A morte nos observa- A adaga de ouro

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  Hela contou para Caleb o que de fato aconteceu, disse até onde estava o corpo de Charles. Então isso significava que ele já sabia sobre Hela há muito mais tempo, até mesmo antes das pesquisas realizadas pela S.D.F.

  Com toda certeza os outros membros viriam atrás de Hela. Provavelmente era isso que ele queria, pois não iria aguentar fazer nada contra ela. Isso ficou evidente em suas palavras dirigidas diretamente para ela... Mãe do Mal e portadora da destruição.

  Caleb poderia voltar para New York com Hela agora que seu trabalho estava terminado. Diana provavelmente estava esperando por eles em sua casa.

  Não há nada que aconteça com eles que ela não saiba. Uma vez, Caleb disse a ela que o amor de uma mãe era o mais próximo que chegava do amor de Deus. E que ela era essa mãe, e desde esse dia ela o vigia até em seus dias mais tenebrosos.

  É lindo, não é mesmo? Todo esse amor...

  Eles não tinham medo dos membros do Standes de Força, mas tinham medo da arma que eles provavelmente iriam usar para obter a vitória mais injusta da face da terra se Hela acabar desviando suas atenções.

  Eles ficavam se perguntando quando isso iria acabar, pois com a existência da Adaga de ouro a vida deles estava potencialmente ameaçada. Isso obviamente não é nada bom.

  Mas ainda era duvidoso o motivo de Charles aceitar morrer tão facilmente nas mãos de Hela. Ele poderia ao menos lutar pela sua vida, mas nem isso ele quis fazer. É certo que ele é mais poderoso que os demais membros da S.D.F, mas ele simplesmente não lutou para viver e preferiu que eles fizessem o trabalho. Mas e depois? Como seria? Não se encaixava no quebra cabeça, não estava no roteiro.

- Isso é realmente preocupante... Não consigo ver nada.- Disse Diana depois das velas que usava serem apagadas com uma forte rajada de vento. - Se ele é realmente Deus da Magia, ele deve ter feito algum feitiço bruto para impedir que nós vejamos.-

- Então não era só a Hela que ele estava vigiando...- Ponderou Caleb suspirando e quebrando o círculo na mesa, o que fez Diana dar um pulinho de surpresa.

- O que vamos fazer se a gente não sabe o próximo passo dele? Realmente isso foi muito bem pensado, a sorte é que percebi isso a tempo...- Disse Hela olhando para a mesa e respirando um pouco mais rápido.

- Talvez você devesse tentar... Deve ter mais experiência em coisas do tipo do que eu já que você também prática a mesma magia que ele.- Disse Diana se levantando para surgerir uma troca de lugares que Hela logo aceitou.

- Tem certeza de que isso é uma boa ideia?- Questionou Caleb as encarando enquanto caminhava de volta para a mesa.

- Absoluta! Agora sente-se e vamos tentar de novo.- Disse Diana, que logo foi obedecida pelo homem, que se sentou e assim todos deram as mãos e ficaram em silêncio com os olhos fechados.

- Praecipio tibi ut id mihi facias quod videre non possum.- Disse Hela quando as velas se acenderam novamente, tornando o ambiente ainda mais tenso do que já estava antes.

  Ela apertou a mão de Caleb e franziu o cenho. Ela estava fazendo força para conseguir ver. Uma dor forte e aguda invadiu a cabeça de Hela enquanto ela entrava em uma espécie de transe, e logo seu corpo caiu para frente, fazendo Caleb e Diana ficarem alarmados com a situação.

- Ela conseguiu...- Disse Diana vendo Caleb segurar a esposa nos braços. - Ela está vendo.- Complementou ela com um leve sorriso.

  Caleb não se importou muito com suas palavras e correu para o quarto com ela nos braços. Mais uma vez ele se sentou ao lado dela e segurou sua mão gelada esperando que ela acordasse.

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  Em um momento do mundo, você percebe que tudo acontece por um motivo. As vezes ou sempre não importa esse motivo, é para acontecer e mesmo que as vezes seja doloroso ele é passageiro.

  Não se sinta mal com esses momentos da vida, mesmo que demore para chegar a sua vitória, o seu dia de alegria. Ele não vai correr de você, então é por isso que devemos aproveitar o que é bom e eliminar o que é ruim, assim como Hela fez. Mas é claro que nada vem sem consequências, sejam elas boas ou ruins como são na maioria das vezes.

  Quando ela abriu os olhos, não estava em um lugar familiar. Estava encolhida em uma sala bem no cantinho dela, e bem na frente haviam um grupo de homens e mulheres conversando. Hela percebeu que estava na sala de reunião da S.D.F por conta da estética e da logo cravada na parede logo atrás deles.

  Ela se levantou imediatamente, mas eles pareciam não vê-la ali de forma alguma. Hela se concentrou apenas em escutar, pois sabia que tinha conseguido seu maior objetivo no momento. Também havia um objeto na mesa em que estavam, a mesa era retangular, e em seu centro ela pôde notar que era a adaga de ouro... A relíquia tão temida por ela no momento.

- Vamos nos preparar... A primeira parte do plano está completa. Nós vamos vigiar cada passo dela... Cada dia, cada noite e o tempo todo.- Disse um deles se levantando da cadeira, este era loiro e usava óculos com lentes completamente azuis.

- E depois, fazemos o quê exatamente?- Questionou uma mulher ruiva se esticando para a mesa.

- Hela irá fazer de tudo para tirar a adaga de nós. Vamos mudar ela de lugar constantemente, e vamos...- Ele parou a fala como se estivesse sido interrompido. Ele virou lentamente a cabeça para onde estava Hela.

  No momento ela viu que claramente ele a estava vendo. Mas ela tinha um ponto... Ele podia enxergar sua forma espiritual como ninguém mais podia, por assim dizer.

  Hela se sentiu extremamente ameaçada, apertou os olhos e punhos imediatamente e como um trem bala ela abriu os olhos e vou que estava na casa de Diana.

  Ela ofegou por alguns instantes, seu peito subiu e desceu e ela permaneceu naquela posição por tempos com Caleb a encarando. Seus olhos estavam escurecidos, possivelmente a adrenalina fez sua pupila se expandir momentaneamente. Pelo menos havia uma explicação lógica e ele entendia isso, então esperou até que ela se recuperasse totalmente.

  Hela se sentia angustiada, com o sentimento de falha por não ter conseguido realizar seu trabalho com sucesso. Mas também estava um pouco contente com o fato de eles saberem que não seriam eles quem iriam vigiá-la, e sim o contrário.

  A morte te observa, querido.
Não tente fugir, sua hora virá;
Mesmo quando acordar.
Se eu fosse você, se eu fosse você;
Com certeza não iria querer...
Querer que a morte me observe;
Como ela observa você...
Não se sinta deprimido;
Ao menos você tem companhia;
E se não tivesse, doce alegria?
Viver sozinho é solitário;
Viver com a morte é complicado;
Pois você sabe que ela veio buscar;
Buscar a alma amargurada.
Aproveite a vida, doce alegria;
Quando chega a morte;
Ela nunca será visita.
A morte tem medo...
Medo que não morra.
Se quer deixá-la assustada;
Então diga à dona morte
Que não há nenhuma alma;
Nenhuma amargurada;
Para que ela possa levar.

  É complicado, tudo é complicado nesses momentos. Você não sabe nada do que está acontecendo, e isso te deixa com muita angustia.

  Era essa a emoção de Hela agora, a angustia e a raiva também.

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