medo ( part 1)

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                  Algumas semanas depois



Haviam se passado algumas semanas e Casey estava mais tranquila. Ela conseguiu fazer justiça para aquelas crianças e aquela mulher, que finalmente poderão descansar em paz. A juri declarou ele culpado rapidamente e isso realmente foi gratificante, enchendo sua alma de tranquilidade, menos um louco na rua.

Nessas semanas ela também soube que a mulher de óculos de grau, cabelos loiros e maxilar forte, seria sua colega. Ela iria trabalhar com Alex cabot n'a UVE também. É muito trabalho para uma pessoa, então encaminharam a antiga promotora de volta, é até bom. Casey poderá ter folga em alguns fins de semana e o trabalho não ficará acumulado. Ela se encontrou umas três vezes com Alex, foram momentos rápidos e trocaram palavras simples, nada muito complexo, mas já deu para notar o quão boa Alex era, ela parecia perfeita em tudo.

Casey deixou sua caneca de chocolate quente em cima da pequena mesa de centro  e franziu a testa, quem era? Bem, hoje era sábado e era seu final de semana de folga. Fazendo um coque frouxo em seu cabelo, a promotora se encaminhou até a porta, abrindo e vendo seu amigo, o agente do FBI George Huang.

"Oi, aconteceu alguma coisa? Entra"

O mais baixo entrou e lançou um sorriso pequeno para a amiga. A loira fechou a porta e ambos se sentiram no sofá branco da sala, lado a lado. Casey estava estranhando a visita, realmente não era normal ele aparecer em sua casa do nada, não era de costume dele.

"Elliot e Olivia me pediram para falar com você,
disseram que você está estranha."

Casey mordeu o lábio inferior, ela nem estava prevendo que estava diferente, ela estava normal, só estava dormindo pouco e não comendo direito. Huang continuou falando e ela apenas ficou ouvindo, era o profissional falando,  não seu amigo.

"Passei o último final de semana de março na casa do meu pai, estávamos bem, eu acho. Então.... então ele disse que a filha de um amigo dele casou com uma mulher..."

Sua voz estava firme, lembrando de como foi ouvir seu pai falando aquilo, de como sua voz estava cheia de nojo e repulsa, aquilo arrepiou sua espinha. Casey sabia quem era, sabia o que sentia, mas ela nunca aceitou isso. Quando era adolescente escondia isso bem, se fechou nos estudos e no seu esporte favorito, o Softbol. Mas quanto mais ia crescendo, foi difícil esconder de si mesma e de outras pessoas, ela até mesmo começou um namoro na faculdade só para agradar seu pai, mas foi um completo fracasso, não teve um bom final e ela lutou muito para conseguir sair daquilo. Casey contou tudo que estava sentindo para o médico, ela precisava soltar isso de dentro de si ou então iria explodir e não estava muito confortável com isso.

"Você precisa conversar com seu pai sobre quem você realmente é, casey. Pode ser difícil e ele pode até não entender, mas você precisa se livrar dessa preocupação imensa em chatear ele. Você precisa ser feliz e não ficar presa dentro dessa jaula que se trancou."

"Eu sei, eu sei disso, mas é tao difícil e sei que ele não vai entender, papai ainda é muito fechado para essas coisas."

Ela conhecia seu pai, um católico fervoroso que não lidava muito bem com coisas "anormais" do mundo. Ela amava o pai, mas tinha medo dele, medo da refeição, medo de suas palavras. Ela tinha medo de dar desgosto ao seu herói de infância e ao homem que lhe criou. Casey passou as mãos no rosto, respirando fundo e ainda escutando o amigo falando. Nessa conversa, ela também revelou que tinha sentimentos por Olivia, que não conseguia tirar a mulher de seu coração e Huang deu uma risadinha, ele já sabia sobre essa "queda" mas preferiu não comentar, queria que Casey viesse falar com ele.

"Odeio quando você faz isso, sabia?"

"Desculpa Casey, mas é que estava muito óbvio. Olivia sempre te deixava sem graça."

O homem riu e levou um tapinha no ombro como repreensão. Casey estava indignada, afinal ela pensou que estivesse sendo muito discreta com seus sentimentos, pelo menos Olivia nunca percebeu e ela agradece imensamente por isso, pois não estava muito a vontade de receber uma rejeição ainda, ela precisava arrumar a cabeça e seus sentimentos primeiro antes deles serem uma bagunça novamente.

"Não seja bobo, eu tentava ser discreta, ok?"

Huang balançou a cabeça concordando com a amiga, mas sem tirar o sorriso do rosto. Eles se deram bem desde que Casey chegou no esquadrão, na época sendo só uma menina com cabelos curtos e ruivos, era fofo. Hoje ela já é um pouco mais velha e continua sendo uma fofa com esse sorriso e seus assuntos aleatórios fora do trabalho. Eles não saiam muito, a maioria das vezes estavam todos do esquadrão e esses encontros sempre acabavam em risadas e eles tirando na sorte para quem iria pagar a conta, Finn odiava quando a moeda caia na direção dele.

"Bem, preciso ir. Mas irei verificar com uma colega se ela pode te atender semana que vem, é bom começar a terapia logo, Casey."

"Irei fazer isso, obrigado."

As duas pessoas presentes na sala se puseram de pé e foram até a porta. Quando Huang saiu, Casey respirou fundo e foi até o sofá, pensando em marcar um almoço com seu pai e abrir o jogo, realmente não tinha mais para onde correr, mas ela só faria isso depois de umas sessões de terapia. Casey fechou os olhos e caiu no sono abraçada com seu cobertor rosa com alguns corações. Sua mente foi na direção da calmaria, dando-lhe finalmente um momento de descanso sem se sentir culpada por esconder e tentar matar algo dentro de si, algo que parece bonito, mas também anormal e impuro. Ela sentia medo de ser diferente, medo de amar quem não devia, medo de ser machucada apenas por ser ela mesma. Mas seu coração tinha esperança, e ela se agarrava nessa esperança.

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