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Me sentei à mesa com uma cautela que ele talvez não notasse, mas que queimava em mim. Cumprimentei Allan rapidamente, sentindo o peso de estar ali, como se algo estivesse prestes a acontecer. Eu sabia que precisava impor um limite logo no começo. Ele estava ali à minha frente, com o mesmo olhar que anos atrás me causara raiva, mas agora era só um estranho com quem eu dividia uma mesa.
— Não posso ficar muito tempo. — Falei, já me preparando para encurtar qualquer tentativa de conversa longa. Allan sorriu, ignorando a minha pressa.
Ele se inclinou para frente, mantendo a mesma postura descontraída de quem conhece a situação e sabe mais do que aparenta. Parecia divertido, mas havia algo ali, nos olhos dele, que não deixava dúvidas de que ele não se esquecera de nada. Era como se cada palavra dele fosse uma tentativa de ultrapassar essa barreira que eu tentava manter erguida. E, por um instante, me questionei o que ele realmente queria com aquele reencontro.
— Tudo bem, cara, eu também não tenho o dia todo. — Respondeu Allan, parecendo despreocupado. — Só achei que seria bom nos atualizarmos. Muita coisa mudou, não é? Digo, pra mim, mas principalmente pra você. Sua família, sua vida... — Ele parou, como se estivesse dando uma olhada de cima a baixo no "Matteo" de agora.
Aquela frase bateu fundo. "Atualizarmos"? Eu queria que ele me dissesse o motivo real de estar ali, sem essa cordialidade superficial que parecia mais uma fachada do que qualquer outra coisa. Ele jogava essas frases soltas, mas eu sentia que não era só curiosidade casual; tinha algo mais ali, algo que ele tentava mascarar.
— Muita coisa, sim. — Respondi, secamente.
Queria parecer o mais distante possível. Estar ali, ouvindo as palavras dele, me fazia pensar na adolescência, em tudo que ele representava e como nunca mais quisera ver o rosto dele depois do que aconteceu com a Maya.
— Sabe, você mudou, Matteo. — Continuou Allan, ignorando minha frieza. — A empresa, a responsabilidade... É, acho que crescemos, afinal. Inclusive... Vi que a Maya e o Brad realmente ficaram juntos. Fico feliz por eles. Mais do que antes, pelo menos. — Disse, e pude ver um sorriso falso, como se estivesse admitindo algo a contragosto.
Um misto de ironia e cautela começou a me tomar. Era estranho como ele agora falava da Maya com essa leveza, sem nenhum resquício da arrogância de anos atrás. Parte de mim se irritava com isso, mas, ao mesmo tempo, eu queria entender. Será que ele estava ali por ela, ou por alguma outra razão que ele ainda não disse? Enquanto pensava, as palavras da Cinthia ecoaram na minha cabeça: "Só tome cuidado, Matteo. Às vezes, a gente acha que as pessoas mudaram, mas o que elas querem mesmo é outra chance de fazer a gente cair."
— E você, Allan? O que tem feito? — Perguntei, fingindo interesse. Queria ver se ele revelaria algum detalhe, algo que me permitisse entender o que ele estava tentando com esse reencontro.
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química || matteo & valentina
Random"Livro 5 da Série Barcelona" Assim como em toda empresa, a Azenez não foge do padrão das regras clássicas: sem relacionamento entre os funcionários. Matteo, o herdeiro e rebelde que adora quebrar regras desde criança, passou por cima dessa regra esp...