33 - REVELAÇÕES

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A sensação de imponência é frustrante. Ter alguém que você ama nos seus braços num estado totalmente fragilizado, ao qual você vê o sofrimento aparente e não há nada que você possa fazer para ajudar, é uma merda. Uma grande merda.

Assim que vi May aos soluços, abri meus braços para recebê-la, ela não exitou em vir correndo se abrigar no que lhe parecia mais seguro no momento. Eu estava aflita e preocupada, nunca na vida vi May assim. Agora sentada no chão, eu tento acalmá-la enquanto ela está deitada com o rosto sobre minhas pernas e com os braços agarrados na minha cintura.

É terrível ver minha irmã, um ser tão cheio de vida e astúcia, tão vulnerável. Assim que senti que a respiração dela acalmou, tive coragem de abrir a boca.

— May, o que houve? — perguntei enquanto afagava seu cabelo, mas me arrependi, May tentou engolir o choro, no entanto, as lágrimas escaparam.

— E-e-eu, e-eu — ela tentava dizer, mas não conseguia.

— Se acalma — sequei suas lágrimas com minha mão, tentando tomar a dor dela para mim, mesmo sem saber o que a afligia tanto — você está muito nervosa.

— Ames... — ela choramingou e apertou o tecido do meu pijama. Em resposta eu acariciei seu braço, ela precisava de mim, e eu estou ali por ela.

— Vem — disse fazendo sinal de me levantar — vamos para a cama, podemos conversar amanhã de manhã, você não está bem para falar agora — sem protestos, May se levantou e eu a ajudei a se cobrir assim que ela se deitou.

— E-e-eu estou me-me sentindo ba-baixa, su-suja.

Ao ouvi-la, poderia jurar que senti minha alma saindo do meu corpo. Uma angústia sem tamanho cresceu dentro de mim. Eu me perguntei o que aconteceu para ela ficar assim, mas nunca imaginaria algo tão terrível. Não, não podia ser isso, não podia ser o que eu pensava. Com ela não. Por Deus! Com ela não.

— Shiii — soprei suavemente ficando de joelhos à sua frente.

O mais triste, era que eu não conseguia olhar para ela. Eu carinhosamente passava minhas mãos pelo seu rosto, seu cabelo e seu braço a fim de conseguir tranquilizar May o máximo possível, mas não podia encará-la, não podia permitir que ela visse as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, pela tamanha dor que eu sentia. Eu tentava me manter firme, por ela, pois ela precisava de apoio mais do que nunca, e ela buscou a mim para isso, mas eu não conseguia ser essa força que ela tanto precisa.

Agradeci imensamente quando os olhos dela pesaram e sua respiração normalizou. May finalmente ressonava em um sono tranquilo, permitindo que eu, desabasse.

Me sentei no chão com ela atrás de mim respirando suavemente. Abracei minhas pernas e chorei, chorei em silêncio pois agora, as palavras dela vagavam na minha mente me perturbando, "me sinto baixa, suja". Eu tentava buscar justificativas para ela estar se sentindo dessa forma, e sentia meu coração se partir em milhões de pedaços pois a conclusão sempre dava na mesma, sempre na mesma merda!

Puxei meus cabelos tentando de alguma forma abafar o grito que eu tanto queria soltar. Só de pensar em May, esse ser de luz, tão maravilhosa, divertida, otimista, astuta, determinada e sem dúvidas tão amada por mim, passando por algo tão terrível... me mata, me mata por dentro.

E acabava comigo ter a certeza que a partir de agora, ela nunca voltará a ser a mesma, ela não voltará a ser a peste que atormenta todos os meus dias.

Já passavam das quatro da madrugada e eu ainda estava ali no chão, mas agora minha cabeça estava dispersa, eu pensei tanto, me martirizei tanto que me sinto avoada. Levantei e me deitei ao lado de May, os cabelos ruivos dela estavam espalhados pelo travesseiro. Olhar para ela me dava vontade de chorar, então mirei o teto, esperando que o sono me tomasse, mas o infeliz não vinha.

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