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Highgarden era verdadeiramente uma visão deslumbrante, Aemond concluiu após um mês vivendo na sede da Casa Tyrell. O castelo, cercado por bosques e fontes, ostentava pátios protegidos do sol e imponentes colunas de mármore. O ambiente era enriquecido pela presença de cantores, flautistas, violonistas e harpistas. Os estábulos abrigavam uma fina seleção de cavalos, e barcos navegavam serenamente pelo Vago. Ao redor, vastos campos de rosas douradas se estendiam até onde a vista alcançava, e as plantações próximas produziam frutas suculentas, como melões e pêssegos.

Uma semana após seu casamento, ele partiu acompanhado pela comitiva da Campina e pela imponente Vhagar. Sua velha companheira se mostrou irritada com a mudança repentina, mas, ao ser bem alimentada e tendo diversas opções de caça nas proximidades do Vago, acabou se adaptando. Tudo ali era muito distinto da corte de Porto Real. Enquanto a capital era marcada por um ambiente tóxico, a corte de Jardim de Cima era alegre, animada e vibrante.

Todos os dias, centenas de cantores eram convocados, e senhores gordos e festivos organizavam bailes constantemente, com convites sendo prontamente entregues. O único problema eram as constantes invasões dos homens de ferro e seus saques violentos, um problema que Aemond esperava resolver no futuro, com o auxílio de Vhagar.

— Querido — o ômega foi retirado de seus pensamentos pela voz de seu marido, que o chamava. Garlan se aproximou com um sorriso gentil enquanto adentrava os aposentos. — Está tudo bem?

Desde sua chegada a Highgarden, Aemond e seu marido passaram a maior parte do tempo juntos, algo que ocorria por insistência de Garlan. O alfa o levava para passeios pelos belos jardins, o mimava com presentes caros e honrarias, além de demonstrar constante encanto com cada progresso de sua gestação. A cada dia que passava, o apetite de Aemond tornava-se mais peculiar e suas vestes começavam a apertar. Em uma ocasião, ele chegou a vomitar o jantar, provocando risos e olhares de cumplicidade entre as criadas.

— Marido, você não deveria estar ouvindo petições? — indagou Aemond, enquanto se levantava e caminhava em direção ao alfa, que tomou sua mão com carinho.

— Deixei os assistentes cuidarem do restante. Prefiro passar meu tempo com você a ouvir as reclamações de Unwin Peake — Garlan inclinou-se para beijar sua bochecha e apertou sua cintura. Aemond se perguntou quando haviam se tornado um casal tão afetuoso.

Nas primeiras semanas, Garlan continuou a frequentar os aposentos de Aemond durante a noite, mas sem tomar quaisquer liberdades. Era importante que as pessoas acreditassem que ele cumpria seus deveres conjugais regularmente. Aos poucos, o príncipe começou a apreciar a companhia de Garlan, visitando-o com mais frequência durante as petições ou em seu escritório, justificando para si mesmo que assim poderia retribuir as gentilezas e atenções que recebia.

Com o tempo, Aemond permitiu que Garlan o beijasse com ternura e o acariciasse. Quando retribuiu os gestos, percebeu o quanto aquilo alegrava o alfa, que parecia quase eufórico. A gravidez estava tornando Aemond sentimental.

— Os servos já suspeitam da minha gravidez. Talvez seja melhor consultar o meistre e fingir surpresa — comentou Aemond, chamando a atenção de Garlan para sua barriga.

— Quanto antes, melhor. Em breve, nosso filho estará conosco.

— Meu filho — corrigiu Aemond de imediato, mas logo se arrependeu. O sorriso de Garlan desfez-se, e o cheiro de tristeza emanou dele. — Não espero que aceite um bastardo como seu, se não quiser. Minha mãe sugeriu que ele poderia ser criado em Oldtown como um Hightower, especialmente se tiver a aparência dele.

A ideia de se separar de seu filho era dolorosa, mas Aemond sabia que, se Garlan não quisesse aceitar a criança como herdeira, ele não teria escolha. Alicent havia sugerido que, se a criança se parecesse com Jacaerys, poderia ser criada como um Hightower em Torralta, sendo apresentada como gêmea do filho de seu tio, Gwayne, que também estava grávido. Embora inicialmente relutante, Aemond sabia que seria pior para a criança viver como um filho bastardo.

𝐆𝐫𝐨𝐰𝐢𝐧𝐠 𝐒𝐭𝐫𝐨𝐧𝐠Onde histórias criam vida. Descubra agora