Capítulo 2

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"Em seu olhar habita o caos e a loucura."

Confusão. Essa era a palavra perfeita para descrever o que se passava na mente de Megumi Fushiguro neste instante. E nojo. Essa foi a segunda palavra que o definiu ao ver aquele homem insano olhá-lo com os mesmos olhos de seus fãs, se não mais apaixonado, arriscava dizer.

Um louco de pedra, capaz de cometer um crime apenas para que ele adentrasse a fantasia que sua mente deturpada construiu.

Os músculos de Megumi tremeram, a ansiedade escalando sua mente. Seu estômago parou de trabalhar, congelando seu corpo por inteiro. Havia um vazio dentro de si, como se estivesse oco, caindo e caindo num desespero sem fim.

Em toda sua vida, ele nunca imaginou que chegaria a esse ponto. Quando Nobara, sua melhor amiga, disse uma vez, na época do colegial: "Você canta tão bem. Por que não se torna um idol?", sequer havia lhe passado pela cabeça a chance concreta de ser sequestrado um dia.

Nem quando sua fã psicótica descobriu seu endereço e o enviava calcinhas usadas; a tentativa de sequestro no dia 12 de dezembro do ano passado; e o dia em que estava doente e recusou-se a conversar com uma fã na loja de conveniência e ela se irritou, lançando um conjunto de facas em seu rosto... Nada disso se comparava ao horror que estava vivendo neste momento.

Por muitas vezes, acreditou que a polícia daria conta de tudo. Ele tinha Nanami, Aoi e Miwa a sua disposição. Seguranças perfeitos, que exalavam um ar de confiança, como se pudesse dormir em meio a uma tempestade que não aconteceria nada com seu corpo. Mas sem eles, aconteceu. O conjunto de ocasiões imprevisíveis o levou a esse lugar. Nobara roubou Aoi e Miwa por trivialidade, mas não a julgava ou culpava. Ele dispensou Nanami em busca de ser gentil para com seu casamento. Já Ichiji...

Arregalou os olhos.

Seu motorista! O que aconteceu com seu motorista?

— Ijichi! — disse em alarme, o olhar cheio de preocupação. Sukuna arqueou uma sobrancelha. — Onde está o meu motorista?!

Então, o demônio sorriu.

A sensação que Megumi teve não foi diferente de um soco no estômago.

A imagem de Ijichi, baleado, cercando-se de sangue na pista, foi esculpida em seus olhos, que se encheram de lágrimas, tão rápido quanto uma torneira aberta.

Com a voz trêmula, perguntou:

— P-Por favor, não me diga que...

— Eu o matei.

E o seu mundo desabou.

A lembrança de Ijichi contando sobre os primeiros passos de sua neta com tamanha doçura lhe rasgou o coração sem piedade, fazendo sua cabeça doer. Megumi abriu a boca e gritou, o sofrimento escalando sua garganta sem controle, escancarando-se pela boca.

— Ahhhhhhhh!!! Seu monstro! Monstro! — berrava, remexendo o corpo numa inquietação profunda e angustiante. A cadeira rangia sem parar. — Por quê?! Por que fez isso?! Você me queria, não era? Por que matar quem amo? Por quê? Por quê? POR QUÊ?!

Não se importava mais em manter a compostura e rezar por uma ajuda que nunca viria. E, se viria, não teria a capacidade de corrigir o que já havia acontecido.

Lágrimas transbordaram de seus olhos, doces lembranças vindo à tona, de quando contratou o melhor motorista do mundo. Um homem simples de postura tímida e óculos grandes na cara. Ijichi, seu companheiro nas estradas da vida; quem o cobria com um cobertor sempre que adormecia no carro; aquele que pedia silêncio ao notar que estava com dor de cabeça; quem dava batidas suaves em suas costas quando vomitava nos bastidores após sofrer uma crise de ansiedade ao término de sua apresentação que lotou o maior estádio olímpico de Tóquio.

Always Sing For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora