Capítulo 13: A maldição persegue o coração corrompido

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— Eu já te tirei da missão — a voz firme de Seraphiel cortou o silêncio na sala da diretora.

As palavras de Seraphiel ressoaram como um trovão, ecoando nas paredes severas da sala. Cada sílaba carregava um peso que parecia afundar ainda mais no chão. Azrael, visivelmente agitado, deu um passo à frente. A frustração estava clara em seus olhos, e suas mãos cerradas indicavam o quanto ele lutava para manter a calma.

— Eu não posso levá-la comigo como se fosse um animal de estimação — disse Azrael, sua voz carregada de tensão.

— Exatamente isso que os nephilins são — respondeu Seraphiel, cruzando os braços e olhando diretamente para Azrael. — Faça seu trabalho, porque temos nossa melhor arma aqui.

Eu me mantive em silêncio, observando a discussão. Estávamos ali há horas, e durante todo esse tempo, eles haviam me ignorado completamente. A sensação de ser invisível era desconcertante, mas não ousava interromper. Minhas mãos estavam frias e suadas, e meu coração batia rápido, uma mistura de medo e incerteza me dominando.

A sala da diretora era um espaço austero, com paredes adornadas com símbolos angelicais e móveis de madeira escura que conferiam um ar de seriedade ao ambiente. Havia uma grande janela atrás da mesa da diretora, permitindo a entrada de luz natural que iluminava os detalhes intrincados das tapeçarias nas paredes. O ar estava carregado de tensão, quase palpável, e o ambiente parecia sufocante. Cada detalhe da sala parecia ampliado, desde os grãos da madeira polida até os raios de luz que se espalhavam pelo chão.

Seraphiel, com suas asas resplandecentes e postura autoritária, dominava a sala. Sua presença era imponente, e a determinação em seus olhos mostrava que não estava disposta a ceder. Azrael, por outro lado, estava tenso, seus músculos rígidos e a expressão dura. A aura de autoridade e poder que sempre o rodeava parecia ainda mais intensa. Eu podia ver os tendões de seus braços sob a pele, tensos como cordas prestes a arrebentar.

— Anahi é um risco — insistiu Azrael, tentando controlar a frustração em sua voz. Minha respiração ficou presa na garganta. O que havia dentro de mim que causava tanta preocupação? O que significava ser vista como um risco? Azrael continuou, sua voz ganhando urgência e me tirando dos questionamentos internos — — Eu vou selá-la. Isso é o mais seguro para todos.

Seraphiel ignorou a sugestão de Azrael, mas um vislumbre de ódio passou por seus olhos. — Ela é sua nephilim, faça o que bem entender — disse com frieza.

O peso daquelas palavras caiu sobre mim como uma pedra. Ser vista como uma arma, uma ferramenta de poder, era perturbador. Ser vista como a melhor arma claramente não tinha definições a qual eu conseguia usar no momento. E eu tinha tantas perguntas, tanto a se dizer e, ao mesmo tempo, a força em poder de ambos anjos me fazia sentir-me sufocada, deixando as palavras desaparecerem presas em minha garganta. Sentia-me dividida entre a raiva e a tristeza, querendo gritar que eu era mais do que um simples instrumento.

— Ela irá com você daqui em diante — voltou a dizer, cortando o silêncio.

Azrael fechou os olhos por um momento, respirando fundo antes de falar novamente. — Muito bem. Mas saibam que estou fazendo isso contra a minha vontade.

Seraphiel assentiu, a expressão suavizando-se ligeiramente. — É o melhor para todos nós, especialmente para Anahi.

A menção de meu nome trouxe-me de volta ao presente, e olhei para Azrael, buscando algum sinal de compreensão ou apoio. Ele virou-se para mim, seus olhos suavizando-se um pouco. Era como se ele tentasse me transmitir alguma segurança, mesmo que relutante.

— Anahi, nós sairemos agora. Você não é mais bem vinda neste lugar — meu olhar estremeceu, talvez tristeza. Logo agora que eu estava me adaptando.

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