XI

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De Volta Ao Planeta Da Rosa

Quando regressou, não viu a rosa na berma do vidro, ele não conseguia a ver pela porta, e ficara com medo.

— Será que o lêmure comeu a rose? Será que ela está regando as plantas?

E então, ele pensou com cuidado, até chegar ao ponto de que ela não conseguiria, ela só tinha dois braços e todos fracos e inofensivos. Então, decidiu que se moveria até as encostas do planeta. E ele a viu, ela estava de costas, ainda parecia saudável, e mesmo que isso o alegrasse, naquele instante, sabia que ela continuava rude. E que estaria chateada por ele ter levado três semanas para voltar. Talvez, naquela tarde, ela o fosse dirigir apenas um pequeno parágrafo. Tirou seu casaco e guardou-o num tronco perto de um pequeno carvalho branco que havia crescido ali, e ele se deu conta de que não haviam plantas enormes como ele imaginou que haveriam quando retornasse. Alguma mágica? O Lêmure teria ajudado? O que aconteceu? A terra tem um tipo de proteção nesta época? Perguntou-se cheio de curiosidade e com desejo de respostas.

E quando ele chegava mais perto, ouviu uma voz. Uma voz mais adulta que a sua, um pouco mais, era um rapaz de cabelos dourados, olhos azuis, mais alto do que ele, branco (não como açúcar), com roupas verdes e com um pequeno carneiro. Ele estava conversando com ela, como se conhecesse há anos, e de seguida, ele lembra-se do menino das histórias que Rosa teria contado. E ele, não sabia, naquele instante, como se sentia. Afinal, via sua amiga mais feliz do que ele a fizera alguma vez, e ficara, novamente, com aquelas sensações de a dias.

Ficou imóvel durante algum tempo e Rosa, começou a sentir seu cheiro e olhou para trás. Ela o abordou cheia de: carinho, amizade, raiva, explicações. E de seguida, o Pequeno rapaz olhou pra ele, curiosamente, seu semblante era vago, mas também, amigo, e se aproximou à ele. O examinou com delicadeza, mais sutileza do que fizera a Rosa.

— Eu sou o Pequena Criatura. – soltou ele, gaguejando.

— Rosa disse que você foi procurar repostas sobre onde vão as estrelas. Você achou esse lugar?

Pequena criatura não respondera, estava, pela primeira vez, vago, tão vago que não sabia como se sentia, como responderia a pergunta... se é que devia a responder.

— Você achou respostas? – perguntou a flor.

— Sim. Onde está o lêmure?

O Principezinho ficou quieto.

— Pequena criatura... – compadeceu-se a flor, seu semblante era triste, tão triste que ele já sabia o que ela já ia dizer.

— Não precisa dizer.

Ficaram todos em silêncio. Tendo dúvidas. Dúvidas longas e sórdidas. E quando terminaram:

— Rosa falou que você a ensinou a duvidar. Quando cheguei. – Dizia o principezinho. – Ela estava esperando por duas pessoas. No começo, senti medo. Mas ela me explicou tudo. Obrigado!

O Pequena criatura não respondera. Não por palavras. Ele olhou para a flor que estava olhando-o de volta e fez que sim.

— Tenho tantas coisas para te dizer. Bom, tinha. – exprimiu-se. – ainda não sei para onde vão as estrelas, mas, sei de onde elas vêm. – Ele olhou para eles, cabisbaixo, ainda estava tentando assimilar a situação. – As estrelas vêm de dentro de nós. Só precisamos dar um mergulho. Eu percebi que tem uma estrela dentro de mim, procurando o lugar exato para começar a brilhar. E eu pensava que era este. – ninguém, em toda sua vida, o havia visto a chorar como ele desejara naquele instante, mas hesitou. — Eu tinha tanta coisa para te dizer. – confessou. — Contudo, começo a compreender qual é. O lugar, digo, meu lugar.

Eles olharam pra ele, como se o compreendessem. Como se não o conseguissem entender, podiam estar lá mail pessoas dececionadas, estas mil, não o compreenderiam.

- Seu lêmure morreu, Pequena Criatura, faz alguns dias... ele morreu de tristeza, e decidimos que íamos o jogar no espaço. Para que, se de alguma forma ele tiver sido importante, ele tenha sido uma estrela jogada num lugar onde ainda assim consiga seguir te preenchendo.

Ele sentia-se, ainda assim, apático. Mas diferente das outras apatias, aquela era cristalina.

E durante dias, ele ficou naquele planeta, conversando com a Rosa e o Principezinho. Criando ligações. E quando chegou o tempo, entendeu que, na verdade, precisava ir mais do que ele pensava que devia ficar. Então entendera o que disse o menino das macieiras, ele nunca estava sozinho, mesmo antes de conhecer a Rosa. A solidão, mesmo assim, era sua amiga, mas ainda mais, as histórias que ele teria vivido com Tulipa, Cordeiro e Papagaio. E isso não retirava a importância das outras figuras que ele conhecera, e, verdade, isso corroborava ainda mais, só que, desta vez, sabia ele, que de facto, era o principal personagem de sua história.

— Preciso voltar! – ele revelou. – Mas antes de voltar. Gostaria de ouvir uma última história.

O principezinho também se aconchegou para ouvir a história. E os dois, começaram a prestar atenção.

— A História de quem queria ser sol.

Esta história começa justamente em um lugar distante de todos convívios, com um ser que procurava achar a verdadeira essência. Guiado por seus questionamentos, navegou por diversas aventuras, ensinando às criações daquela época que, uma dúvida não era algo ruim, era na verdade, algo muito bom. Este fora atrás de respostas, havia perdido a memoria, não se conhecera a ainda não soubera quem era, de facto. Em busca de respostas, conheceu o verdadeiro mundo. Conheceu alguém que o comoveu, esse alguém, se sentira comovido por este ser. Mas, estrelas não podiam virar girassóis. Ele decidiu que ia seguir sua vida; conhecer-se a si mesmo, e assim foi, e nunca mais alguém ouviu falar sobre ele. Relatos históricos dizem que ele foi tão longe, mas tão longe, que, se tornou no primeiro grande sol. Tão grande como um planeta. E ela, nunca se conseguiu o procurar; nunca teve coragem. 

De Onde Vêm As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora