36 - EU SOU UMA FDP

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Eu sou a pior pessoa já existente nessa terra.

Eu sou uma sem vergonha.

Eu sou uma fraca.

Eu sou uma doente.

Eu sou uma traidora.

Eu sou uma filha da puta do caralho.

Aspen se levantou, saindo de cima de mim, seu rosto virado e os olhos fechados. Eu o observei, ainda estática na minha posição com os braços para cima, sentido um tremelique percorrer meu corpo, tentando adivinhar o que passava na mente dele.

Levou alguns segundos para me tocar que uma das razões para ele se censurar, era o fato de eu estar nua em sua cama.

Merda! Merda! Merda!

Aspen andava de um lado para o outro em seu quarto, eu me alonguei para pegar a manta mais próxima esparramada pela cama. Escondi minha nudez, trazendo o alívio necessário para a culpa voltar a me tomar.

Eu ia transar com meu melhor amigo.

Eu ia transar com o melhor amigo do meu namorado.

Eu ia transar com o namorado da minha melhor amiga!!!

Isso não é o pior, mas... eu chamei o nome de Maxon, enquanto me pegava com Aspen!

Eu estava me pegando com o Aspen!!!!

O silêncio naquele quarto era gritante, só não mais que a culpa estampada em nossa cara. Eu vi ela nítida quando eu e Aspen tomamos coragem de nos encarar. Seus olhos estavam arregalados, seu cabelo bagunçado e seus músculos rígidos. Eu não devia estar muito diferente.

— Meri... — Aspen apertou os olhos e fez uma pausa antes de continuar. — Merda! — Ele não conseguia dizer nada, massageou sua têmpora e voltou a andar atordoado.

Engoli em seco, pensando no que acabara de acontecer, buscando as palavras certas, pois nós dois precisamos falar do que aconteceu.

E a explicação era simples: a culpa foi toda minha.

Me deixei levar pela minha mágoa e minha saudade, usando Aspen para me satisfazer e de certa forma, oprimir a dor que eu estava sentindo. Eu fiquei tão envolvida, tão extasiada, ele estava sendo o consolo perfeito, usando as palavras perfeitas, seu cheiro era perfeito, seus toques, sua paciência, sua voz. Merda! Tudo era perfeito e permiti que uma necessidade obscura norteasse o que viria a acontecer.

Eu o usei, o usei para sentir Maxon... Deus! Eu pensei que Aspen era o Maxon!

— Aspen me desculpa — eu não tinha coragem de encará-lo — me desculpa mesmo...

Era só o que conseguia falar. Tenho certeza que exprimi junto toda a vergonha que eu sentia, todo o meu arrependimento. Isso não devia ter acontecido, não devia!

— A culpa foi minha — ergui meu olhar assim que ele falou.

— Não, não — enrijeci minha postura — foi minha Aspen, eu, eu...

— Não Meri, eu procurei isso — bufou ajeitando o cabelo — eu te abracei e, e... me aproveitei da sua fragilidade... nossa... — Aspen estava odiando a si mesmo, dava para notar — eu sou um idiota. Deus! Eu sou muito idiota.

— Claro que não — me levantei, segurando firme a manta sobre meu peito, ambos frente a frente agora — eu também me aproveitei, me senti anestesiada com seu carinho e... merda... nem percebi o que estava fazendo.

Admitir isso é uma droga. Sinto o rubor subindo pelo meu rosto, eu não poderia estar mais envergonhada. Aspen mantinha um olhar pesado sobre mim, mas não me julgava, era reconfortante. E então percebemos... estamos juntos nessa, a parcela de culpa, está dividida igualmente entre nós dois.

Formaríamos um Maravilhoso NósOnde histórias criam vida. Descubra agora