Capítulo 6

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João Ricardo.

A parte que eu menos gostava do meu trabalho era visitas à cadeia, no meu caso, eu fazia mais visitas do que os advogados costumam fazer, era forma de manter o membro em conexão com a facção. Enquanto ajustava meu terno sentado em uma cadeira velha, aguardo André ser trazido. Não demora muito para que eu esteja de frente do meu não tão aliado.

—Boa tarde, André. Tenho recomendação do comando para você—Aviso colocando meus braços na mesa e observando sua nova aparência. Ele parecia mais magro do que quando foi preso.

—Puta que pariu, a pior parte de ser preso é saber que tenho que lidar com você, filho da puta.—Fecho os olhos respirando fundo. Simplesmente não estou no meu melhor elemento hoje, não dormi essa noite resolvendo problemas de um dos meus clientes preso em uma federal e simplesmente não quero ouvir showzinho desse desgraçado.

—Bem vindo ao mundo, campeão. A vida não é como queremos. Eu por exemplo preferia está agora mesmo na minha cama fodendo invés de está aqui lidando com a sua estupidez, mas veja…aqui estou eu—aceno para o nosso redor, seus olhos raivosos permanecem em mim.

—Fique longe dela, está me ouvindo? Fiquei o mais longe possível da minha mulher, caralho.—Imagina só se ele descobre que sua ex mulher estava sozinha em um elevador comigo enquanto eu lhe dizia quanto queria foder com ela?

—Ex mulher.—corrigo— E esse não é o assunto.—abro os botões do meu terno enquanto ele me encara com os olhos cerrados e maxilar tenso. Se ele não estivesse preso em suas algemas provavelmente pularia no meu pescoço agora mesmo.

—Foi ela quem te mandou esse papo? Vocês já estão juntos?—ele pergunta em um tom baixo, sua voz carregada de ódio. Ele me enfurece, parece que não conhece quem Gabriela é. Nunca vi alguém tão leal como aquela garota e ele está aqui sugerindo que em menos de uma semana ela simplesmente poderia estar comigo. Ele é um imbecil.

—Ela não tem tanto bom gosto assim.—desdenho e começo a dizer as instruções do comando para ele.—Você vai continuar sua função daqui. Agora você não consegue mais empenhar o papel de negociador de drogas pessoalmente, mas você deve ter um homem de confiança, correto?—ele assente a contragosto—Pois bem, o coloque para realizar os encontros, mas faça as negociações pelo seu telefone. Não esqueça, sempre chamadas, não quero provas sólidas de nada prontas para ser usadas, ok?—Ele acena mais uma vez.

—Preciso que você entregue uma mensagem para Rivera. É meu cara de confiança, diga que ele é meus olhos quando tô longe—ele determina e eu aceno em entendimento.—E como fica minha saída daqui, Vai demorar?

—No máximo dois meses, não mais que isso. Não tem provas dos seus delitos, mas eles estão empenhados na investigação. Que porra de briga você se meteu em asfalto em?—pergunto e ele desvia o olhar do meu. Ih, tem coisa aí.

—Um babaca tonteou legal, eu estava alcoolizado, aconteceu.—ele diz simples, mal olhando nos meus olhos enquanto falava aquilo. Poderia dizer que ele quase ficou triste com esse levantamento de conversa, mas não conheço esse imbecil o suficiente pra isso.

—Você não parecia bêbado quando eu cheguei na dp—contra argumento, estalando minha língua no céu da boca e tentando a todo custo arrancar algo dele.

—Mas eu estava. Terminou?—ele disse claramente tentando encerrar o assunto e eu concordei. Vou mesmo está procurando o motivo dessa briga. Concluindo esse assunto nossa visita acaba, ele levanta e vai embora com o agente penitenciário e eu sigo meu rumo em direção a saída.

As coisas no comando mudaram de épocas para cá, a polícia se dedicou em nos destruir e a gente em evoluir. Hoje estamos em todos os lugares que menos imaginam. Estamos nos escritórios de advocacia, nos gabinetes dos governadores e até mesmo fora do Brasil. Saímos apenas de donos de Morros, agora estamos em todos os lugares. Anos atrás um líder da facção percebeu que ficar preso no morro não era a melhor forma de expandir, então recrutou caras que eles julgavam capacitados e colocou em lugares que ninguém podia imaginar. Eu estou no comando das defesas, minha influência na facção é gigante, sou um dos líderes. Na verdade, somos quatro líderes. Eu, Russo, um desgraçado filho do cara que pensou nesse estilo de liderança, Caleb. E o atual governador do estado, Augusto. A cada mês, temos reuniões para alinhar certas coisas.

O advogado da facção [FACCIONADOS 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora