CAPÍTULO 8

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Continuei a contar a história toda para ela. Desde do momento da traição, até o momento que eu tinha ido para a balada beber, e transar até ficar louco.

Você conseguiu encontrar o que você queria??

ㅡ O que?

ㅡO macho que tu transou, né, Babe, ele era bom? Talvez tenha sido certo? Ao ponto de você ter se derretido por ele. ㅡ Falou como se fosse óbvio.

ㅡ Oxe, eu não sou tão gay assim não como você pensa, não só piscar pra mim e eu virar a bunda e dar pra qualquer um não, P'Jane.

Ela gargalhou desacreditada. "Sabia, Babe, que às vezes agradeço a Deus por você ser meu irmão mais novo?" disse ela, sentando-se ao meu lado.

Levantei o olhar, curioso, mas sabendo que vinha algo a mais. "É mesmo? E por quê?"

Ela sorriu, tentando parecer sincera. "Porque assim tenho algo para ensinar a você. Se você fosse mais velho, acho que não teria nada de bom para me ensinar."

Fingi estar profundamente ofendido, colocando a mão no peito como se tivesse recebido um golpe mortal. "P'Jane! Como você pode dizer uma coisa dessas? Eu sou uma fonte inesgotável de sabedoria!"

Ela riu, já acostumada com minhas reações exageradas. "Claro, Babe. Uma fonte inesgotável de sabedoria... sobre como queimar macarrão e transformar bolos em carvão, de como falar besteira o tempo todo também."

Cobri o rosto com as mãos, como se estivesse prestes a desmoronar em lágrimas. "Isso é demais! Como você pode ser tão cruel com seu irmãozinho indefeso?"

P'Jane revirou os olhos e se aproximou, dando-me um beliscão no braço. "Pare com esse drama, Babe. Você não engana ninguém."

Soltei um falso grito de dor e me joguei no sofá, fingindo chorar. "Ai, P'Jane! Você é tão má!"

Ela apenas riu mais ainda, bagunçando meu cabelo. "Você é impossível, Babe. Mas eu te amo mesmo assim."

No fim, rimos juntos, sabendo que, apesar das provocações e brincadeiras, o carinho entre nós era genuíno e forte. Afinal, irmãos são assim: brigam, se provocam, mas sempre acabam rindo juntos.

Suspirei, olhando para ela. "Sabe, ainda estou meio abalado com o que aconteceu. A descoberta de que o pai pediu para o Kenta me vigiar..." Soltei no ar sabendo que era inevitável. Precisava desabafar.

"Meu Deus! Eu nunca pensei que ele chegaria a esse ponto."

Balancei a cabeça, tentando encontrar as palavras certas. "Não é só o fato de ele ter descoberto que dormi com aquele cara. É o fato de ele não confiar em mim o suficiente para me deixar cuidar da minha própria vida."

P'Jane colocou a mão no meu ombro, num gesto de conforto. "Eu entendo. É difícil quando nossos pais ainda nos veem como crianças. Mas ele só está preocupado, Babe. Quer garantir que estejamos seguros."

Revirei os olhos, um pouco frustrado. "Sim, mas ele não pode controlar tudo. Preciso aprender com meus próprios erros também. E, honestamente, a noite passada foi incrível. Eu não me arrependo de nada."

Ela riu levemente, balançando a cabeça. "Você sempre foi assim, vivendo intensamente cada momento. E é isso que eu admiro em você, sabia? Mas, talvez, papai só precise de um tempo para se acostumar com o fato de que estamos crescendo."

Olhei para ela, sentindo-me um pouco melhor. "É, talvez você tenha razão. Só que... ser vigiado pelo Kenta foi demais. Senti-me tão invadido."

P'Jane suspirou, olhando para a janela. "Mas, talvez, possamos conversar com o papai juntos. Ele precisa entender que você está pronto para assumir mais responsabilidades."

"Mas, ele nunca me escuta, P'Jane.. Talvez a você sim mas a mim, não. Ele me ama, certo? Mas por que ele teme tanto confiar em mim? É pedir tanto isso?"

"Não é que ele tema, ele só te ama tanto que ele quer te proteger. Ele viu no fato de você estar com outro cara um possível escândalo, isso não seria bom para você, você sabe como a imprensa reage a certas coisas. Eles tentariam o possível e impossível para derrrubá-lo do cargo."

"Eu sei disso, P'Jane, mas é minha vida. Eu posso decidir certas coisas sozinho."

"Babe, não é questão de ser sua vida. O fato de que a mãe lutou por aquela empresa não foi atoa. Ela pôs sangue, suor e lágrimas ali e foi muito difícil para ela. Ela queria que os filhos dela pudessem se estabilizar, ela criou aquela empresa pensando no nosso futuro, Babe. Então, não podemos virar as costas pra isso. O pai é durão, sim. Porém ele só ficou assim depois que a mamãe morreu, ele sentiu sobrecarga nos ombros por ter que cuidar de dois filhos. É difícil pra ele também."

Fiquei meio atordoado sem saber como reagir então evitei proferir algo. Fiquei em silêncio e ela continuou.

"Olha, Babe, talvez devêssemos mesmo falar com ele. Você tem que explicar como você está se sentindo em relação a tudo isso, eu realmente me incomodei com o fato de ele colocar o Kenta para te espionar. Não foi nada agradável, e eu não concordo com isso, por isso mesmo que as coisas devem ser esclarecidas, e eu vou estar lá para te ajudar sempre que você precisar, certo? E você sabe disso.

Assenti, concordando. "Acho que vale a pena tentar. Só espero que ele esteja disposto a ouvir."

Ela sorriu, apertando meu ombro de leve. "Ele vai ouvir. Somos uma família, e precisamos resolver isso juntos. E, quem sabe, da próxima vez que você encontrar alguém incrível, não precise se preocupar com Kenta te vigiando."

Rimos juntos, sentindo a tensão diminuir um pouco. Sabíamos que a conversa com nosso pai seria difícil, mas estávamos prontos para enfrentá-la juntos. Afinal, éramos irmãos, e sempre estaríamos lá para apoiar um ao outro, não importa o que acontecesse.

"E sem contar que você não disse o nome do seu peguete pra mim, quem sabe eu possa conhecer."

"Ele não é meu peguete, P'Jane. Foi só uma transa. Não é como se eu fosse pedir ele em namoro ou algo assim."

"Ah, tá bom, seu chato! Só me fala o nome dele. Anda, anda, eu quero saber.."

"Eu não lembro, P'Jane. Eu tava muito bêbado, não sabia nem o que estava fazendo direito, quando eu acordei ele nem estava mais lá."

"Affs, Babe. Como tu é imprudente!" Bateu novamente na minha cabeça. "Já que tu não sabe nem o que tá fazendo da vida, vai tomar um banho pelo o menos pra esfriar a cabeça".

"Está bem.." Assenti e fui subindo as escadas, antes de subir completamente encarei as costas dela.

Desculpa, P'Jane, por ser um Nong ruim. Mas, eu realmente não quero colocar o Charlie em perigo. Não quero nem imaginar o que Pòr pode fazer se souber, então é melhor evitar.

Suspiro fundo e ainda me sentindo culpado por mentir, continuo meu rumo.

FULL SAVAGE [CHARLIEBABE]Onde histórias criam vida. Descubra agora