Judy Alvarez - Cyberpunk 2077

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Aviso: Nesse capítulo, a palavra [Nome] foi substituída por "V", para ficar fiel ao jogo no qual a protagonista recebe esse nome, entenda os dois como sinônimos

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Aviso: Nesse capítulo, a palavra [Nome] foi substituída por "V", para ficar fiel ao jogo no qual a protagonista recebe esse nome, entenda os dois como sinônimos.


Você sentia o cromo em baixo de sua pele fervilhar. Todas as visitas ao Viktor eram dolorosas em um certo nível, mas nessa em específico a dor era descomunal.

— Caralho, Vik! Se fosse fazer a porra de uma cirurgia tinha que ter me apagado primeiro.

— Qual é V, deixa de ser frouxa. Você me aparece com o braço pendurado e quer reclamar de dor?

O sotaque russo marcante do homem deixava a situação quase cômica, como era bom ter um amigo naquele mundo de merda. O caco de dados do Relic já estavam acabando com sua psique e Night City inteira parecia ter motivos para te atacar, qualquer resquício de conforto configurava luxo naquele cenário deplorável. Viktor era um dos poucos que tinha empatia genuína por sua situação.

— Eu pensei que dessa vez não iria sobreviver, Vik.

Você utiliza sua mão livre para tampar os olhos contra a luzes médicas, as ferramentas do homem esquadrinhavam pele e cibernética enquanto você expirava e gritava relutante aos avanços do conserto. Explodir um comboio de armas da Militech nunca foi uma boa ideia, mas o lucro era uma bolada e seus olhos cresceram sobre ele, o que não esperava foi perder parte do braço com aquilo. Pelo menos tinha faturado uma caixa inteira de armas que não eram vendidas na cidade e deixou sua conta bancária alguns Edinhos mais rica.

— Você voltou dos mortos mulher, até parece que um braço ia te derrubar. Aliás, novinho em folha, com uso de armas inteligentes acoplado e Lâminas Louva-a-Deus embutidas. O melhor só para você!

O homem ajeita os óculos e levantada cadeira satisfeito.

— Ai sim, Vik! Valeu, quanto estou te devendo?

— Esse conserto é por conta da casa, quando vi a Misty te arrastando para dentro já sabia do problema que ia ter que resolver e decidi ali mesmo não te cobrar pelo socorro.

Ele acende um cigarro e se encosta num balcão próximo, sorrindo e meneando a cabeça. Você senta apoiada pelas pernas e testa o braço novo, é completamente prateado com os detalhes das juntas em rosa choque, você os vê e dá risada.

— Sério, Vik? Rosa choque? O que você acha que eu sou? Uma Mox?

— Achei que sua namorada fosse gostar, fiz isso pensando nela.

— Namorada? Quem? A Judy?

Um lapso de constrangimento te atinge e você ri novamente tentando disfarçar, ajeita as mangas da jaqueta e levanta da maca.

— Quem mais seria, V? A Misty disse que é lance sério.

Viktor olha sua recente modificação e analisa seu corpo agora novo em folha. O homem espera com certa expectativa a resposta da pergunta que fez, por um segundo, você observa o olhar dele se desviar rapidamente até a porta e voltar para você. Você ignora o movimento, imaginando que fosse reflexo do constante fluxo de pessoas fora da clínica subterrânea.

— Ah Vik, eu gosto da Judy, posso afirmar com certeza que a amo, mas não sei se ela sente o mesmo. É até difícil dizer, já que a minha vida anda um caos e é quase certo que essa porra dentro do meu oco vai me matar. – Você aponta para sua cabeça e suspira profundamente – Não acho certo amarrar ela nessa situação comigo, só que a dúvida também me corroí.

— Por que você não para de ser uma cuzona e pergunta de uma vez, V?

O sorriso dele aumenta e ele apaga o cigarro no cinzeiro, você espelha a expressão e coloca as mãos nos bolsos da jaqueta.

