XVII

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1 Semana depois, Obito POV

Ontem eu chamei o Dei pra passar uns dias aqui.
Já comentei que o pai dele não liga muito pra onde ele vai? Ele só avisa e pede pra ir por hábito.
Na real, a família dele nunca ligou muito pra ele.
Então meus pais meio que "adotaram" o Dei, ele é como um filho caçula pro meu pai.
E caso não tenham percebido, nós dois faltamos muito na escola esses dias, por isso estamos nos arrumando pra ir hoje juntinhos.

D: Não sei se eu me arrumo tanto...

— Você gosta de se arrumar?

D: Eu gosto

— Então...

D: Então eu vou me arrumar — Acendeu um Marlboro Red e abriu sua necessaire com alguns produtos de maquiagem.

— Vai demorar ai? Os caras já tão quase saindo pra passar aqui

D: Aquieta esse teu cu, Obito... — riu — Eu vou rapidinho.

— Quer mesmo ir hoje?

D: Quero — Disse meio enrolado, já que estava contornando a boca com lápis.

— É que eu acho que todo mundo da escola viu seu vídeo..

D: Ainda bem que eu sou lindo né.

— Se você não quiser a gente não vai, ok?

D: Caralho, Obito! Para de me tratar igual criança, eu to bem com isso, mas todos vocês tão me irritando com essas ideias de ficar toda hora em cima de mim pra ver se eu to bem — Bateu o seu espelhinho na pia.

— Eu só me preocupo com você, tá?

D: Então dá uma segurada ai, cacete. — Tentou voltar a se maquiar mas não conseguiu e bufou — Agora eu to estressado. Tem coca ai?

— Não vai fazer isso antes da escola, né?

D: Vou. Tem ou não?

— Tem.. — Abri minha gaveta e entreguei o saquinho para ele

D: Santa cocaína do sétimo dia. — Juntou as mãos agradecendo aos céus e jogou um pouco do pó na parte seca da pia, ajeitou 3 carreiras e cheirou

— Você nunca perguntou se eu to bem em relação às drogas.

D: Justamente porque você não usa.

— E aquela heroína?

D: Se você usasse mesmo estaria com o braço todo marcado, além de estar super abaixo do peso, algo que você definitivamente não é com esse corpão musculoso.

— Mas você não disse nada sobre..

D: Eu sei que você tem sentimentos confusos por mim — Arrumou mais carreiras

— Isso não te machuca?

D: Nada me machuca, Obito. — Cheirou e tragou seu cigarro — Eu sou de gelo.

— Sei. — Nessa semana, eu e ele tivemos algumas (muitas) brigas. Algo me diz que estamos nos distanciando mais e mais, mesmo dormindo na mesma cama, comendo na mesma mesa... estamos distantes, como se fossemos ainda só amigos sem saber dos sentimentos um pelo outro.

D: Eles já tão chegando? — Arrumou mais e mais carreiras.

— Já.

D: Beleza. — Cheirou todas as carreiras, deixando o saquinho vazio apenas com resquícios de pó quase imperceptíveis.

— Não acha que é demais? — fui ignorado. Ele saiu do banheiro, pegou sua mochila, colocou seu fone e ficou mexendo no celular. — Eles chegaram.

Ele limpou um pouco o nariz e descia as escadas com os olhos vidrados no aparelho a ponto de eu precisar o guiar para o mesmo não esbarrar nos móveis.


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