Pós Jantar

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Faye

O dia tinha sido bem cansativo e cheio, só queria tomar um banho e me fundir com a minha cama, estava prestes a sair do banho quando ouvir a campainha, fechei o registro do chuveiro e antes que pegasse o meu roupão o toque da campainha ecoou novamente, seja lá quem for estava impaciente, fechei o roupão o mais rápido e fui atender.

Quando abri a porta e minha adorável vizinha estava parada bem na minha frente, ela estava linda, apesar de simples tudo nela ficava perfeitamente belo. Seu rosto tomou uma coloração avermelhada, acredito que tenha sido por me ver somente de roupão, com os olhos ainda baixos e a voz um pouco trêmula ela estendeu as mãos e disse que havia comprado algo para o Sunny.

Fiquei surpresa com tal atitude, não queria aceitar, afinal os nossos encontros sempre foram conturbados, e literalmente era evidente que não nos dávamos bem. Mas as palavras anteriores da menor, me fizeram pegar e agradecer a mesma pela gentileza, não demorou muito para que a pequena bolinha de pêlos estivesses nos pés dela, acho interessante a forma que eles eram conectados, ele se sentia feliz ao vê-la assim como ela parecia sempre estar confortável com ele.

Ela me entregou Sunny e antes que eu pudesse entrar no apartamento ouvir a voz rápida e sem jeito me convidando para jantar com ela, aquilo me pegou de surpresa, virei-me perguntando para ter certeza do que ouvir, então a mesma tentou mudar o assunto, achando que tinha sido um erro o que havia dito, a cortei e antes que ela fosse embora, pedi pra ela me dar alguns instantes pois não poderia ir de roupão a sua casa, não que fosse uma má ideia.

Entrei no apartamento e a mesma voltou ao seu, afirmando que aguardaria a minha ida, deixei Sunny no sofá, deixei seus presentes do balcão da cozinha e corri para o quarto, abrir o closet e passei um olhar rápido, peguei uma roupa fácil e confortável, passei um perfume juntamente com um creme fresco e atravessei o pequeno corredor.

Um único toque na campainha foi o suficiente para que a porta à minha frente se abrisse, o cheiro que vinha de dentro era magnífico, ela estava parada me olhando, mas num estalo ela quebrou o silêncio pigarreando as seguintes palavras: Vamos começar de novo?

Nesse momento ela esticou sua mãe em minha direção e disse o seu nome, ele era tão bonito quanto a dona, achei engraçado e então fiz o mesmo informando que estava sendo um prazer, então ela deu passagem para que eu pudesse adentrar seu apartamento, passei pedindo licença, meus olhos sambaram por todo apartamento, era bem diferente do que imaginei, literalmente.

Parei ao lado do sofá e falei que o lugar era bonito e diferente do que pensava, ela então questionou, e eu falei por fim o que achava, ela me respondeu como sempre , ríspida mas com um sorriso, então sorri de canto e logo ela mudou o assunto chamando para jantar e já explicando que o que cozinhou não era comida tailandesa, mais que pediria algo pra mim caso que não quisesse, aquilo me pegou, foi tão fofo essa atitude.

Neguei, pois sempre fui aberta a novas experiências e não iria fazer desfeita, aliás o cheiro estava divino, fomos até a cozinha, o balcão estava bem arrumado, todo montado, ela começou a explicar tudo que estava servido ali, o que era, como era feito e como se comia, perguntou se tomaria vinho ou seria a coca, dei de ombros e disse que comeria o que ela escolhesse.

A mais nova então começou a me servir, colocou um pouco de arroz, um pouco da maionese e por fim um enorme pedaço daquela massa chamada lasanha, no copo estava a coca com alguns cubos de gelos e algumas rodelas de limão, a combinação estava realmente interessante, o silêncio estava tomando conta da cozinha, não era um silêncio desconfortável.

Os olhos de Yoko não saiam de mim, eu estava achando engraçado, ela estava fixamente olhando cada movimento que eu fazia, na espera de uma aprovação, sorri de canto, levei mais um pouco da comida a boca e depois de uns segundos a elogiei, disse que além de diferente estava muito gostoso, e que ela cozinhava muito bem, o sorriso que nasceu em seus lábios foi indescritível.

A mesma não deixou que eu lavasse a louça, me arrastando para o sofá, conversamos sobre alguns assuntos nada aprofundados, básicos por enquanto, a companhia de Yoko era boa, leve e confortável, a muito tempo não me sentia assim, antes de comermos Yoko descobriu que eu falava português e entendi tudo que ela havia falado sobre mim com sua amiga e com Sunny, a cara de surpresa e vergonha foi única, mas tentei o máximo a deixá-la confortável com isso, a desculpa foi estar enferrujada já que eu não falo diariamente.

Ela tem um ótimo gosto para músicas, até pensei em pedir sua playlist, mas não quis passar os limites, a menor era muito meiga e se deixava levar pelo som da melodia enquanto lavava a louça, eu fazia companhia sentada próximo ao balcão tomando uma taça de vinho, até que sua voz doce e baixa começou a fundir com a música ao fundo, ela cantarolava empolgada, isso fazia meu coração dar batidas erradas.

Ela se virou e me pegou no flagra sorrindo abobalhada, pediu desculpas e eu apenas disse que ela cantava bem, eu nem havia reparado no tempo que estava ali, então disse que estava tarde e que seria melhor ir, mesmo não querendo, ela concordou com a cabeça e me guiou até a porta, queria ao menos dar um abraço ou um beijo em seu rosto, como agradecimento, mas fiquei receosa, não queria ultrapassar qualquer limite e tinha medo de ser desajeitada, então apenas agradeci formalmente pelo convite e desejei boa noite.

Atravessei o corredor e fechei a porta atrás de mim, soltei todo o ar que havia preso dentro do meu peito, a noite tinha sido incrível, Yoko era diferente do que imaginei, sua simplicidade, sua beleza e sua gentileza era encantadora e diferente da impressão que tinha, eu não podia me apegar a isso, ela era mais nova e tudo isso era inapropriado, mas ter sua companhia tinha me feito se sentir em casa a como muito tempo eu não sentia.

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