10.⠀yoon, yoon, yoon..

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DANIEL pov

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O mundo pode ser cruel às vezes.

Pode ser cruel sempre, pra muitas pessoas. E essa é a única coisa que eu sei.

Essa crueldade está largada e esquecida pelas ruas, implorando por coisas que deveriam ser básicas pra todo e qualquer ser humano.

Está nas lágrimas de todos que algum dia se ajoelharam no chão e imploraram pra Deus mudar quem elas são, pelo simples fato do mundo tê-las dito que elas são a verdadeira aberração.

Ela está nos gritos de dor de um filho desesperado, que além de ter seu corpo, também tem sua alma machucada pelo próprio pai.

Resumindo, o mundo é cruel. E dia após dia eu me pergunto: O que faz as pessoas levantarem da cama todo santo dia? O que as faz quererem continuar e que tipo de força é essa que as faz ir sempre pra frente, nunca parando, nunca olhando pra trás?

E que tipo de pensamento fez com que Doyoon sobrevivesse até o dia de hoje mesmo depois de tudo que ele passou?

Eu achei que nada pudesse ser mais doloroso do que ver aquelas marcas no corpo do meu garoto, mas eu estava enganado, por que saber agora a história por trás de todas ela me faz querer vomitar e chorar tudo que um dia Yoon não pôde.

Chorar por ele, gritar por ele, por que me dói saber que enquanto eu vivia minha vida em outro lugar longe daqui, a melhor pessoa que existe estava sendo machucada, de novo e de novo, pelo próprio pai.

E ele estava sozinho. Por mais que tivesse o irmão, a Rafaela, a Sofi.. ele nunca se permitiu se abrir com nenhum deles. Nunca deixou que o vissem assim, tão frágil e exposto.

Por que ele nunca soube o que era se mostrar pra alguém sem ser machucado.

E por mais que eu me sinta extremamente mal por ele, me alivia o fato de que agora ele tem a mim, alguém com quem ele pode contar sem sentir nenhum tipo de medo, que pode confiar e que vai cuidar dele como ele merece.

— E é isso.. essa é a minha história dramática. — Ele ironiza, gesticulando com as mãos sem saber o que fazer. — Não tem nenhuma reviravolta, nem um final feliz. É só.. a vida.

Enrolo uma mecha do seu cabelo em meu dedo indicador, pensando no que dizer.

Estamos na minha cama, ele com a cabeça apoiada em minha barriga, deitado na vertical, enquanto eu, deitado na horizontal, mecho em seu cabelo sedoso.

Eu chuto que são umas três da manhã. Depois dele tomar seu banho, nós finalizamos os biscoitos com uma decoração fofa e só os comemos depois da pizza de calabresa com queijo, chegando a conclusão de que eu devia me candidatar pro próximo Bake Off Brasil.

— Não fala assim, não é como se sua história tivesse acabado. — Respondo, ainda sem conseguir externalizar tudo o que eu queria.

Yoon ri fraco, eu olhando pra ele e ele olhando pro teto.

— Eu costumava achar que tinha. — Admite. — É difícil se convencer que o mundo não é um lugar ruim quando o seu mundo se resume a uma casa fudida. — Desvia os olhos escuros pra mim, esses que só consigo enxergar graças a luz baixa da luminária amarela. — Até que você se tornou o meu mundo.

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⏰ Última atualização: Jul 24 ⏰

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