Sansa Stark - Game of Thrones

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Um brinquedo, nada mais que isso. Polida, sorridente, atormentada. Os dedos pálidos da nortenha dançavam em seu corpo nu, fantasmas do que antes havia sido afeto e bondade. Não havia nada de bom em Sansa Stark, coisa que você aprendeu da pior maneira possível.

Suas vértebras eram lembranças hediondas do que sofria diariamente, seus machucados e também vergões carmesim máculas feridas silenciosas, escondidas por seda, linho e tecido caro vindo do outro lado do mar estreito. Qualquer dama de companhia era terminantemente proibida de comentar algo sobre a sua aparência, morriam engasgadas no próprio sangue e as mais sortudas comiam sua própria língua no jantar. Maldito o dia em que recebera o sobrenome Bolton.

Você sabia que era tudo vingança e não a culpava por isso. Seu irmão tinha sido um demônio, o sofrimento da ruiva ao lado dele fora indescritível, mas era um tanto injusto você ser punida por isso, já que o Estranho tinha o guiado para cova há tempos e quando a morte vem, leva consigo os débitos. Porém, agora a tortura desabrocha em satisfação mórbida aos olhos da ruiva, talvez reflexo dos infindáveis dias sob a tutela maníaca de seu irmão.

Ela te permite poucas refeições, limitados encontros com a luz do sol e uma abundância cruel de surras, empurrões e tapas. O prazer de Sansa é ver em você a vermelhidão do que significa pertencer a ela. Hoje, por incrível que pareça, vocês estão juntas nos limiares da mata de Winterfell.

Você não usa nada além de uma grossa pele de lobo apertada para afastar o frio, enquanto Sansa impoẽ austereza sem igual também envolta em uma capa de couro de lobo e com um conjunto de montaria cinza escuro intrincado por símbolos que representavam cada integrante de sua família. Ela também porta um arco e isso faz seu corpo vacilar.

— Tire a capa.

A ruiva ordena enquanto muda a posição dos pés, o tom de voz que brada é tão cortante quanto a ponta das flechas, você hesita e olha para ela com uma expressão amedrontada. Já está muito frio, seus pés descalços estão úmidos com o chão barrento da floresta. O primeiro pensamento que cruza sua mente é implorar, você se joga de joelhos e agarra a cintura dela, o clamor de uma prostituta desesperada.

— Lady Stark, por favor, eu vou congelar! Me deixe ficar vestida, eu me comprometo em agradar você.

Não há resposta que não seja a mão firme bruscamente acertando sua bochecha, num virar de pulso, seu rosto está ficando vermelho e a capa jaz no chão sujo. Sansa observa sua nudez e sorri satisfeita, o polegar acaricia o local do tapa e prende o seu queixo entre o indicador e o opositor.

— Vou mostrar a você o que é ser uma presa, estar submetida ao medo, a adrenalina. Então corra [Nome], e quando me encontrar, corra mais um pouco para ter certeza de que não vai acabar com uma flecha atravessada ao peito.

Você sabia que seu irmão costumava fazer isso com algumas donzelas, momentaneamente questionando se Sansa havia passado pelo mesmo. Sua atenção é roubada pelo movimento dela ajeitando o arco, o frio arranha sua pele, primeira você rasteja para longe e quando sente o solo ficar mais firme levanta e corre como se fosse o fim do mundo.

[...]

Já é noite e a ruiva ainda não te achou, você sente que ela sabe sobre seu esconderijo, mas gostou da brincadeira. Suas mãos estão vermelhas e você mal as sente, seus pés têm bolhas e cortes, o medo é paralisante. A respiração que te escapa é sôfrega, sua mente pede descanso e no meio de uma prece aos Deuses Antigos você desiste, o cansaço te engole.

Você acorda aos poucos, um balançar e calor inesperados protestam por mais resguardo, ao longe as tochas de Winterfell são pontuais. Criando melhor noção da sua posição aos poucos você percebe estar sobre um cavalo, aninhada na pelagem de lobo outrora arrancada de suas mãos e recostada em um corpo quente. Você fica tensa e tenta mover-se dali, impedida por uma mão segurando seu abdômen no lugar.

