Capítulo 22

532 58 15
                                    

Faye POV

Respirei fundo e fechei os olhos com força quando senti mais uma pontada no abdômen enquanto andava em direção a porta da minha casa. Yoko estava me segurando enquanto eu andava e percebeu minha reclamação silenciosa, então apenas parou até que eu pudesse voltar a caminhar novamente. Ouvi o porta-mala fechar, o barulho do carro sendo travado e logo em seguida Fang passou correndo na nossa frente com a mochila que ele levou para o hospital com alguns de meus pertences:

- Vou abrir a porta, mãe. - Ele rapidamente o fez e abriu espaço para que eu e Yoko entrássemos.

A pequena mulher me levou até o sofá e eu sentei com cuidado:

- Obrigada. - Ela apenas sorriu fraco sem me olhar.

Esse foi o tratamento que recebi de Yoko nos últimos dias. A mulher ficou ao nosso lado, meu e do meu filho, o tempo todo mas nunca olhava para mim e até mesmo evitava a falar comigo. Enquanto eu estava no hospital, Yoko criou uma relação especial com Fang, a ponto do meu filho a convidar para passar uns dias em nossa casa enquanto eu não estava.

Estranhei, Fang sempre foi tão fechado e simplesmente convidar alguém para nossa casa, além de Gracy, era uma novidade para ele. Tivemos uma conversa sobre isso e então Fang me disse que sabia que Yoko não era uma má pessoa e além disso, ela não podia voltar para aquele apartamento, não agora. Nas próprias palavras do meu filho, "voltar para lá seria reviver a cena de um crime muito recente e traumático", e eu não poderia concordar mais com ele. Fang entendeu a dor de Yoko e mesmo sem conhecê-la direito, quis acolhê-la.

Ela não aceitou de primeira, óbvio que não aceitaria. Mas depois de saber que Fang e eu não tínhamos mais nenhum familiar com quem contar, Yoko deixou claro que só ficaria ali para cuidar de Fang. E assim foi nos últimos dias, eles iam no hospital diariamente. Meu filho não foi a escola depois do que houve e Yoko também recebeu licença do trabalho, então eles praticamente passavam o dia comigo e só voltavam a noite. Ter Fang ali melhorava as coisas mas ao mesmo tempo Yoko se recusava a ficar a sós comigo. Era simplesmente agoniante vê-la dando desculpas esfarrapadas para sair do quarto a todo momento, mas eu sabia que merecia aquilo.

Minhas crises de ansiedade eram constantes, a culpa me consumia de uma maneira que às vezes me sufocava. Por vezes durante a noite acordei com pesadelos dos momentos que nós três vivemos. Vê-los naquela situação foi a pior coisa que eu já vi na minha vida e nunca vou esquecer daquilo. Fang tentava segurar as pontas, mas eu sabia que para ele também estava sendo difícil me ver no hospital, afinal, somos a família um do outro. Se ele era cuidadoso antes, agora ele me perguntava a cada 2 minutos se eu estava bem ou se eu precisava de algo.

Felizmente para a alegria Fang, Gracy e Ling também foram me visitar no hospital. Orm estava viajando a trabalho, mas me ligou desejando melhores. Evitamos falar sobre o ocorrido e elas pareceram entender. Ling se comprometeu a ajudar Fang no que ele precisasse e eu a agradeci imensamente. Numa dessas visitas, Fang e Gracy me contaram que finalmente estavam juntos como namorados, confesso que amei essa notícia e Ling pareceu gostar também.

- Yoko, só hoje... Por favor. A gente precisa terminar de montar o quebra-cabeça. - Acordei de meus pensamentos com a voz do meu filho. Olhei para trás e Fang estava segurando a mão de Yoko que ria da carinha que ele fazia.

- Sua mãe já está em casa, Fang, não tem motivo para eu dormir aqui de novo.

- Tem sim, você gosta da minha companhia. - Ele abre um sorrisão e Yo ri mais ainda.

- Você tem razão, mocinho, você é uma ótima companhia.

- Então... Fica? - Yoko ponderou um pouco e me olhou, como se me pedisse permissão, e eu prontamente assenti.

Vício (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora