11. C A S T E L O • D E • G A D E

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A réstia de luz, atravessando a renda da cortina, batia em meu rosto, na altura dos olhos

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A réstia de luz, atravessando a renda da cortina, batia em meu rosto, na altura dos olhos. Isso me despertou. O corte no pescoço ardia como brasa e eu simplesmente sabia que se tentasse falar doeria ainda mais.

Levei a mão até o ferimento para descobrir que o tinham enfaixado.

A boca seca e amarga incomodava. Umedeci os lábios com a língua, tinha gosto de sal, terra e mato.

Ao me mexer, notei o colchão de palha embaixo de mim.

— Veja, Quiff, a mocinha acordou — a voz feliz de uma mulher soou baixa. — Ela é bonita.

Protegi os olhos com a mão, a luz inconveniente dificultava a visão. Tive que forçar a vista para ver uma senhora simpática, atenta a mim, ao lado de um Quiff com cara fechada.

— O-0nde eu estou? — Sussurrei tão baixo que pensei que não ouviriam. Falar realmente doía. Pigarreei e a dor se acentuou.

— Vou buscar água para ela — disse a mulher, deixando-me com Quiff.

— Lembra-se da luta na estrada com os contrabandistas? — Indagou ele, com uma ponta de impaciência no tom.

Confirmei com um sinal de positivo.

— Você se feriu. Depois de trocar algumas palavras com um dos ladrões, desmaiou. Te trouxemos para a casa de uma das antigas curandeiras de Gade. Fique tranquila, parece pior do que realmente é.

Quiff trouxe um banquinho de madeira, com o tampo redondo, para perto da cama e se sentou, de modo que pudesse olhar diretamente em meus olhos.

— Srta. Darquim, você teve algo a ver com o ataque na estrada?

— N-nã... — a dor me impediu de falar, então balancei a cabeça em negação. O ferimento deu uma fisgada com o movimento.

— Você conhecia aquele assaltante que falou com você antes de fugir?

Sinalizei que não com a mão, mas menti. Ele se referia ao andante.

— O rei mandou que te buscássemos porque você é uma bruxa? — continuou o oficial.

Quiff me irritou com esse interrogatório absurdo. Eu estava dolorida, ferida, apreensiva com essa convocação, preocupada com meus irmãos e cansada das desconfianças infundadas dele.

Dei um jeito de ficar meio sentada, meio deitada e o encarei nos olhos.

— F-foi você quem foi me buscar em casa, soldado — respirei fundo antes de prosseguir. — N-não pedi para estar aqui, e... nem queria estar. Pare de pôr a culpa em mim.

Deitei após o esforço, mas ainda não tinha acabado. Apontei para o meu ferimento e disse, tão baixo que Quiff teve que aproximar seu ouvido dos meus lábios.

Em Algum Lugar nas MontanhasOnde histórias criam vida. Descubra agora