Vício (FayeYoko)

Capítulo 15

Yoko POV

- Yoko, o que está acontecendo?! Por que não quer me contar? - Marissa estava do lado de fora da cabine do banheiro, insistindo para que eu saísse de lá.

- Marissa, eu... Não posso me apresentar hoje. - Foi a única coisa que eu consegui dizer, tentando disfarçar minha voz de choro e ignorar a velocidade das batidas do meu coração.

- O quê? O que está dizendo? Este é o seu sonho desde sempre! Não pode desistir por estar nervosa... - Ela continuava falando sem parar mas eu não podia ouvi-la.

O celular na minha mão estava ligado, mostrando uma mensagem. Era um texto longo, doloroso e desesperador para qualquer um que lesse. Minha cabeça girava, eu estava paralisada e havia um nó na minha garganta. A culpa me consumia e nada me fazia pensar no contrário, aquilo era culpa minha.

- Yo, por que não me responde?! - Marissa gritou novamente me despertando. Limpei minhas lágrimas e abri a porta do banheiro, minha amiga quase caiu por estar encostada nela. - Finalmente! Que porra está acontecendo?!

- Não posso cantar hoje, cante no meu lugar. - Eu disse rapidamente e fui saindo, mas minha amiga segurou meu braço. - Me solta.

- Yoko, mas e a gente?! Você vai abandonar todos nós? Você precisa ir!

- Eu não vou, Marissa! - Disse começando a chorar na frente dela. - Só me deixa ir embora. - Ela ainda me olhava sem entender e extremamente desapontada. - Por favor...

Ela me soltou e então eu suspirei e saí de lá com pressa. Pensei que conseguiria fazer isso, não queria decepcionar meus parceiros de palco mas eu não estava em condições de fazer nada. Sentia que havia matado alguém, sentia que minhas mãos estavam sujas e isso me dava vontade de vomitar. Eu precisava tomar algo, precisava que todos os pensamentos saíssem na minha cabeça se não iria enlouquecer.

Fui até o bar do restaurante e procurei um lugar que ficasse difícil de ver do palco, logo eles começariam a cantar e não queria que eles me vissem, precisavam achar que eu tinha ido embora. Pedi um drink e tudo naquele lugar era extremamente caro. Mesmo assim, eu não me importava de gastar meu último salário se aquilo fizesse sumir tudo que eu estava sentindo.

Em volta haviam dezenas de pessoas ocupando o mesmo salão, eu não olhava para nenhuma delas, apenas focando nos copos na minha frente e percebendo minha visão mais turva a cada gole que eu bebia. Passei muito tempo assim, não sei exatamente quanto, só sei que cheguei ao ponto de me perguntar se eu conseguiria sair dali sem cambalear ou até mesmo cair.

Alguém se aproximou, se sentou no banco ao meu lado, seu olhar estava fixo em mim e eu podia sentir isso:

- Acho que alguém está procurando por diversão essa noite. - Olhei para o homem e por um milésimo de segundo pensei ter visto Folk, mas era apenas um desses filhinhos de papai que acham que podem ter tudo o que querem.

Como eu sei disso? Aquele era Sanji, filho de um dos maiores produtores de música da Tailândia. Ele estava num show meu uma vez, numa festa em que ele foi convidado. Disse que me ajudaria a ter contato com o pai dele, para que eu e minha banda tivéssemos alguma chance de sermos conhecidos. Só não mencionou que aquilo teria um preço: eu teria que pagar indo para a cama com ele. Eu disse 'não' e então ele sumiu, nunca mais o vi.

- Não estou interessada em ficar com alguém essa noite, procure outro alvo para satisfazer seu ego. - Ele riu sarcasticamente enquanto eu tomava um último gole da bebida e pedi ao garçom mais uma.

- Achei que tivesse esquecido de mim, Yoko. Mas parece que eu sou mais marcante do que imaginava.

- Costumo guardar o rosto de imbecis para não cometer o mesmo erro.