Capítulo 7: A Ment(ira) Esconde a Verdade

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A cafeteria estava com um forte cheiro de café quente e Apfelstrudel recém-saído do forno. Calina observou as pessoas andarem pela rua coberta, o lugar naturalmente turístico estava ainda mais deslumbrante com as luzes amarelas e as flores dispostas por toda sua extensão, ela definitivamente amava aquele lugar.

Enquanto colocava os bolos, queijos, tortas, pães, leite, e as diversas porções de outras comidas indispensáveis para o dia do café colonial - uma tradição que acontecia todas as sextas e sábados na "La Casa Hoffman" -, a mulher refletiu sobre as origens do nome do estabelecimento. Que por sua vez não era nada criativo, escolhido pelos seus avós quando vieram da Alemanha para o Brasil a fim de tentar uma vida melhor.

Ela sorriu ao olhar com cuidado os detalhes da arquitetura, esse lugar pertencia a ela e ela pertencia a esse lugar. Os dois estavam entrelaçados como um só.

ㅡ Perdida em si mesma de novo, Lilih?

Antes que seu cérebro entendesse de quem era a voz, o coração já havia reconhecido e palpitava fortemente em seu peito.

Ela se virou.

ㅡ Ben... oi.

Calina suspirou e olhou para o chão enquanto sua bochecha se tingia em tom de rosa pêssego.

ㅡ A porta estava encostada e vi que você estava aqui dentro, então resolvi entrar.

Um sorriso tímido surgiu em seu rosto.

ㅡ Você tem passe livre para entrar quando quiser, Benjamin.

ㅡ Na verdade, estava andando por aí e relembrando os lugares. Está lotado lá fora, mesmo sendo nove da manhã.

Ele falou animado, já disparando uma foto de Calina, com a câmera que estava nas mãos.

ㅡ Não acredito, apaga, eu fico horrível nessas fotos.

Ela tampou o rosto.

ㅡ Mas você é linda, precisa mostrar mais isso.

A garota quase teve uma queda de temperatura, então se recompôs assim que viu Helena entrando pela porta de vidro.

ㅡ Bom dia, Cah. Benjamin, essa é a primeira vez que te vejo a cores desde que chegou.

O homem coçou a barba enquanto abria um sorriso desconcertado.

ㅡ Desculpa, acho que fiquei imerso nas memórias quando voltei e nem me toquei de que não tinha encontrado todo mundo ainda.

ㅡ Acontece, bom, vim aqui apenas para pegar meu café da manhã.

ㅡ Já deixei no jeito.

Disse ela ao pegar uma sacola de papel e entregando-a para Helena.

ㅡ Vamos combinar de sair nós três juntos qualquer dia desses, como nos velhos tempos.

Todo mundo acrescentou para si internamente um "ou pelo menos quase, nunca fomos só três pessoas".

Mal falou e saiu apressada pela porta, deixando Calina e Benjamin em um silêncio ensurdecedor.

ㅡ Bom, acho que tenho que ir agora. Meio que arrumei um emprego temporário para uma revista de turismo aqui na cidade como fotógrafo.

A garota ruiva sorriu.

ㅡ Tudo bem, bom trabalho.

Benjamin fez um sinal de continência e saiu do estabelecimento gritando:

ㅡ Vou nessa, bom trabalho também, Lilih.

O sentimento que permaneceu no ambiente foi o de como se um temporal tivesse passado agitado tudo, deixando aquele misto de perda e saudades.

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