi chamada, Novak adentrou a galeria de cabeça firme e foi até onde deveria sentar. A mulher de cabelos curtos e vermelhos fez o juramento, dizendo dizer a verdade e somente a verdade.

--Casey, pode nos dizer o que aconteceu na noite de sábado do dia 23 de abril? --Cabot se aproximou, ficando ao lado de Casey quando a ruiva começou a falar.

--No sábado eu estava com a detetive Benson na minha casa, bebemos vinho e jogamos. Não estava tarde quando ela foi embora, mas quando fui fechar a porta depois de ver o carro dela ir embora, aquele homem me impediu. --A advogada apontou para o réu, que sorriu na direção da mulher, aquilo lhe irritou.

--Conste nos autos que a testemunha apontou para o réu Chris Tucker. Continue, por favor.

-Depois de me dominar, ele me fez engolir várias pílulas calmantes, me fazendo perder aos poucos os meus movimentos. Ele me jogou no chão e se virou, eu consegui levantar e tentei empurrar ele, mas falhei e ele se irritou. Aí, ele pegou uma tesoura e tirou minha roupa, cortou meus cabelos e minha peças íntimas, depois enfiou aquela tesoura enferrujada no meu ombro. --casey respirou fundo, olhando para o fundo da galeria, vendo Olivia, ela sorriu.

-Como sabe que ele a feriu, srta Novak? Não poderia estar errada?

--Não, eu sei que foi ele. Ele tirou a máscara e eu pude ver claramente o seu rosto. --Mesmo sabendo que estava tudo bem, sentir o olhar daquele ser nojento era horrível, ainda podia sentir a sensação dos chutes em suas costas, doía muito. --Ele era meu terapeuta até o dia do ataque, eu o reconheceria bem.

E dando uma última olhada para o réu, Casey foi finalizando seu testemunho, respondendo às perguntas de Alex. --Sua testemunha.

O advogado do réu, Rafael Smith. Se encaminhou para o centro da galeria, dando um sorriso falso para a promotora. --Por que fazia terapia, doutora? Pode nos dizer ou é segredo?

--Não é segredo, não mais. Eu procurei aquele homem pois estava à procura de aceitar quem eu realmente sou, sem sentir medo.

--Quando diz "ser quem você realmente é", você quis dizer lésbica?  Senhorita Novak, você estava procurando se entender, por isso estava se insinuando para o meu cliente?

--Protesto, excelência! -- Alex falou, levantando-se rapidamente. Lena aceitou o pedido e o advogado retirou a pergunta, fazendo Alex bufar e se sentar.

-Eu nunca iria me insinuar para ele, doutor. Conheço éticas profissionais e não estava ali atrás de sexo fácil. Estava ali para me descobrir, para me entender, mas no fim seu cliente só pode me oferecer uma tentativa de estupro e vários machucados no corpo inteiro.

O advogado não tinha para onde correr, sua tática de abalar a ruiva falhou  todas as vezes. Ele não tinha como livrar seu cliente dessa, não dessa vez. Quando a testemunha foi dispensada, a sessão se encaminhou para as últimas palavras da promotoria e do advogado de defesa, ambos defendendo suas ideias.

-Você foi incrível lá dentro. --Olivia sorriu se aproximando da ruiva. Estava surpresa com seu visual. Casey estava linda, aquele vestido preto e aquele casaco lhe deixava linda. Olivia sentia que estava vendo Casey pela primeira vez, seu cabelo estava com as madeixas vermelhas, seus olhos estavam com um brilho diferente, a única coisa ruim ali eram os machucados, mas nem eles escondiam a beleza da mulher.

--Obrigado. É estranho estar atrás da mesa, sabe? Se isso não tivesse acontecido, eu estaria processando esse caso. --Casey forçou um sorriso e começou a andar, sendo acompanhada por Olivia.

--eu entendo, mas foi com sua ajuda que conseguimos colocar aquele homem atrás das grades, case. -- já quase fora do fórum, Olivia parou de caminhar e se aproximou da promotora, ganhando sua atenção. --Hum...case, não sei se esse é o momento....mas você gostaria de sair comigo no sábado?

- Está me chamando para um encontro, detetive? --A mais nova, cruzou os braços e sorriu, era engraçado ver Olivia sem jeito, é tão difícil isso acontecer, é fofo. --Bem, já que insiste, eu aceito sim. Mas eu não sou um encontro barato.

-Te garanto que você vai gostar, case. -- Sorrindo, Olivia e Casey trocavam olhares carinhosos. Se isso era um começo, então estava começando bem. Iriam ter um encontro no sábado, é um ótimo motivo para ficarem nervosas. --Bem, preciso ir agora. Te pego às 18:00 no sábado.

--Combinado. Tchau. --Casey sorriu enquanto via Oliva se afastando e indo embora. Seu coração foi entregue à mulher de ouro e ela sabia disso, só queria ter certeza. --Liv, minha Liv.