Capítulo 4

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"Aceitar seu amor é como fazer um pacto. Eu não sei por que fiz isso."

Depois de uma declaração melosa e repleta de ameaças, Sukuna acreditava que estava tudo bem. Sua feição alegre dizia isso. Mas ele estava redondamente enganado.

Permitir que ele beijasse seus lábios não foi um sinal de aceitação. Apenas o fez com um vazio dentro de si, sabendo que a qualquer momento ele poderia pegar uma faca e perfurar seu abdômen por mera vontade.

Sukuna era um doido que, a partir do momento que sua mente aceita que vai começar a conviver com ele, seu cérebro começa a se desdobrar para entender as peripécias que um demônio como ele é capaz.

Seu amor podia ser tão grande quanto sua loucura, mas havia um lado bom nessa história: Ele não iria matá-lo se não fizesse nada. Portanto, permanecerá nessa até o momento que for preciso tomar um segundo passo mais decisivo.

Megumi se encolheu na cama, evitando olhar para o rosto que iria assombrá-lo de agora em diante. Sukuna deixou à cama com um ar de empolgação anormal, parecendo uma menininha que ganhou um castelo inteiro para brincar de casinha.

— Ótimo! Irei te dar tudo que for necessário, mas com uma condição: você precisa pedir para que eu cuide de você. Com jeitinho, é claro — Ele disse num tom brincalhão, apontando o indicador para cima.

Megumi o encarou exatamente como fazia quando via um fã louco se atirar aos seus pés, com desprezo.

Sukuna é um tolo em pensar que iria aceitar participar dessa brincadeira ridícula.

Não abriu a boca, apenas se virou para o lado, dando-lhe as costas.

Nunca na vida iria pedir por isso.

— Não vai falar nada? — perguntou Sukuna, ainda processando que estava sendo rejeitado.

Ele acreditou que, por aceitar ficar ali em silêncio, era o mesmo que "Oi, querido, serei seu namorado de agora em diante, não importa se me trancafiar, me usar e joga fora, vou continuar te amando para sempre, docinho."

A vida é dura, inclusive para psicopatas. E isso se demorou a compreender na mente doentia de Sukuna.

— Megumi... Ei, olha pra mim. Megumi! — Ele pediu, um pouco desesperado. — Não vai falar nada? Eu preparei a casa inteira para você! Não vai querer olhar a vista ou sua cozinha? Veja, comprei até um violão idêntico ao seu! Por que não toca um pouco?

Megumi encarou os próprios pulsos, separados por meros trinta centímetros de correntes. Segurar um violão seria difícil, quem dirá tocar uma nota.

Evitou pensar no assunto, afundando o rosto no cobertor macio.

O mundo para Sukuna estava ruindo abaixo de seus pés. Pelo modo como resmungava ao pensar, roendo a unha e andando de um lado para o outro, Megumi tomou nota de que, sim, ele tinha a habilidade de mexer com a mente dele. Apenas teria que aprender a como moldá-la para seu benefício próprio, sem arriscar demais. Um passo em falso indicava morte súbita.

Por enquanto, a melhor medida seria permanecer em silêncio. Isto é, até que Sukuna não ameaçasse a vida de alguns de seus amigos.

Ficar em silêncio lhe renderia tempo para pensar e, de sorte, aumentaria as chances de ter um resgate.

Eu vou esperar.

O que lhe restava era sobreviver. Teria que ser forte!

Nobara, Ijichi, Nanami, Aoi, Miwa... E... Fechou os dedos em punhos, ansiando pela presença de alguém que não estava mais tão perto dele neste momento. Eu ainda estou vivo. Venham me buscar.

Always Sing For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora