VI

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Caminhava eu naquilo que era minha segunda viagem. Estava cansado, com sede, e com faltas, faltas de alguém, quando me deparei com uma enorme cauda de crocodilo. O crocodilo, por sua vez, era intimidante, com uma pele singular.

— Não te assustes, pequena criatura. Neste planeta, somos todos benevolentes, não nos alimentamos de gente! – expressou, como se estivesse entoando uma melodia.

Caminhei em sua direção, seguindo a maré, em direção as árvores rosas.

— O que vocês comem?

— Algas.

— E onde a gente está indo?

— Quanto a você, não sei, eu estou seguindo as arvores.

— Por que segue as árvores, senhor?

— Porque tenho que seguir algo. Tenho que ter uma razão pra existir. Neste planeta, nós não comemos gente, não comemos e nem bebemos água. Vivemos de razões.

— Todo mundo deve ter uma razão pra existir. – Explanei.

— Pois, do contrário, não importa se estamos vivos; nossas mentes estarão sempre mortas. – explicou, em uma espécie de harmonia.

— Você sabe de onde vem as estrelas?

— Neste mundo, nós não sabemos o que são estrelas. Neste mundo nós não comemos gente. Neste mundo, nós somos nossas próprias luzes, mas o que é uma luz sem alguém pra ajudar a concertar quando esta estiver avariada?

— Neste mundo, vocês não comem gentes. Neste mundo, não existem estrelas. Neste mundo, vocês são suas próprias luzes, neste mundo, tem que ter uma razão pra existir, neste mundo, não se vive bem quando se é sozinho, É?

— Isso, pequena criatura.

Seguimos, juntos, até o mais longe que as árvores nos levaram; elas começavam a ficar enormes conforme nadávamos, em um pequeno riacho, ele comoveu-se com pequenos peixes que andavam sobre as bermas do rio, ele perguntara para eles se elas buscariam por arvores, eles responderam que não, estavam seguindo as razões de cada um para que nunca se tornassem a ausência de todos. Ele ficara comovido, e eu também. Em uma enorme cascata nas bermas do médio rio, criamos uma espécie de ligação. Porém, ainda assim, sentia um aperto idêntico ao que sentira quando estivera no CG361, naquela altura, se preenchendo aos poucos, igual quando estivera com Rose. Ele dissera que eu era estranho, e eu lhe perguntei sobre dúvidas, mas ele não me respondera, ficara quieto durante vasto tempo, e quando era tarde, surgiram pequenos sois do céu, iluminando cada árvore, de uma forma diferente e sinfônica, como se de poesia se tratasse, e mais logo, quando eu dissera que precisava ir. Ele alcançou meu corpo e disse:

— Neste planeta, não sabemos tudo, na verdade, sabemos muito pouco. Neste planeta, também buscamos respostas, mas compreendemos que não precisamos de respostas para tudo. – Pegou meu braço, sorriu e disse de modo vago – Ainda assim, há algo que eu gostaria de saber.

— O quê? – minha voz soou sincera e curiosa.

— Para onde vão as estrelas?

— Você não disse que não havia estrelas no céu?

— Eu disse que não havia. – Ele olhou em meus olhos com carinho, e deu-me um abraço. - Não preciso saber a resposta. Mas se precisasse, garanto que é uma história da qual nunca teremos fim. Porque, grande parte delas, não está mais aqui.

Venho de todo lado, conheço a maioria dos planetas habitáveis, posso afirmar que já até vivi em mais planetas do que o que eu sigo. Conheci Tulipas, das quais sinto mais compaixão do que outros seres, flores, pessoas quadradas, um crocodilo do qual passei a sentir muita estima, e todas as variações de solidões. Sei também que precisamos de uma razão pra viver.o que era minha segunda viagem. Estava cansado, com sede, e com faltas, faltas de alguém, quando me deparei com uma enorme cauda de crocodilo. O crocodilo, por sua vez, era intimidante, com uma pele singular.

— Não te assustes, pequena criatura. Neste planeta, somos todos benevolentes, não nos alimentamos de gente! – expressou, como se estivesse entoando uma melodia.

Caminhei em sua direção, seguindo a maré, em direção as árvores rosas.

— O que vocês comem?

— Algas.

— E onde a gente está indo?

— Quanto a você, não sei, eu estou seguindo as arvores.

— Por que segue as árvores, senhor?

— Porque tenho que seguir algo. Tenho que ter uma razão pra existir. Neste planeta, nós não comemos gente, não comemos e nem bebemos água. Vivemos de razões.

— Todo mundo deve ter uma razão pra existir. – Explanei.

— Pois, do contrário, não importa se estamos vivos; nossas mentes estarão sempre mortas. – explicou, em uma espécie de harmonia.

— Você sabe de onde vem as estrelas?

— Neste mundo, nós não sabemos o que são estrelas. Neste mundo nós não comemos gente. Neste mundo, nós somos nossas próprias luzes, mas o que é uma luz sem alguém pra ajudar a concertar quando esta estiver avariada?

— Neste mundo, vocês não comem gentes. Neste mundo, não existem estrelas. Neste mundo, vocês são suas próprias luzes, neste mundo, tem que ter uma razão pra existir, neste mundo, não se vive bem quando se é sozinho, É?

— Isso, pequena criatura.

Seguimos, juntos, até o mais longe que as árvores nos levaram; elas começavam a ficar enormes conforme nadávamos, em um pequeno riacho, ele comoveu-se com pequenos peixes que andavam sobre as bermas do rio, ele perguntara para eles se elas buscariam por arvores, eles responderam que não, estavam seguindo as razões de cada um para que nunca se tornassem a ausência de todos. Ele ficara comovido, e eu também. Em uma enorme cascata nas bermas do médio rio, criamos uma espécie de ligação. Porém, ainda assim, sentia um aperto idêntico ao que sentira quando estivera no CG361, naquela altura, se preenchendo aos poucos, igual quando estivera com Rose. Ele dissera que eu era estranho, e eu lhe perguntei sobre dúvidas, mas ele não me respondera, ficara quieto durante vasto tempo, e quando era tarde, surgiram pequenos sois do céu, iluminando cada árvore, de uma forma diferente e sinfônica, como se de poesia se tratasse, e mais logo, quando eu dissera que precisava ir. Ele alcançou meu corpo e disse:

— Neste planeta, não sabemos tudo, na verdade, sabemos muito pouco. Neste planeta, também buscamos respostas, mas compreendemos que não precisamos de respostas para tudo. – Pegou meu braço, sorriu e disse de modo vago – Ainda assim, há algo que eu gostaria de saber.

— O quê? – minha voz soou sincera e curiosa.

— Para onde vão as estrelas?

— Você não disse que não havia estrelas no céu?

— Eu disse que não havia. – Ele olhou em meus olhos com carinho, e deu-me um abraço. - Não preciso saber a resposta. Mas se precisasse, garanto que é uma história da qual nunca teremos fim. Porque, grande parte delas, não está mais aqui.

Venho de todo lado, conheço a maioria dos planetas habitáveis, posso afirmar que já até vivi em mais planetas do que o que eu sigo. Conheci Tulipas, das quais sinto mais compaixão do que outros seres, flores, pessoas quadradas, um crocodilo do qual passei a sentir muita estima, e todas as variações de solidões. Sei também que precisamos de uma razão pra viver.

De Onde Vêm As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora