Neve, chocolate quente, luzes piscantes e romance: o combo perfeito para o Natal, ou seria para a maioria das pessoas, pelo menos.
Marcelo, Helena, Calina e Benjamin cresceram juntos nas cidades turísticas de Gramado e Canela, o coração natalino do...
"Meu bem, me deixe ser o seu último Seu último primeiro beijo"
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Gramado - RS 12 de Junho, 2012.
O som da chuva contra as janelas da pousada parecia se misturar com o murmúrio dos pensamentos de Helena. Ela estava sentada no parapeito, os joelhos dobrados, abraçados contra o peito, olhando a paisagem cinzenta do lado de fora.
Marcelo se aproximou em silêncio, sentindo a tensão no ar. Ele se sentou ao lado dela, sem dizer nada, apenas observando-a de relance, esperando o momento certo.
— Por que você continua aqui? — ele perguntou finalmente, a voz suave, tentando quebrar o silêncio.
Helena demorou a responder, seus olhos ainda fixos na paisagem úmida e distante.
— Pensando em algumas coisas... — murmurou, o tom vago, como se estivesse muito longe dali.
Marcelo estendeu a mão, ajeitando uma mecha do cabelo dela que caía sobre o rosto.
— Me conta o que está passando nessa sua cabecinha doidinha — ele provocou, tentando aliviar o peso na expressão dela.
Helena lhe lançou um olhar cortante, mas depois suspirou, virou-se para encará-lo de frente.
— Promete que não vai me zoar? — ela perguntou, a voz carregada de incerteza.
Marcelo arqueou uma sobrancelha, um sorriso travesso surgindo no canto dos lábios.
— Só se você bebeu café no lugar de Coca-Cola e depois tropeçou na frente de todo mundo na escola... Aí fica difícil não zoar.
Helena deu um tapa no braço dele, e Marcelo fingiu sentir dor, mas logo sorriu de volta, incentivando-a a continuar.
— As garotas da sala disseram que eu não sou capaz de beijar nenhum menino da escola. Que ninguém nunca vai querer me beijar porque sou sem graça... — A última palavra saiu com um tom amargo, quase como se ela estivesse convencida disso.
Marcelo piscou, quase engasgando com as próprias palavras que estavam prestes a sair. Se alguém era responsável pelos sentimentos de rejeição da garota, esse alguém era ele.
Odiava ver todos aqueles garotos idiotas mal-intencionados atrás de Helena, ela merecia coisa melhor, então se deu a liberdade de dizer amigavelmente para todos que, se não ficassem longe, teria que apelar para o jogo sujo. Isso, é claro, Helena nunca ia saber, não de sua boca, pelo menos.
