Capítulo 4

716 81 10
                                    

Faye POV

Um novo dia se inicia e volta a minha rotina, levo Fang até a escola e de lá vou para o trabalho. Mas antes eu não perderia a oportunidade de ver Yoko depois de tudo o que houve no dia anterior e, além disso, eu prometi que iria até lá... Promessa é dívida. Deixei meu carro estacionado próximo dali e fui andando em direção ao "Amor", o clima estava agradável e eu acabei sorrindo ao lembrar de Yoko e suas investidas diretas enquanto conversávamos após o show.

Entrei no café e, como de costume, a busquei com o olhar, mas dessa vez não a encontrei. Estranhei, mas me aproximei do balcão do mesmo jeito, então a vi na porta que leva o que possivelmente é a cozinha. Ela percebeu minha presença e sorriu, cumprimentando-me com o olhar, eu fiz o mesmo e depois fez sinal para que eu esperasse um minuto, assenti.

Faria meu pedido com outro atendente, quando de repente vi Folk na porta da cozinha falando com Yoko, ele parecia alterado e ela negava diversas vezes com a cabeça. Me virei tentando disfarçar, mas continuei prestando atenção na conversa:

- Será que você pode me dar cinco minutos? - Ele disse baixo, mas ainda pude ouvi-lo.

- Não, não dá... - Ouvi Yoko dizendo.

Para não correr mais riscos, saí do café mesmo sem ter feito o meu pedido. Droga, como cheguei a esse ponto? Acordei hoje acreditando que uma futura relação comum entre mim e Yoko seria possível, esquecendo todo o contexto que havia em volta disso. Contei tantas mentiras nos últimos tempos que elas estão me consumindo, eu preciso parar com isso. Não posso voltar a vê-la.

Entrei no carro rapidamente pensando em milhões de coisas, eu estava a ponto de ter uma crise de ansiedade. Estacionei na frente do consultório e só ali percebi que minha respiração estava totalmente descontrolada, apertei minhas mãos contra volante e comecei a tentar me acalmar. Por que eu sinto como se Yoko fosse importante ao ponto de não conseguir pensar em me afastar dela? Eu a conheci a pouquíssimo tempo, começamos a conversar ontem e minha cabeça já diz que não posso perdê-la?

Tentando controlar minha respiração e não chamar atenção de ninguém, saí do carro como se nada estivesse acontecendo e como se a crise já tivesse passado. Cumprimentei a secretária que me deu um 'bom dia' com um sorriso, dizendo que já havia me enviado a agenda com os meus pacientes do dia. Agradeci sorrindo de volta, entrando o mais rápido possível em minha sala. Encostei as costas na porta me entregando novamente as sensações, eu só queria que aquilo passasse.

Lembrei que dentro da minha bolsa eu havia deixado uns calmantes para possíveis crises, rapidamente fui até o sofá e abri a bolsa no meu colo, começando a procurar pelo remédio. Assim que o encontrei, o tomei e respirei fundo tentando não pensar nas merdas que ando fazendo ultimamente. Olhei para o relógio na parede e percebi que faltavam apenas quinze minutos para a minha primeira consulta do dia, precisava me recompor.

Abri o celular, buscando pela minha agenda e travei ao ver o nome "Folk" como primeiro paciente do dia. Porra, logo ele! Mas é claro, Folk aproveitou para ir até a cafeteria que fica próxima ao consultório para vê-la antes da terapia. Isso quer dizer que ele não demoraria nada para chegar, merda! Comecei a pensar: você é Faye, a psicóloga, e não Fern. Fern foi uma aventura de uma noite que nunca existiu de fato, Faye é a que deve prevalecer. Respirei fundo novamente voltando a mim e ouvi o interfone tocando, o paciente chegou:

- Oi... Pode mandar entrar. - Autorizei e voltei ao meu lugar com a prancheta na mão e os óculos no rosto. - Bom dia, Folk.

- Olá, Faye. - Sorriu como não sorria normalmente, estranhei.

- Parece bem humorado, algum motivo especial? - Ele se sentou e respirou fundo, pensando no que me diria.

- Bom, antes de vir para cá, passei na cafeteria onde Yoko trabalha e... Consegui. Eu empacotei as coisas e coloquei tudo numa caixa, como você havia sugerido, mas... Eu não sabia se enviava pelo correio ou se aquilo pareceria muito formal ou sei lá, então resolvi levar até o trabalho dela.

Vício (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora