"Livro 5 da Série Barcelona"
Assim como em toda empresa, a Azenez não foge do padrão das regras clássicas: sem relacionamento entre os funcionários.
Matteo, o herdeiro e rebelde que adora quebrar regras desde criança, passou por cima dessa regra esp...
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O meu dia começou caótico a partir do momento em que eu perdi o horário essa manhã, ou melhor, o Matteo me fez perder.
Ele voltou ontem para a Itália e perguntou se eu poderia buscá-lo no aeroporto... Eu fui, e a partir daí, o roteiro já estava escrito. Isso sempre acontece entre nós dois no nosso não-relacionamento.
O que algumas taças de vinho não fazem, não é mesmo?
Preferia enganar a mim mesma que era tudo fruto do vinho. A primeira vez que ficamos, eu tinha exagerado nas taças de vinho, e desde então, uso isso como desculpa. Tudo bem que, nos dias atuais, não preciso de nenhuma taça de vinho para estar nua na cama dele.
Não me orgulho de dizer que eu transo com o meu chefe. Eu sei que as coisas fugiram do controle. Isso é algo que a Cinthia sempre fala para nós dois, e errada ela não está. De alguns meses para cá, tanto eu quanto o Matteo sabemos que estamos passando dos limites, principalmente na empresa.
Acho que um dos motivos pelos quais ele passou os últimos meses em Barcelona foi esse. Com ele lá e eu aqui, não corremos os riscos de sermos pegos e as coisas saírem do controle definitivamente. Pensei que esses meses seriam bons para mim, que eu conseguiria colocar a cabeça no lugar e perceber o que estava acontecendo, mas não foi bem assim... Eu senti a falta dele todos os dias.
Conciliar nosso "relacionamento" na empresa é uma tarefa complicada. É difícil separar os momentos em que sou Valentina, a chefe do departamento de química, conhecida como Dra. Química, e os momentos em que sou apenas Valentina, tentando manter um relacionamento disfuncional com o meu chefe.
No laboratório, sou rigorosa, exigente e focada. Meu trabalho envolve liderar uma equipe de pesquisadores talentosos, desenvolver novos compostos químicos e garantir que nossos projetos estejam sempre à frente da concorrência. Eu sou responsável por decisões importantes, e minhas palavras têm peso. A pressão é constante, mas é algo que sempre lidei bem, ou pelo menos, costumava lidar antes do Matteo entrar na equação.
Matteo, como CEO da empresa, tem a autoridade final em praticamente todas as decisões, assim como a Maya, mas essa dinâmica de poder é o que complica tudo. Durante o dia, quando estamos em reuniões, muitas vezes me pego esquecendo que ele não pode simplesmente dizer "amém" para tudo o que eu digo. Esperar que ele se submeta a todas as minhas vontades é injusto, mas é um hábito difícil de quebrar, especialmente quando nossas noites são uma continuidade tão íntima de nossos dias.
Por mais que tentemos manter a relação profissional no escritório, há sempre um olhar, um toque, uma palavra sussurrada que quebra a fachada. E quando estamos em desacordo, a tensão é palpável. Um simples desacordo sobre um projeto pode facilmente escalar para uma discussão pessoal, com frustrações acumuladas de ambos os lados vindo à tona.
É difícil, e ao mesmo tempo que eu sei que deveria sair disso o mais rápido possível, mais eu quero continuar nessa relação que temos.
