Pandemia- A morte não tem salário

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  Todos sabemos que a vida têm golpes baixos para dar, e isso faz parte. Sem provas não há resultados.

  As pessoas abominam essa ideia, a ideia da vida não dar tudo de graça. Mas tudo tem um propósito, querendo ou não... Existem pessoas de todos os jeitos, preconceituosas, intolerantes, boas, más, pessoas malucas e a que não é nada, nem boa, nem ruim ou preconceituosa. Na verdade, há grande variedade dessas pessoas.

  Mas todos acreditamos em alguma coisa, os ateus acreditam na ciência, os religiosos em Deus e no diabo. Não importa a crença, a verdade é que se existe, têm um propósito para sua existência. Por exemplo: Se a morte existe, ela tem uma função e não é paga para fazê-la. Hela é uma prova viva disso, que as vezes pessoas, seja quem for, fazem sacrifícios e não recebem nada em troca.

  O correto seria ninguém ter privilégios, todos morrem algum dia. Mas é isso que as pessoas fazem hoje em dia... Elas gostam e sentem prazer em contrariar a coisa certa. O que é certo é errado, e o que é errado é certo.

  Lendo isso, parece irônico e um monte de bobagens. Mas tudo bem, todos temos liberdade para produzir opiniões próprias, mas as vezes é isso que estraga a humanidade.

    Por volta das 02:40 da manhã, no alto de uma montanha. O clima frio era agressivo para um pobre humano estar sujeito a ele. Uma mulher, na verdade... Baixa, olhos claros, morena e um corpo esguio. Que caminhou até a beira daquela montanha com nada mais além de um casaco, calças e um cachecol. Certamente era um desafio em tanto para morte que a observava.

- O que aconteceu, criança?- Questionou Hela caminhando e parando atrás da mulher, que tremia de frio e já estava com os pés machucados pelas queimaduras de temperaturas muito baixas.

- Quem é você?- Perguntou a mulher de virando para ver a figura esbelta de Hela parada ali.

- Se eu te contar eu vou ter que matar você.- Disse Hela cruzando os braços e se encostando em uma árvore próxima.

- Eu vou pular.- Disse a mulher se abraçando devido o frio extremo.

- Criança, não pode discutir com a morte quem morre primeiro.- Disse Hela com uma voz calma.

- Então você é a morte? Achei que tivesse dito que iria me matar se contasse.- Disse a mulher voltando a observar a altura do lugar.

- Você já vai morrer de hipotermia antes que possa pular...- Disse Hela caminhando até a mulher e parando bem em suas costas.

- O que você quer?- Perguntou a mulher com uma voz trêmula.

- Não seja tola, Hécate... Sou eu quem decido quem vive e quem morre!- Disse Hela colocando as mãos no ombro da outra mulher. - Pule e ficará agonizando até a polícia te encontrar amanhã.- Hela apertou os ombros dela com certa força.

- Eu prefiro que você me mate aqui em cima de pé do que me fazer voltar para a vida lá embaixo.- Ela se virou para Hela.

- Sendo assim...-  Hela então agarrou o pescoço da moça e a ergueu do chão. Geralmente ela escutava pequenas tentativas de respirar, mas esta aqui não... Nada.

  Hela se perguntou por quê o ser humano iria querer morrer se seu tempo de vida já é curto além de só poderem viver uma só vez.

  Ela deveria perguntar para Caleb o motivo, com certeza ele entenderia mais sobre o assunto.

  Essa pandemia só iria trazer mais trabalho para ela agora. Ou talvez não... Poderia ser fácil só levar almas embora, como um anjo da morte. Mas nesse caso ela não era um anjo e nem algo parecido. Nem um demônio, pois até eles os demônios são anjos, só que caídos.

  Buscar almas não era mais tão divertido quanto costumava ser. Mas ela percebeu que a humanidade só estava cada vez mais suja e corrompida. Naquela noite ela não dormiu mais tão bem quanto normalmente estava conseguindo dormir desde que se mudaram.

  Ela só ficava olhando para o teto e pensando naquelas falas de Hécate, que tiveram um efeito absurdamente perturbador em Hela.

  Ela nunca se imaginou perturbada por meras palavras vindas de uma mortal. Quem imaginaria que no fundo elas fariam tanto sentido?

  É como pensar que a morte pode ser ou é uma mulher. Esse pensamento te faz refletir? Ou você se considera uma pessoa fria o bastante para não refletir nada? Se até ela estava pensando em simples palavras ditas segundos antes de uma morte? Ela te assusta? Deveria?

- Ainda acordada, amor...?- Questionou Caleb acariciando as madeixas longas e escuras do cabelo de Hela.

- Celeb, por quê um humano pode querer tirar a própria vida?- Logo questionou ela se virando para deitar sobre o peito de Caleb.

- As vezes pode ser uma tristeza profunda... Eu não sei explicar, as vezes a dor é grande o bastante para que suportem ela, e para acabar com essa dor, é melhor que acabem com a própria vida também, eu acho...- Disse Caleb abraçando Hela enquanto explicava.

- Fui buscar uma mulher hoje... Hécate.- Disse ela suspirou. - Ela ia pular de uma montanha, eu disse para ela que só eu poderia determinar se ela morreria ou não...-

- E então...?- Questionou ele olhando para o teto enquanto escutava ela falar.

- Ela me disse que preferia morrer em pé lá em cima do que voltar para a vida em baixo...- Disse ela como se isso pesasse profundamente em seu peito. - E então eu fiz...-

- Acho que a razão para você ter feito isso é porque você sentiu compaixão por ela?- Perguntou ele fazendo uma breve pausa. - As vezes ela estava sentindo uma dor incomensurável para dizer e fazer alguma coisa assim.- Disse ele terminando sua fala.

- Entendo... Obrigada, Cale.- Disse ela finalmente fechando os olhos e suspirando pesadamente.

  Hela não entendia muito da humanidade, ela estava aprendendo muito vivendo em Midgard apesar dela não conviver com muitos mortais Caleb parecia entender muito melhor do que ela.

  Hela não era das pessoas mais inocentes, certamente no fundo dos olhos azuis celestes de Caleb ele tinha mais pureza do que Hela. Eles certamente eram um casal incrivelmente parecidos, quase os mesmos gostos... Pelo silêncio, os lugares calmos e tranquilos, além de serem casas tradicionais, é claro.

  As moradas de Hela com certeza eram ainda mais antigas, mas ela preferia aquelas de programas de televisão. Talvez fosse um interesse genuíno pelo conforto que aquelas casas pareciam ter, e isso é o que ela quer. Conforto e uma vida tranquila com seu amado esposo Caleb.

  Ela é a prova de que algumas pessoas, humanas ou não podem mudar no momento certo, no lugar certo e com a pessoa certa.

  Logo pela manhã, estava frio... Um tempo fechado e aconchegante do jeito que ela gostava. Mas um pouco diferente, ela encontrou um pequeno gatinho preto nos fundos da casa, bem no final do grande jardim.

  Ela sempre gostou de gatos, este a fazia lembrar de Fenris. Então foi até o pequeno gatinho e acariciou atrás de suas orelhas, e isso pareceu agradar o animal. Hela decidiu ali naquele momento que ela queria cuidar dele.

 

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