Ilusões

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Apesar de todas as coisas horríveis que possam ter acontecido com meu irmão, eu nunca tive pesadelos com ele. Oliver sempre apareceu nos meus sonhos mais calorosos e pacíficos, onde geralmente brincávamos, sem nenhum resquício de sangue e desgraças.

Lembrei que Feitan ousou abrir a porta onde eu mantinha todos seus pertences. Eu não deixei transparecer mas eu queria muito chorar aquela hora. Eu, que geralmente nunca perco a calma, poderia ter desmontado a qualquer momento na frente dele.

Esfreguei os olhos e tomei coragem para levantar da cama. Ao olhar o relógio percebi que já era tarde o suficiente para uma família sentar-se e almoçar na mesa, nós parecíamos uma família feliz até comendo restos de ossos. Escovei os dentes, lavei o rosto e fui até a sala, procurando pelo meu "hóspede", mas ele não estava lá. Então, decidi me dirigir até o escritório, esperando que seria o lugar que eu o encontraria.

O quarto escuro era iluminado apenas pela luz solar que penetrava a brecha da janela, mas não chegava a iluminar Feitan. Ele realmente dormiu com a cara no chão? É raro ver ele tão vulnerável assim.

— Feitan! — falei enquanto ia me abaixar em sua direção — eu disse para você que tinha um colchão inflável

Ele apenas resmungou e não me respondeu, então completei: — Desde que te conheci, nunca imaginei que te veria de ressaca

Feitan abriu lentamente os olhos enquanto eu me abaixava em sua direção, reclamando Inda mais e me fazendo rir da situação; peguei o colchão e enchi para ele.

— Bom, tá aqui se você não quiser ter dor nas costas. Mas não espere que eu te carregue

Sem resposta, deixei o quarto e fui comprar algo para nós comermos. Tinha uma padaria ao atravessar a rua e a vizinhança daqui era bem amigável, mesmo que eu não parasse em casa, todos lembravam de mim e me reconheciam.

Chegando no apartamento, sem apetite, larguei as compras na mesa e fui aspirar todos os cômodos, com exceção do que estava trancado. Três horas e meia foi o tempo suficiente para que eu comprasse coisas rápidas para comermos, limpasse tudo e tomasse banho.

Meu rosto estava cansado, não teve um dia que demorei a dormir. Estava tão focada em me olhar no espelho da sala que tomei um susto quando me deparei com Feitan no sofá lendo uma revista. Seu rosto estava descoberto e ele usava um casaco e calças pretas. Me sentei ao lado dele e perguntei:

— Ta melhor?

— Sim — ele respondeu tranquilamente enquanto folheava as páginas.

Eu me aproximei para espiar o que ele lia. A capa do livro era cinza e amarela, e podia ver uma menina loira de tranças na capa. O autor parecia ser Trevor Brown.

Ele me olhou e percebi que eu não fiz nenhum esforço para esconder que estava tentando ver, já que eu estava quase com a cara no livro. Ele se afastou um pouco de mim e virou o livro na minha direção para que eu pudesse ver. Considerando a personalidade do Feitan, foi até que bem gentil da parte dele.

Ao observar, percebi que se tratava de um livro de arte. Em suas páginas estavam desenhos de meninas em situações grotescas e sangrentas. Mesmo sendo bastante perturbador, compreendo por que ele se interessava, e até eu gostei, a arte era bem bonita.

Ficamos um tempinho no sofá, na verdade, bastante tempo. Olhamos página por página, até que ele finalmente fechou o livro quando terminamos. Bem, agora eu já tenho uma ideia do que dar de presente de natal para ele.

— Já sabe quando a gente vai roubar aquele negócio lá que você quer? — ele perguntou, mudando completamente o assunto

— É o Castelo Dresden — Respondi em um tom sério

Your Umbrella | Feitan x F!OCOnde histórias criam vida. Descubra agora