Arlequina - DC Comics

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— Ter que ficar de tocaia é um porre!

— Arlequina fica quieta!

Você acerta uma cotovelada na lateral do corpo dela que dramaticamente se joga no assoalho do galpão em que estão escondidas. Seus olhos giram nas orbitas com impaciência e você a puxa pela gola do traje de volta ao lugar de espera.

— Ah qual é? Estamos aqui a duas horas e ninguém apareceu, seu carregamento de armas deve chegar só amanhã!

A loira cruza os braços de maneira infantil e se apoia no batente de uma plataforma que dá visibilidade para o interior do lugar. Ela suspira audivelmente como se fosse maluca por querer esperar mais, porém um barulho no portão principal coloca um sorrisinho presunçoso nos seus lábios.

— Agora cala essa boca e deita ai!

Arlequina obedece mesmo resmungando e logo transfere a atenção para o caminhão que adentra o galpão. Um homem parrudo vestido de preto acerta a caçamba com a mão no indicativo de que devem descer a carga ali, outros dois o ajudam a tirar de dentro uma enorme caixa de madeira com algumas vazões. Ali estava sua preciosa reintegração na Liga dos Vilões, um conjunto com quatro armas kriptonianas ilegais trazidas a terra por contrabandistas que pretendiam vender para Lex Luthor, seria uma bela adição ao arsenal do grupo, o suficiente para te admitirem de volta, depois que a ex de Arlequina gentilmente te expulsou por dormir com a noiva dela.

Não havia muito que você pudesse fazer já que ninguém iria contra a palavra da CEO da Liga. Mas voltando ao presente, Arlequina sorri com animação quando vê o pacote sendo deixado. Você busca suas pistolas no coldre e imita a expressão ao sentir a sensação da madrepérola sob os dedos, na ausência de superpoderes, as semiautomáticas foram sempre suas melhores amigas.

O caminhão dá partida e deixa para trás seis homens com a encomenda, vocês trocam um olhar condescendente e a garota pisca para você.

— Dois para você e quatro para mim.

Ela orienta, feliz em poder acertar várias pessoas com um taco de beisebol. A acrobata não permite que você responda, com uma única mão ela se impulsiona plataforma abaixo, ficando momentaneamente de cabeça para baixo no ar e caindo de pé com graça impressionante.

Você fica alguns segundos paralisada até começar a ouvir gritos de dor e surpresa, o que te tira do torpor e a faz engatilhar as pistolas. Você pula, buscando identificar os alvos e segundos depois não há homem de pé.

Três mortos por você e dois mortos por Arlequina, o último, como ressaltado por sua parceira, não morreu pelas mãos dela e sim afogado em seu próprio sangue. Você se apoia no caixote e olha ao redor com uma careta no rosto.

— Você fez uma baita sujeira.

— Danos colaterais! – Ela te dispensa com um aceno de mão – Vamos abrir?

— Vamos, quero ver essas belezinhas.

Arlequina arranca o tampo de madeira com o pé de cabra que roubou de um dos cadáveres, ela faz tanta força ao abrir que catapulta a si mesma para trás. Você não espera, com um movimento fugaz anda até a borda do recipiente para fitar sua mais nova aquisição.

O que finalmente calaria Hera Venenosa e faria ela, ao menos, superar o fato de você talvez ter roubado a mulher dela. A verdade é que as investidas vieram primeiro de Arlequina e você convenientemente tinha esquecido que ela estava namorando a maior ecoterrorista do universo. Não demoraram muitas semanas de conversa para que vocês duas estivessem saindo às escondidas e você sempre adorou cada traço da personalidade maluca dela, a loira iluminava qualquer ambiente. Arlequina também tinha seus motivos para a aproximação, ela via em você coisas que faltavam nela e você parecia tão paciente e disposta a compreender suas necessidades que foi difícil não se aninhar nos seus braços após as brigas com Hera. Apesar dos pesares, no amor e no crime vale de tudo, mesmo que implique roubar o 'amor' de outro alguém. Sem contar que nas operações que planejavam juntas eram uma dupla imbatível, ambas sem superpoderes, porém com habilidades extraordinárias e um quê de loucura indiscutível, coisas que as trouxeram a situação atual.

— Bebês hiena, que fofinhos!

Seu sorriso morre quando não encontra o que queria, deparando-se com três filhotes feios e meio desdentados agrupados num acolchoado parado por palha, agora a razão dos furos na caixa ficava bem evidente.

— Não acredito nisso.

A frase sai extremamente desgostosa, feito um engasgo de frustração.

— Vamos levar eles para casa!

Já é tarde demais para argumentar quando Arlequina pega os filhotes no colo e recebe lambidas e fungadas no rosto. Você pensa em protestar, gritar, lacerar mais um pouco os corpos dispostos no chão, obsessivamente se questionando onde o armamento teria ido parar. Você massageia as falanges dos dedos e depois as têmporas, rezando para Arlequina não insistir na ideia idiota que tinha tomado.

— Arlequina, por favor...

— Não! Eu não vou aceitar qualquer baboseira negativa que você queira, vamos levar esse pequenos e eles vão ser nossos filhos.

A loira beija os animais e você a encara incrédula, mas também tentando esconder a satisfação nela pensar em vocês como um casal de fato.

— Tenho escolha?

Você exala e meneia a cabeça derrotada.

— Prefere levar o taco ou um desses carinhas?

— Vou buscar o taco.

[...]

Você está há uma hora zapeando pelos canais da televisão e o tédio é imensurável, Arlequina saiu para passear com as hienas e te deixou na responsabilidade de procurar um filme para assistirem, até agora sem sucesso. Mas para te salvar de sucumbir ao abismo do sofá, a porta da sala é escancarada e de lá três feras enormes saltam sedentas para dentro. As hienas estão crescendo tanto que você mal as reconhece.

A primeira vai em direção a tigela de água e bebe efusivamente enquanto as outras duas param no meio do caminho ao perceberem você no sofá. Não sobra um centímetro de pele sem baba quando elas te atacam com o brutal carinho de lambidas. Arlequina ri ao fechar a porta. Os animais tomam conta de boa parte do assento o que deixa apenas seu colo como alternativa para a loira.

Ela se aconchega no seu corpo, beijando seu maxilar e pegando o controle.

— Achou alguma coisa para assistir?

Você apoia a cabeça na dela e responde seria.

— Não, mas agora eu estou mais preocupada com o meu cheiro. O que você deu para eles comerem hoje? Por deus, esse bafo é mortal.

Arlequina te beija outra vez e sorri.

— Eu acho que a fragrância de civis do Parque Central de Gotham até combina com você, mas é algo para se acostumar primeiro.

Ela diz com a calmaria de quem não fez uma chacina e depois alimentou seus bichinhos com o resultado. Você acerta a coxa dela com um tapa leve, uma repreensão sensata.

— Ai! Não tinha nenhuma criança no meio, tá bom?

— Ah que bondade a sua! – Sua ironia é audível, mas não ácida o suficiente para causar uma discussão – Deveria entrar para a Batfamilia depois disso.

— Você adoraria me ver num daqueles trajes pretos, parecem mais sexuais do que heróicos.

— Errado, gosto de você sem nada!

Foi a sua vez de receber um tapa como correção.

Sapphic - Imagines FemininasOnde histórias criam vida. Descubra agora