FIM
"Contorção."
— Megumi Fushiguro? — murmurou Yuuji, atônito. A semelhança entre o homem que se aproximava e Megumi era inegável, mas logo ficou claro que se tratava apenas disso: uma semelhança.
Mitsuo Tanaka não era Megumi Fushiguro.
— Lamento que nosso primeiro encontro seja nessas circunstâncias, Sr. Itadori — disse Mitsuo com uma voz profunda, curvando a cabeça em sinal de respeito.
Yuuji ficou sem reação. Ele assentiu por educação, mas logo um torpor o envolveu, congelando-o no lugar. Algo estava muito errado. Seu instinto, sempre afiado, parecia falhar naquele momento crítico. A conclusão que ele esperava era simples: Megumi Fushiguro estaria por trás da identidade misteriosa de Mitsuo Tanaka, o homem de Hokkaido que, após uma vida conturbada por um transtorno mental, surgia casado e alegando amor por ninguém menos que Ryomen Sukuna.
Yuuji se recusava a acreditar nisso. No entanto, a vida raramente se moldava às suas vontades, e ele sabia disso. Agora, diante do abismo que aquele impasse criou, ele precisava encontrar uma saída vitoriosa. Afinal, se Megumi Fushiguro não estava ali... onde ele poderia estar?
— Sukuna — murmurou Yuuji, desviando o olhar de Mitsuo para o irmão.
O desgraçado meticuloso ergueu a cabeça com um sorriso debochado. Seus olhos, frios e diabólicos, fixaram-se em Yuuji com a mesma superioridade que tantas vezes o fez se sentir insignificante — como um adulto esperando que uma criança de cinco anos resolva um quebra-cabeças impossível.
— O que você está aprontando? — indagou Yuuji, sua voz impregnada de frieza.
Sukuna inclinou os lábios, exibindo uma expressão pensativa.
— Não sei do que você está falando — respondeu ele, com evidente provocação. — Você me pediu para chamar Mitsuo, e eu chamei.
— Estava de repouso — acrescentou Mitsuo, ainda com a cabeça abaixada, demonstrando uma aparente falta de confiança.
Yuuji não conseguia discernir se era genuíno ou fingimento. A postura de Mitsuo lembrava a de alguém que acabara de sobreviver a uma tentativa de suicídio: vergonha, timidez... indecisão. O homem à sua frente — ou seria mesmo um homem? Yuuji se pegou questionando, analisando com cautela seus traços femininos e figura delicada - parecia interpretar perfeitamente o papel de uma vítima mentalmente fragilizada. Se fosse uma atuação, Yuuji precisaria admitir que era impecável. Mas isso também significava que ele teria que ser ainda mais astuto.
E ele sabia, com amarga certeza, que nunca venceu Sukuna em seus jogos mentais.
Obter uma confissão de Mitsuo seria como fazer chover no deserto ou arrancar leite de pedra. Ainda assim, qualquer tentativa parecia mais promissora do que se arriscar nos embates psicológicos com seu irmão.
— Tudo bem, se quer jogar dessa forma, vamos jogar... Você é Mitsuo Tanaka, correto? — disse Yuuji, ajustando sua postura enquanto guardava a Glock no coldre por dentro da jaqueta. — Vou fazer algumas perguntas e você vai responder com clareza. Qualquer mentira ou resposta evasiva, e eu te levo para um interrogatório na delegacia. Está claro?
Mitsuo assentiu timidamente.
Yuuji, aos poucos, começava a entender o fascínio de Sukuna por ele. Mitsuo não era uma beldade, como havia suspeitado, mas possuía uma beleza singular. No entanto, o que atraiu Sukuna era a submissão evidente. Mitsuo exibia a clássica vulnerabilidade de alguém com baixa autoestima ou transtornos mentais — uma pessoa dependente. E esse era o tipo ideal de seu irmão.
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Always Sing For Me
FanfictionNem todos os idols amam o que fazem. Megumi Fushiguro, por exemplo, detesta a rotina cansativa que seu trabalho impõe, sempre atribuindo sua presença a shows exaustivos, entrevistas sonolentas e encontros com fãs que, de vez em quando, se revelam es...