Prólogo: O nascer da Alma

75 8 4
                                    


A tenda de barro e palha tremia sob a força da tempestade. Relâmpagos rasgavam o céu noturno, iluminando brevemente o interior sombrio onde Nayara, a curandeira da vila, lutava para trazer sua filha ao mundo. As paredes rústicas, decoradas com símbolos tribais, pareciam quase insuficientes para conter a energia bruta da noite.

Gritos de dor e esforço enchiam o espaço pequeno, abafados apenas pelo som ensurdecedor da chuva batendo contra o telhado. As mulheres ao redor de Nayara murmuravam orações antigas, tentando invocar a proteção dos anjos ancestrais. O ar estava pesado com a expectativa e o medo.

Finalmente, o choro de um bebê recém-nascido rompeu o tumulto. Nayara, exausta, segurou sua filha nos braços. Mas o alívio que inundava seu coração foi rapidamente substituído por um terror profundo ao ver a marca nas costas da menina. Uma intricada tatuagem tribal, negra como a noite, se espalhava pela pele da recém-nascida, pulsando com uma energia misteriosa.

— A marca da maldição — sussurrou uma das mulheres, recuando em choque.

Nayara, com lágrimas nos olhos, olhou para sua filha e então para as mulheres ao seu redor. Com um movimento decidido, puxou um cobertor grosso e envolveu o bebê, escondendo a marca da vista curiosa. Seu coração batia descompassado, não apenas pelo esforço do parto, mas pelo medo do que essa marca significava.

Lá fora, a tempestade rugia, como se a própria natureza chorasse a chegada de Anahi. O vento uivava através das árvores, e a chuva caía implacavelmente, formando poças escuras ao redor da tenda. Nayara sabia que essa noite seria apenas o começo de uma vida ou o final de sua própria. 

MarcadaOnde histórias criam vida. Descubra agora