22 - ACERTO DE CONTAS

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O objetivo de uma montanha russa é nos divertir. Eu sinto que estou em uma, mas não é divertido, aliás, nada, nem um pouco divertido. Está me causando enjoo, dor de cabeça e tontura. Quando ela dá seu último rodopio, vejo uma luz ardente que cega minha vista.

Oh Deus! Seria o céu?

A luz segue queimando minha vista me despertando, percebo que estava dormindo. Abro bem de leve meus olhos cansados, vejo que a luz que me cega é da cortina aberta. Tento me levantar mas minha cabeça lateja e gira igual peão.

— Meu Deus, que sensação horrível... — Digo baixinho para mim mesma.

Volto a deitar e levo as mãos à cabeça como se assim fosse possível fazê-la parar de girar. Claro que não funcionou. Decidi ficar quieta por um tempo. Claramente eu estou com uma puta ressaca.

Vislumbres da noite anterior invadem minha mente. Sorrio com a maioria delas. O auge foi dançar com Maxon, minha boca se curva involuntariamente ao lembrar daquele momento. Depois que dançamos, eu enchi a cara, bebi uma atrás da outra e não me lembro de absolutamente nada, nem como cheguei em casa.

Em casa? Abro meus olhos assustada. O que eu mais temia nas profundezas da minha alma estava acontecendo. Sento bruscamente e me dou conta na hora.

— Não estou em casa...

Em resposta ao meu movimento brusco minha cabeça lateja. Mas logo esqueço a existência da dor quando começo a olhar em volta e passo a reconhecer o ambiente. Levo a mão à boca. Esse é o quarto do Maxon. Ao comprovar isso vendo algumas fotos na mesa de cabeceira, levo minha outra mão a boca deixando o lençol cair, sinto um ar gelado pelo meu corpo. Olho para baixo.

Eu estou pelada.

Minha Nossa Senhora eu estou pelada!

Sem pensar muito, puxo o lençol para me esconder, arrisco olhar para debaixo das cobertas, torcendo para nenhuma peça a mais estar faltando, mas acabo sentindo meu corpo gelar.

— Ai minha nossa! Cadê minha calcinha? America! O que você fez!?

Começo a me desesperar. Eu não me lembro de nada! Será que transamos? Meu Deus! Eu perdi minha virgindade e nem me lembro como foi?

Não, não, não... eu não posso ter sido tão estúpida. America que merda você fez?

Estou atordoada, encolhida na cama me sentindo pequena. Eu não podia ter sido mais irresponsável. Se meus pais descobrem, eles me matam. Mas antes, é melhor ter certeza que fiz merda mesmo, e só saberei disso falando com Maxon.

Me levanto enrolada no lençol e fui em direção do closet, mas antes uma passada rápida no banheiro para vomitar. De volta a caminho do primeiro destino, pego uma bermuda e uma camiseta. Respiro fundo e tento ajeitar meu cabelo que estava mais para uma palha velha, toda quebrada. Sem sucesso, apenas faço um coque desajeitado e vou para a porta, mas antes de abri-la, escuto vozes alteradas.

— Mãe eu não quero saber... — é o Maxon, está irritado. Parece que sua mãe está aí.

— Filho, por favor, ele é o seu pai... — sua voz é doce e calma.

— Então vá lembrar a ele desse fato, porque eu estou bem ciente.

— Faça o favor de aparecer amanhã à noite lá, se não por ele, por mim e sua irmã.

As vozes ficaram baixas, quase inaudíveis.

— Tchau mãe, foi bom te ver.

— Tchau querido. Volte pra casa, sim?

E a porta se fecha, suponho que ela já deve ter ido. Não sei o que fazer. Pelo tom das vozes, foi uma conversa séria. E se ele não estiver bem para me ver? Bom, em alguma hora isso vai ter que acontecer, afinal, estou na casa dele e ele não vai embora. Respiro fundo e abro a porta.

Formaríamos um Maravilhoso NósOnde histórias criam vida. Descubra agora