Capitulo 1 - Começo

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POINT OF VIEW LYRA

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POINT OF VIEW LYRA

Se hoje fosse o último dia da sua vida, você diria a verdade para quem ama ou levaria seus segredos para o túmulo? Será que você teria coragem de encarar seus arrependimentos de frente, ou deixaria que o tempo varresse tudo para debaixo do tapete? A vida, afinal, é um jogo de escolhas—mas o que faria se soubesse que não há mais tempo para errar? E se a última palavra que disser hoje for a que definirá tudo? Estaria satisfeito com a história que contou, ou desejaria uma última chance de reescrevê-la?

Eu me pergunto isso todos os dias: se hoje fosse o meu último dia, eu teria a coragem de encarar a verdade? Sinto um nó no estômago só de pensar. A verdade é fria, implacável, e eu não sei se sou forte o bastante para sustentá-la diante de quem amo. Talvez eu me escondesse atrás de um sorriso, fingindo que tudo está bem, mesmo quando tudo dentro de mim desmorona. Talvez eu simplesmente deixasse o dia passar, carregando comigo o medo de que, quando a escuridão cair, eu tenha falhado em ser verdadeira—com eles, e comigo mesma.

Meu nome é Lyra. Meus pais, astrônomos apaixonados pelo céu, escolheram esse nome por causa da constelação. Eles diziam que, assim como Lyra brilha no céu noturno, eu também deveria brilhar na vida. Mas me pergunto se sou forte o bastante para honrar esse significado. Às vezes, sinto que sou apenas uma sombra, lutando para encontrar minha própria luz, enquanto carrego o peso das expectativas deles e das minhas próprias incertezas.

Faz oito meses que meus pais se foram, e desde então, o mundo parece um lugar mais frio, vazio de propósito. A dor da perda foi como um golpe que nunca parei de sentir. Mas o que realmente me devastou foi a solidão que veio depois. Sem parentes vivos, fui parar em um lar adotivo, um lugar onde ninguém me conhecia de verdade, onde eu era apenas mais um rosto entre muitos.

Cada dia ali foi uma luta para me manter de pé, tentando esconder a dor de quem não poderia entender. O tempo parecia se arrastar, como se o universo tivesse decidido que eu deveria sentir cada segundo da minha tristeza. Quando finalmente tive idade suficiente para sair, não senti liberdade, apenas um vazio ainda maior. Não havia mais casa para onde voltar, nem estrelas para guiar o caminho. Eu estava sozinha, com as lembranças dos meus pais e o peso do meu nome para carregar.

Depois que meus pais morreram, descobri que eles haviam deixado uma grande herança. O dinheiro nunca foi importante para mim, mas admito que ter essa segurança financeira facilitou a minha decisão de partir. Londres, com toda a sua grandiosidade e ritmo frenético, já não fazia sentido para mim. Eu precisava de algo que me ligasse a eles, algo que fosse além das estrelas e das lembranças. Foi então que decidi voltar à cidade natal dos meus pais, um lugar do qual eles raramente falavam: Forks, uma pequena cidade escondida no ponto mais afastado dos Estados Unidos.

Forks é quase um sussurro na vasta paisagem americana, com pouco mais de 3.500 habitantes. As temperaturas por lá são baixas durante quase todo o ano, raramente passando dos 15°C mesmo nos meses mais "quentes". A cidade é envolta em florestas densas e eternamente coberta por nuvens, com chuva constante que parece lavar a alma.

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