— Não ficou claro que tenho medo da resposta? Mas chega desse papo. To indo ver ela e quero parecer minimamente decente antes de explicar meu sumiço de três dias. Valeu, Vik. Te devo essa.

Você gira em seus calcanhares e, antes que possa dar um passo, dois braços envolvem seu pescoço e aquele perfume familiar toma todo seu fôlego. É quase automático o movimento de tocar a cintura dela com as mãos, outro sorriso involuntário se apossa dos seus lábios assim como a sensação gostosa de chegar em casa.

— Parece que alguém finalmente aceitou que me ama.

A voz dela é macia e também zombadora em seus ouvidos, você a olha nos olhos e se encanta outra vez por aquele rosto delineado. Ela era parte de tudo que tinha naquela cidade infeliz, a quem você confiava o corpo e agora a alma.

— Então você ouviu tudo, não é? Até a parte do "medo da resposta"?

— Tudinho, V. E eu aqui pensando que você era mais músculos do que cérebro. – O sorriso brincalhão dela só aumenta quando se inclina suavemente para um selinho casto, beira ao fantasioso a maneira como seus corpos se encaixam – Ledo engano!

— Bom, o coração também é um músculo né, Vik? – Você encara o homem por cima do ombro e ele meneia a cabeça em confirmação — Viu, não sou tão idiota assim.

— Essa é a deixa para vocês duas irem embora e me deixarem atender o resto dos semi-mortos na recepção. Vê se melhora, V.

— Pode deixar, Vik. — Você sobe uma das mão até o queixo da garota e faz por ali um leve carinho com o polegar – Vamos, meu bem?

— Vamos, Calabacita.

[...]

Seu apartamento no Glen é espaçoso e com grandes janelas, apesar de ser menos luxuoso comparado ao de Japantown, ele se parece mais com você e é surpreendentemente mais bonito que aquela sobra dos corpes. Judy também parece adorar ele e sua nudez sob os lençóis é uma beleza à parte no cenário.

— Então... Acho que deveríamos voltar naquela conversa interrompida na clinica do Viktor. — O indicador dela acompanha o osso de sua clavícula com a devoção de um colecionador de quadros – Você está tentando escapar dela...

— Ei, claro que não. Eu só não quero estragar o que temos... Eu realmente amo você, Judy. Talvez seja muito cedo e...

Você se embaralha com as palavras e ela te beija para interromper seu discurso de criança de treze anos. Suas mãos enroscam no cabelo dela e você a puxa para mais perto, ansiosa por aquele toque, àqueles lábios arrebatadores. Porém ela se afasta, uma distância mínima, o suficiente para colar suas testas e afastar as bocas, Judy te olha e a imensidão dos vitrais gêmeos engole sua capacidade de movimento.

— Você é muito cega se não percebe o quanto eu te amo, V.

— Mesmo sabendo que sou uma mercenária? Mesmo com um maluco terrorista habitando meu cérebro? Mesmo sabendo que eu vou... Morrer?

Você confessa em um único fôlego, misturando euforia e temor. Ela poderia te deixar naquele instante, seu pequeno sonho de verão ruindo e descascando aos poucos. O selinho que recebe cessa os golpes violentos de seu coração.

— Eu te amo, porque tudo isso faz de você a minha V. E eu jamais te abandonaria sabendo que isso significa largar minha única família.

Você sorri enquanto seus olhos lacrimejam.

— E as Mox, não são sua família? – Sua voz sai arrastada e você move uma das mãos para acariciar a parte raspada do cabelo da garota – Elas ficariam uma fera se soubessem disso.

— As Mox podem ter sido minha família por um tempo, mas a que formei com você é única. Você se tornou minha casa, V.

Judy se deleita com os carinhos e descansa a cabeça em seu peito. Ela acompanha sua respiração e expira no mesmo ritmo.

— Eu amo você, Judy.

— Também amo você, Calabacita.

Sapphic - Imagines FemininasOnde histórias criam vida. Descubra agora