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Rhaenyra havia cometido um erro, ou melhor, vários.

Ela se lembrava claramente do dia em que um corvo desconhecido chegou de Porto Real, trazendo uma mensagem de caligrafia impecável, endereçada a seu primogênito.

"Jace,

Espero que sua volta esteja próxima e que tenha tido sucesso na conversa com sua mãe sobre Lady Baela. Meu coração se enche de alegria ao pensar que, em poucas luas, terei você ao meu lado como marido e companheiro. Embora tenha me pedido cautela com as cartas, não consigo pensar em outra coisa desde a descoberta de hoje.

Embora fosse mais adequado que eu lhe contasse isso pessoalmente, em uma noite bela e emocionante, a distância e as circunstâncias me impedem. O meistre me fez uma revelação ao mesmo tempo desesperadora e maravilhosa. Os deuses nos abençoaram com uma criança; em meu ventre, carrego nosso filho, seu herdeiro, e, se tudo correr bem, uma futura esperança. Por favor, volte logo. Monte em Vermax e retorne para mim, para nós. Eu te amo, nós te amamos, e estou confiante de que tudo dará certo.

Sempre seu,
Aemond"

Aemond Targaryen estava grávido de Jacaerys, e apaixonado por ele. E seu filho sentia o mesmo.

Rhaenyra queimou o papel após ler a mensagem.

Ela não poderia permitir que aquela mentira se tornasse realidade. Essas palavras não podiam chegar até seu filho, pois ele fora enganado. Sim, ele havia sido enfeitiçado. Apenas quando se unisse a Baela essa bruxaria chegaria ao fim.

Ela precisava dos Velaryon. Precisava que Luke herdasse Driftmark. Rhaenys não a apoiaria caso Baela não fosse coroada rainha. Não, ela não poderia permitir.

Era pelo bem de seus filhos.

Rhaenyra pensava nisso enquanto Jace gritava e se opunha ao casamento antecipado com Baela, no pátio de Pedra do Dragão. Ela quase cedeu às lágrimas dele, mas seu marido interveio, colocando as coisas em ordem. Daemon discutiu, e debochou quando Jacaerys confessou seus sentimentos por seu meio-irmão.

Eu o amo! Aemond é meu, e eu sou dele! — exclamou Jace.

A sinceridade em suas palavras quase quebrou Rhaenyra. A dor da traição estava evidente nos olhos dele.

— Logo o mestiço Hightower vai te esquecer e abrir as pernas para outro Alfa com o mínimo de poder — gritou Daemon, e foi respondido com socos e gritos. Rhaenyra sentiu um gosto amargo ao ouvir aquelas palavras. Sua mãe era filha de um Arryn e uma Targaryen, e seus três filhos mais velhos tinham sangue de Harwin Strong. Daemon estava criticando-a, criticando seus filhos, e até Rhaenys, que era filha de uma Baratheon e avó de Baela e Rhaena.

Nada que Jacaerys dissesse seria suficiente para ela contar sobre a gravidez de Aemond.

É seu neto, uma voz traidora sussurrou enquanto ela assistia a uma Baela orgulhosa e um Jace triste se tornarem marido e mulher.

Não, um bastardo nascido do ventre de um Hightower. Não é meu sangue

Três meses depois, Aemond se casou com Garlan Tyrell. Eles tiveram que dopar Jacaerys com leite de papoula para impedir que ele subisse em Vermax e roubasse o noivo do senhor da Campina.

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No fim, o bastardo de Aemond revelou-se uma menina. Alicent, assim a chamaram. E isso fez o coração de Rhaenyra arder. A menina poderia ter se chamado Rhaenyra, caso ela tivesse permitido que Jace se casasse com seu amado.

Agora, ela era avó. Uma menina linda e saudável, disseram. Ela se lembrava de quando recebeu a notícia da gravidez de Aemond, agora senhor de Jardim de Cima. Todos estavam à mesa no salão principal, quando Jace se levantou, irritado, sendo seguido por um Joffrey confuso e preocupado. Baela bufou, irritada e invejosa da recente glória do primo. Daemon não se importou; ele não sabia que a criança era de Jace, e Rhaenyra não teve coragem de contar.

𝐆𝐫𝐨𝐰𝐢𝐧𝐠 𝐒𝐭𝐫𝐨𝐧𝐠Onde histórias criam vida. Descubra agora