Miranda Priestly - The Devil Wears Prada

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  Você anda calmamente pelas ruas de Nova York, o clima está ameno e não dá sinais de chuva pela primeira vez em semanas. Você acabou de sair do colégio de suas filhas e carrega consigo nada mais que celular e uma bolsa com as chaves do carro. Seu pensamento voa de encontro com a imagem de sua esposa, fomentando a pequena ideia de uma visita surpresa a ela. Olha no relógio de pulso, 15:23, o horário perfeito para um lanchinho da tarde, então seu caminhar muda de direção rumo a uma confeitaria artesanal próxima.

   Adentrando o ambiente reconfortante, você observa o rosa e o branco na parede, adesivos e outras decorações acompanham o clima confortável da casa, não deixando de pensar que Miranda odiaria aquilo tudo. A editora chefe da Runaway era osso duro de roer quando o assunto envolvia moda e decoração, anos naquele mundo tinham afiado ela o suficiente para talhar opiniões muito conscisas acerca de certas vertentes de expressão artística e só de fechar os olhos você via ela ali, olhando por cima dos óculos e dizendo que esperaria no carro. Um sorriso involuntário se forma em seu rosto.

Você pede a moça uma dúzia de macarons, duas fatias de cheesecake e dois cafés puros mornos. Depois do que pareceram horas de espera, você sai de lá com sacolas penduradas e um porta-café com os copos cheios. A caminhada até a Runway é relativamente curta e ao avistarem você na recepção, um pequeno aceno de cabeça já libera sua entrada no complexo econômico. Você sente uma pontada de soberba por ter sido facilmente reconhecida ali, mas nem sempre todos tem uma boa visão da sua figura.

   Você é exatamente 22 anos mais nova que sua esposa e apesar de estar na casa dos 30, os mais conservadores não enxergam isso com bons olhos. A indigesta verdade é que acham que você acabou com o antigo casamento de Miranda, um casamento feliz de cinema, porém só os mais próximos conhecem a real natureza do pai das gêmeas, e quando você a viu pela primeira vez aquele matrimônio arruinado sequer precisava de um empurrão para ser rompido. A imprensa foi a loucura quando Miranda assumiu um relacionamento com outra mulher, houveram boatos até de a tirarem do cargo de chefia, mas querendo ou não era impossível, Miranda era a melhor no que fazia.

  Você até chegaria a dizer que ela é a melhor em todos os aspectos, uma ótima esposa, excelente mãe. Foi uma grande surpresa quando ela correspondeu seu flerte num desfile da Prada em Milão. Você estava ao lado de seu pai, um grande acionista da Miuccia quando Miranda tirou os óculos para tomar um lugar a beira da passarela, quando seus olhares se encontraram você sabia que precisava sentar ao lado dela naquela noite. Muitas carteiradas depois, tinha pego o lugar da assistente, que viria a ser apresentada a você como Andy, e falava propositalmente perto dela exibindo um decote farto apertado no modelo mais recente do Mcqueen. Não deram dois meses e a mulher já ligava no seu telefone toda noite.

Seu interesse por garotas nunca foi mistério para a imprensa e sua vida sexual era pauta extensa dos tabloides europeus, foi assustador para você quando percebeu os sentimentos florescendo por Miranda, o encanto costumeiro nas beldades passava com dois ou três meses. Você se pegou suspirando ao pensar nela, sorrindo atoa, e três anos depois, com uma aliança de 18 mil euros na mão esquerda. Ela havia esperado que você completasse ao menos trinta anos para que oficializassem tudo, a agencia de publicidade e gestão de crises foi bem inflexível no processo, entretanto nem os jornais mais misóginos foram capazes de tirar sua paz.

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