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Garlan sorriu para mim enquanto eu mergulhava no desespero. Instintivamente, levei as mãos à barriga, onde meu filho crescia a cada dia.

— Eu sei de tudo, Aemond — declarou ele com uma calma desconcertante, como se o fato de eu carregar um bastardo no ventre não tivesse a menor importância. — Você não precisa esconder isso de mim.

Mordi os lábios com força, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Garlan se aproximou e colocou a mão sobre meu estômago, e eu não recuei.

— Como? — minha voz saiu arrastada, derrotada. Como ele sabia?

— Eu reconheço seu aroma. Foi fácil perceber a mudança assim que você engravidou.

Esse lunático... Por um lado, era perturbador saber que ele havia decorado meu cheiro, mas, de certa forma, havia algo comovente nisso. Garlan permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de segurar minha mão com ternura, forçando-me a encará-lo.

— Permita-me dar um nome ao seu filho. Prometo que ele será tratado como se fosse meu — falou com olhos sonhadores, apertando minha mão com mais firmeza. — Juro que cuidarei de vocês dois.

Jacaerys me abandonou para se casar com Baela; ele sequer respondeu à minha carta. Mas Garlan estava aqui, implorando para assumir meu filho, sem se importar com o sangue que corria nas veias dela.

— Por quê?

Eu já sabia a resposta. Conhecia os sentimentos que o Lorde da Campina nutria por mim há muito tempo. O alfa beijou meus dedos com adoração, aproximando-me mais de sua figura.

— Eu te adoro, Aemond. Farei de tudo para tê-lo ao meu lado, feliz e saudável. Eu te amo.

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Engravidar de Jacaerys foi um erro. Quando o filho de Rhaenyra prometeu romper o noivado com Lady Baela para ficar comigo, eu acreditei. Ele me disse que me amava e que se casaria comigo.

Quando soube que estava grávido, fiquei feliz e enviei uma carta para Dragonstone. Tinha certeza de que ele voltaria para mim, para nós. Mas ele não voltou.

Ele sequer respondeu. Duas semanas depois, casou-se com a filha de Daemon em uma cerimônia valiriana, deixando-me sozinho, arruinado.

Nos deixou... Como ele pôde abandonar seu próprio filho? Talvez eu estivesse errado sobre ele.

Muito errado.

Suspirei enquanto olhava pela janela do septo, esperando para entrar em meu casamento apressado com Garlan. Muitos rumores surgiram, mas minha mãe conseguiu esconder a verdadeira razão, afirmando que ele finalmente havia me conquistado.

Como sua insistência em cortejar-me era conhecida por todos, não foi difícil acreditarem. Minha barriga ainda não estava grande; com apenas duas luas de gestação, não era evidente. Graças aos Deuses, não sei como minha mãe reagiria se me visse caminhar até o altar com a barriga inchada.

Otto entrou no quarto, vestindo-se luxuosamente em um manto verde-esmeralda, e marchou até mim. Quando soube da minha situação, tentou de todas as formas me forçar a abortar a criança, mas minha mãe não permitiu. Talvez estivesse com medo dos deuses, ou algo assim...

Fiquei grato por não ter que matar meu bebê, mas às vezes penso que seria um destino melhor do que nascer bastardo. Pelo menos Garlan está aqui agora, não está?

Meu filho será um Tyrell, certo?

E se Garlan não cuidar dele, como prometeu? Ele realmente o nomeará herdeiro, mesmo não sendo seu filho?

— Aemond — virei-me para meu avô, que se sentou ao meu lado. — Os Tyrell são uma casa muito rica, além do fato de que os Hightower são seus juramentados. Essa união fortalecerá nossas casas.

Ele olhou ao redor, procurando por algo, e então sussurrou:

— Você precisa controlar Jardim de Cima, trazer essa força para nós. Para seu filho.

Meu avô sabia que Garlan tinha ciência da minha condição. Ficou bastante surpreso, mas contente, quando ele pediu minha mão.

Revirei os olhos, cansado das ambições dele. A cada minuto que passava, sentia minha liberdade e controle desaparecerem. Em poucos minutos, eu seria apenas uma égua reprodutora, como todos os outros ômegas. Uma égua defeituosa, com um filho bastardo no ventre.

O que ele faria com meu filho? Pensei nisso durante toda a cerimônia, o banquete e a constrangedora tradição da cama, quando um dos meus primos Hightower me puxou para longe dos outros alfas.

Garlan me observava do outro lado do quarto, com calma e carinho. Ele não me mandou tirar as roupas nem pediu que me deitasse, como minha mãe dissera que seria.

Será que ele me atacaria de surpresa, esperando que eu baixasse a guarda, para então me levar à força, machucando a mim e ao meu bebê?

— Você é lindo — Garlan disse com adoração. Repetiu isso durante todo o dia, e eu me senti envergonhado todas as vezes.

Respirei fundo, tentando acalmar a mim e ao meu filho.

— Vou me deitar. Você sabe o que deve fazer, não sabe? — com mãos trêmulas, tentei desfazer os laços do meu gibão, para que ele consumasse o casamento. — Apenas... tente não ser rude — falei com a voz arrastada, cheia de medo de que Garlan machucasse meu bebê.

Meu novo marido me olhou com confusão, até que, ao perceber do que eu falava, o cheiro de sua raiva se espalhou pela sala.

— Por que pensa isso? Eu não farei nada com você, Aemond — meus olhos se arregalaram, surpresos e chocados. — Vamos apenas dormir.

Ele se esforçou para não gritar. Garlan ficou em silêncio enquanto pegava um travesseiro da cama e se dirigia ao sofá. Aemond deveria insistir para que ele dormisse na cama, pois sabia que o Tyrell acordaria com dores nas costas, mas não se importou. Deitou-se em silêncio, abraçando sua barriga.

Agora, ele era o Senhor Consorte de Jardim de Cima, um marido, Tyrell por casamento... e, acima de tudo, um pai.

𝐆𝐫𝐨𝐰𝐢𝐧𝐠 𝐒𝐭𝐫𝐨𝐧𝐠Onde histórias criam vida. Descubra agora