— Estamos quase chegando, continue a descansar.

O tom em que a voz de Sansa soa próxima a seu ouvido é frio, contrastando com a suavidade surpreendente das ações dela. Você não responde, ainda atônita com a mudança brusca nas atitudes da captora. Entretanto, essa surpresa da lugar a certa conformidade que te faz aconchegar-se no peito da Lady Stark e aguardar a chegada. Afinal, caso houvesse mais uma punição ela seria inevitavelmente aplicada então o melhor era aproveitar o pouco conforto que restava.

Quando chegaram ao castelo Sansa ordena que duas criadas cuidem de seus machucados, guiando você de volta aos aposentos que costumava dormir. Sua mente rodopia em confusão, inconformada com a alternância de brutalidade e leveza, parecia que a ruiva carregava consigo um ódio monumental que insistia em proliferar ideias vingativas contra seu sobrenome, porém havia a suma bondade na qual a primogênita Stark fora criada, vetando-a de tomar finalmente seus suspiros.

Uma contradição grudenta feito seiva que já tinha se alastrado por corpo e alma da garota.

Você mal sente as mãos das empregadas, são frias e rápidas tão distantes do que sentira ao ser embebida pelo calor de sua carcereira. Seu âmago almejava mais daquilo, da familiaridade. O anseio assusta, da náuseas.

O som da porta sendo aberta traz a sobriedade de volta, Sansa está parada ao seu lado com um olhar ansioso, pouco severo. As jovens moças saem com um menear da cabeça dela, deixando apenas vocês e os fantasmas daquilo que jaz sobre o solo, um eterna teia de dor tecida fio a fio por melancolia mórbida somada a raiva reprimida, que seriam boas parceiras de dança caso o egoísmo não fosse música tocando.

Ela estende a mão e toca seu rosto, você fecha os olhos para evitar encarar a verdade.

— Você é tão delicada... – Sansa começa e os dedos dela descem por seu pescoço – Me lembra as garotas vindas de Myr para a corte. Elas tinham um costume estranho...

Você se arrepia ao ouvir metal tilintando.

— Nenhuma delas tinha nome, mas sorriam como se fossem mais felizes do que nunca rondando as câmaras da Fortaleza Vermelha.

A ruiva continua o discurso, numa cadência serena e comedida. Os carinhos em seu busto e rosto quase a fazem dormir. Se não fosse pela dor lancinante que atinge sua pele sobre o osso da clavícula. Queima e você é impedida de gritar ou se mover pelo peso do corpo de Sansa sendo jogado contra você e a mão forte que tapa sua boca. Dos olhos escorrem lágrimas de angustia a medida que luta para olhar o objeto que causa tanta dor.

— Sempre reparei na marca que cada uma tinha na base do pescoço. A sua ficou deslumbrante, [Nome].

As palavras morrem em sua garganta mesmo quando a mão da Lady Stark não te impede de falar. Incessantemente, o questionamento do quão torpe uma mente tem de ser para um ato de crueldade como aquele borbulha em sua cabeça. O vislumbre da vermelhidão em formato de lobo intrincada em você quase brilha, a eterna lembrança da pífia vida que leva.

Você rola sobre a cama e morde o travesseiro, comprometida em não dar a ela a satisfação em ouvir você gritar. Sansa levanta do móvel e pega o bastão metálico que usara para te violar, os olhos dela passeiam pelo ferro, crepitam de felicidade.

— É bom não tentar arrancar a pele, uma queimadura de gelo pode ser ainda pior do que a feita por fogo. – A porta é novamente aberta – Use o vestido que está no guarda-roupa, assim todos ficaram encantados com a sua devoção a Casa Stark.

A ironia só serve de motor para seu choro uma vez que não existe mais sinal da outra mulher no quarto. Você soluça, muda de posição, morde as próprias mãos e até cogita pular da janela. Porém, na hora do jantar não há quem deixe de olhar sua figura cuidadosamente posta ao lado da chefe nortenha. Você gosta da maneira com que ela te banha em orgulho, acaricia sua coxa e beija a mais nova marca.

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