Mal sabe você, eu sei que você está machucada
Enquanto eu pareço dormir
Mal sabe você que todos os meus erros
Estão lentamente me afogandoLittle do you know - Alex e Sierra
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Benjamin, caminhava pela rua Borges Medeiros se sentindo um forasteiro em uma terra que não era a sua. O suposto emprego que arrumou na verdade era um bico de uma semana, tiraria fotos para a revista e então não teria mais o que fazer na cidade. Isso significa que tinha uma semana para tentar resolver a bagunça que tinha feito dez anos atrás.
Os anos que passou na Inglaterra o tinha tornando um verdadeiro covarde, porque apesar de ter voltado, tudo que queria era fugir e nunca mais ver ninguém.
Ele observou um grupo de crianças correndo pela calçada, brincando com os enfeites natalinos, e se lembrou de si próprio na infância com seus amigos.
Quando perde um vínculo tão profundo com pessoas que sempre estiveram do seu lado uma parte de você morre. E nenhuma das viagens que fez pelo mundo compensou toda a saudade que sentia.
Decidiu que iria à casa dos seus pais de tarde para tentar se aproximar, sabia que não seria fácil, tanto seu irmão mais velho quanto seu pai eram extremamente cabeças duras quando formavam uma opinião sobre algo.
Continuou perambulando pela avenida em busca de fotos memoráveis dos pontos turísticos, depois de tirar algumas e enviar por email para a revista e terminar o turno, encarou as horas no relógio com certa ansiedade. Observou a paisagem, o sol já estava ameno quando resolveu ir ao bairro em que cresceu, mato queimado, com sua exuberante paisagem bucólica e brisa fresca, quase conseguia ouvir Helena correndo atrás do Marcelo enquanto gritava para ele parar de correr, e Calina, que provavelmente estava colhendo flores pelo caminho para colocar no cabelo laranja, para depois fingir que era uma fada do campo.
Ele sorriu triste.
Da esquina avistou a casa da família, sentiu um frio subir pelo corpo, fazia anos que entrou pela última vez naquele lugar, e não havia sido uma boa lembrança, ele tinha decidido ir embora e foi sem se despedir de seus amigos, contrariando seu pai e todas expectativas da família.
Parado em frente a porta ele respirou fundo, e quando ia bater no enorme bloco de bandeira, Calina abriu a porta.
ㅡ Calina, o que você está fazendo aqui?
Ela olhou para o chão e depois o encarou sem jeito.
ㅡ Eu achei que era a Helena e o Marcelo...os dois devem chegar daqui a pouco.
Um sentimento estranho começou a percorrer seu interior.
Por que todos, ao que parece, foram chamados para sabe-se que coisa e ele não?Benjamin deu um passo para trás, enquanto suas mãos apertavam a alça da bolsa protetora da câmera.
ㅡ Acho que eu deveria ir embora.
Antes que ele desse mais um passo para trás e se virasse sua mãe apareceu no fundo.
ㅡ Benjamin, que surpresa boa, filho! Entra aqui!
Ele sentiu sua garganta fechar.
ㅡ Acho que não é uma boa ideia, mãe.
Calina surgiu em seu campo de visão novamente, seus cabelos laranjas brilhavam com o sol de fim de tarde. Seus olhos azuis eram o chão firme sob o seu mundo instável.
ㅡ Benjamin, tem coisas que você deve fugir, mas tem outras que irão te aprisionar se continuar fugindo.
Falou sussurrando enquanto o encarava com serenidade.
Ele não conseguia controlar o medo, as lembranças, a avalanche de sensações e o seu coração que batia acelerado contra seu peito, querendo se libertar.
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Amigos, Estranhos, Amantes!
DragosteNeve, chocolate quente, luzes piscantes e romance: o combo perfeito para o Natal, ou seria para a maioria das pessoas, pelo menos. Marcelo, Helena, Calina e Benjamin cresceram juntos nas cidades turísticas de Gramado e Canela, o coração natalino do...