16 - MEMÓRIAS; parte 2

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- Hello, Terra chamando Richard - Bruna falou, balançando a mão em frente ao rosto do colombiano - o que houve? Você parecia ter entrado em transe, querido.

[ . . . ]

RICHARD P.O.V.

Acordei cedo o suficiente para que Bruna não estivesse acordada; eu estava decidido que iria abordar Antonella.

Como se não bastasse o meu tal "transe" - como Bruna havia chamado - de ontem, eu ainda sonhei com a Schauren a noite toda; diversos momentos nossos, mas eu sinceramente não senti vontade de acordar nunca. Eu senti como se pudesse viver eternamente nessas memórias.

A dor de cabeça se fazia presente, provavelmente por conta do vinho que eu tomei ontem. Por sorte eu já estava acostumado a dormir tarde e acordar terrivelmente cedo.

Não deixei bilhete algum para a paulistana, pensei em escrever algo como; "peça um uber, tive que sair mais cedo". Mas imaginei que ela não fosse tão burra ao ponto de precisar de um aviso desses; pelo menos, isso era o que eu esperava.

Cheguei no centro de treinamento bem mais cedo do que eu estava acostumado. Eu basicamente cheguei no mesmo horário que os funcionários da limpeza - não que isso fosse algo ruim, mas significa que eu cheguei bem mais cedo do que o normal.

Estacionei o meu carro e fiquei lá dentro por longas horas, até que eu desisti; já havia passado cinco minutos do horário que eu devia entrar, então eu já estava atrasado.
O medo dela não vir hoje me consumiu.

[ . . . ]

Passei o resto do dia tentando - praticamente suplicando - conversar com a garota, ela agia como se soubesse que eu iria tirar satisfação, mas naquele momento eu não me importava com o que ela sabia ou deixava de saber; eu só queria entender a mais clara e pura verdade sobre tudo isso.

Eu sentia como se eu estivesse enlouquecendo, minha cabeça doía; mas agora não era só por conta da ressaca.

Pela primeira vez, eu me vi torcendo para que o treinamento acabasse o mais rápido possível, eu precisava saber daquilo. Eu necessitava saber da verdade.
Aquilo estava me corroendo por dentro.

Por mais que eu fosse extremamente brincalhão, sempre manti o foco nos treinamentos; mas, pela primeira vez, eu fui questionado diversas vezes sobre o que estava tirando a minha atenção.
Eu somente piscava algumas vezes e balançava a cabeça negativamente, dizendo "tive uma péssima noite" logo em seguida - essa foi a única desculpa não tão ridícula que eu consegui pensar.

Assim que o treinamento se encerrou, me despedi dos jogadores rapidamente, somente dando um "tchau" que foi direcionado para todos. Quando eu já estava na porta, senti uma mão masculina sobre o meu ombro, me virei rapidamente e pude observar Endrick; com sua mão livre ele segurava um pano roxo escuro, eu não sabia ao certo o que era aquilo, mas definitivamente não era do brasileiro.

- Eu te falei que não posso te levar hoje, mano - disse impacientemente, torcendo para que a carioca ainda não tivesse ido embora; mordi o interior da minha bochecha como uma forma de esvaziar o nervosismo.

- Não é isso, você já me falou - Felipe disse como se fosse óbvio que ele já havia entendido o recado, ele claramente havia percebido que eu estava aflito com algo - a Antonella deixou o casaco dela aqui, acho que você vê ela com mais frequência que eu, por causa da Bruna e 'tals - ele estende a mão que estava o casaco.

- Ótimo, vou entregar para ela - forço um sorriso, pego o tal casaco rapidamente e viro meu corpo, voltando a caminhar para o estacionamento.

Assim que cheguei, passei meus olhos desesperados por todos os carros, procurando o automóvel que Antonella vinha trabalhar - provavelmente o seu único. Já que, segundo Bruna, ela havia vendido sua moto e comprado um carro com a ajuda de sua tia.

MATURIDADE - RICHARD RIOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora