Mildred Ratched - Ratched

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Os passos incessantes te assombram, os ruidosos movimentos das macas nos corredores engolem seu sono. Não há paz no Hospital Estadual de Lucia, não para seus pacientes.
Dentro daquelas paredes eram abduzidos e lobotomizados todos os indesejáveis da sociedade, você era uma delas.

Crescer com sete irmãs num lar rígido e forjado sobre alicerces da boa imagem familiar era a receita perfeita para transgressão. Escaparam apenas duas, das decisões implacáveis de seus pais para suprimirem a natureza inconstante das filhas. A mais velha e sua subsequente casaram-se com bons homens, de sucesso, bonitos e sobretudo da elite Californiana da década de 40, assim como você até chegou a fazer um dia. Mas o resto das garotas constantemente acabavam por serem descobertas na cama com mais de um garoto, desmaias de tanto beber, com o nariz queimado e tantos outros estopins de brigas que você sequer sabe listar.

E segundo a infame Lei de Murphy: "Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível" não houve chance de perdão quando seu pai a flagrou com a recepcionista da empresa na cama dele. Houve um ultimato, você se casava com um homem, ou passaria o resto da vida dentro das paredes do Convento Mater Ecclesiae na Itália. Semanas depois você tinha 19 anos, estava casada com um senador de 56 e tinha uma enteada de 22.

Tal percalço mostrou-se surpreendentemente bem-vindo, já que o velho gostava mais de bebedeira e corrupção do que ficar em casa. Você tinha uma propriedade imensa e luxuosa a sua disposição e um marido muito displicente para questionar sobre suas amigas entrando sem avisar, dormindo na cama da suite principal e viajando ao seu lado com frequência. Por anos o esquema deu certo e quando ameaçava ruir boas mentiras e uma noite de sexo performado deixavam o político muito calmo.

Até o dia em que a loirinha impertinente da filha do seu marido contou a ele sobre tudo que você vivia as escondidas, apenas porque se recusara a abandonar as outras amantes e ser exclusiva dela. Seu destino foi se não a busca forçada da cura ao 'lesbianismo', o que culminou na internação no manicômio cinco estrelas.

Tenebroso não descrevia bem o complexo, melhor seria, inferno. Este, comandado pelo anjo caído de nome Mildred Ratched, sua salvação travestida em perdição ruiva de quadris fartos, que balançavam do seu jeito favorito ao empurrarem os transportes metálicos com inúmeras pílulas. Ela vinha todas as noites, conversava com você, acariciava seu cabelo e sorria, mais do que o suficiente para fisgar seu pobre coração desalentado.

Certa vez, Mildred estava saindo do seu quarto, você havia ficado com um copinho cheio de pílulas para tomar e naquele dia em específico a conversa havia sido sucinta. Não houve aquela gentileza de antes ou o apreço que costumava haver. Você fita a silhueta imponente dela os ombros, apesar de estreitos, muito tensos e os nós dos dedos brancos quando ela pega a maçaneta. Você imagina que não é nada, tirando um livro de baixo do travesseiro e abrindo na página que havia parado a leitura.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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