IV

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— Seis dias – proferi.

— Oito! – ela disse, relutante. – Sua expressão facial era indecifrável, como se não se importasse com a ausência que lhe sobraria.

— Está bem. – disse afetuoso. – Examinei sua aparência, estava excelente; certifiquei-me de ter podado as ervas e da segurança delas; a seguir, comecei, sozinho, a duvidar. E então, dei os primeiros passos à porta. Estava convencido de que devia ir procurar as respostas, mas tinha medo, e então sorri, um sorriso encorajador e proeminente. E abri.

— Quatro Dias. – Ela falou por último.

Quando cheguei, há três semanas, estava com sede e medo, não medo de que algo ou alguém me matasse; tinha medo de estar sozinho. E quando vi a rosa, uma indefesa flor, eu comecei primeiro por examiná-la, estava voltada para trás e fazia um silêncio barulhento e sofredor, e então, juntei-me ao lado. Pelos próximos trinta minutos, ficamos em silêncio os dois; já estava tarde e eu estava sentindo um pouco de frio, abri minha mochila e tirei uma camisola de lã cinzenta, a única, então, quando percebi que ela estava me encarando, sorri imediatamente para ela, e ela não retribuiu.

— Qual é o seu nome? – perguntei.

E ela continuou olhando para mim.

— Bom, isso não vai importar muito porque eu ainda não sei o meu.

Ela continuava sem se importar. Talvez, imaginando em o que eu seria, se eu seria, um turista qualquer ou, se calhar, um viajante de planetas. Talvez ela não tenha pensado que eu estaria procurando uma casa, minha casa, as estrelas, e isso, apavorou-me, não drasticamente, de uma forma singela e terna. E então, comecei a fazer um som melódico.

— Tum-tum, tum-tum-tum, tum-tum, tum-tum-tum.

E ela pareceu ficar curiosa, mas não me respondeu, e então, quando terminei, comecei a falar novamente.

— Tudo bem se você não quiser me responder, de onde eu vim, eu falava com o silêncio. – E quando disse aquilo, percebi um aperto educado em meu peito, era agudo e determinado, tanto que se eu prestasse atenção, poderia ouvi-lo zumbindo. — Eu ficava olhando para os pequenos sóis. – eu disse. — Sempre pensei que eles olhassem para nós também, tipo, por que não?

E depois disso, lembro-me de acordar no dia seguinte, as ervas estavam altas, e as árvores, tristes. Então, uma bela ideia surgiu; cortar tudo e permitir que novas plantas florescessem, e assim o fiz poeticamente. No entanto, encontrei um lêmure nas ervas, pensei que ele tivesse chegado lá por engano, e então, o levei para o outro lado do planeta, não como castigo, mas como acolhimento. Ofereci-lhe, primeiramente, uma alga acabada de sair das águas, o que me fez refletir se os animais se importam que sejam novos os alimentos que lhes damos ou, se apenas, lhes damos alimentos. Ele estava com medo, devia sentir-se indefeso e sozinho, e também pensei nas características que a nossa expressão facial demonstra quando lhes damos comida; será que ele se importa se eu estou dando os alimentos feliz ou triste? Eu estava feliz por fora, conseguia tentar um sorriso naquela situação, mas ele não comeu o que lhe dei. Depois, ofereci-lhe folhas de baobás, ele assentiu, e por fim, abri minha mochila e ofereci-lhe uma banana, e ele aceitou, e eu sorri. Depois disso, voltei para o outro lado do planeta e olhei novamente para a Rosa; ela parecia um pouco mais feliz no dia seguinte, de fato, e no outro dia, até que por fim, eu revelei meu principal questionamento.

— Para onde vão as estrelas?

De Onde Vêm As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora