Georgetown, número 77, Washington DC. Nesse endereço, você me encontrará, assim como Sushi, minha gata nada amigável com quem tenho a curiosa sorte de dividir a vida.
Desde que comecei a faculdade de Direito, não tenho me sentido cercada de amigos. Os veteranos não são exatamente acolhedores, e isso não tem despertado em mim o desejo de socializar. No entanto, para não dizer que estou completamente sozinha, tenho a Alice, uma amiga querida que conheci logo que me mudei para cá.
Alice é o oposto da minha personalidade misteriosa e introvertida. Ela sempre me coloca em situações memoráveis e sua risada é um bálsamo nos dias difíceis. Estudante de publicidade, ela está no seu último semestre, e isso me deixa um pouco apreensiva, pois logo estarei de volta ao placar de zero amigos na universidade. A ideia de perder sua companhia me faz refletir sobre como a amizade pode ser um porto seguro em meio a tanta incerteza.
Meus pais permanecem em Seattle e nossa relação não é das melhores. A morte da minha irmã mais nova, Daiana, provocou uma rachadura na nossa família. Quando deixei aquele lugar, foi um alívio, especialmente ao lembrar das memórias que permeavam cada canto da casa. Doía saber que eram apenas lembranças, hoje, carrego a tristeza de ter perdido a pessoa que mais amava e o peso de seguir em frente.
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Após uma longa aula, abri a porta do apartamento e fui recebida pelo suave miado da Sushi, que logo começou a se esfregar nas minhas pernas.
— Boa noite, garota! — disse, acariciando seu pequeno corpo cinza.
Tranquei a porta atrás de mim, coloquei as chaves na cômoda e admirei como a lua iluminava a sala. As noites eram tranquilas e solitárias, e eu me perdia em meus pensamentos, voltando à realidade quando a gatinha fazia seus sons pela casa.
Depois de um banho revigorante, apoiei a cabeça no travesseiro, achando que finalmente poderia descansar. Mas algo estava acontecendo no apartamento ao lado. Ouvi passos, batidas e a música, que ecoava, invadia meu quarto.
O relógio marcava 23:12, e eu me perguntei: o que levaria alguém a fazer uma mudança tão tarde? Seria entusiasmo ou desespero? De qualquer forma, a chegada dessa pessoa trouxe um pouco de agitação e, felizmente, um gosto musical interessante.
Fechei os olhos e deixei que o som envolvesse meus sentidos. Normalmente, não consigo dormir com barulhos, mas o cansaço começou a me vencer. Minhas pálpebras estavam pesadas e, aos poucos, a música se tornava um eco distante. Com isso, adormeci, alimentando a curiosidade sobre quem seria nosso novo vizinho ou vizinha. Será que trariam consigo novas histórias, ou talvez um pouco de vida para este lugar tão quieto? O mistério me acompanhou nos sonhos, onde imaginei encontros e conversas que poderiam aquecer as noites solitárias.
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O DESEJO DE DAKOTA
RomanceAs noites sempre foram silenciosas, envoltas em uma calma que quase parecia mágica. Mas tudo se transformou quando ela se mudou para o apartamento ao lado. As paredes finas do prédio não eram apenas um obstáculo físico; elas transformaram-se em um v...