𝟶𝟺. BLOOD IS THICKER THAN WATER.

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ELES NÃO DORMEM ESSA NOITE. Evie não não acha que já teve esse tipo de intimidade antes com alguém nos últimos quatro anos, então continua falando sobre o que sabe e sobre o que teoriza, pontuado pelos comentários ocasionais de Cinco, ou, o que é mais frequente, pelo silêncio. Fala sobre o acidente, sobre a maior parte de seu período nômade pela Califórnia e sobre os sonhos com Klaus e Allison. E, pouco a pouco, aquela parede invisível que parecia haver entre eles desaparece; ambos só percebem que ela vai embora quando não está mais lá. Dá pra sentir o ar mais leve, a calma que se infiltra no ambiente, a forma como parecem se entender melhor depois disso. Mesmo na época da Comissão eles faziam isso. Apagavam as luzes uma ou duas horas antes de dormir e conversavam no escuro, sobre tudo ou nada, até que um dos dois caísse no sono.

Mas agora é diferente, e Evie sente isso. Sabe que colocou barreiras demais entre si e o resto do mundo, que se tornou boa até demais em maquiar a verdade; fica difícil retirar tudo de uma vez, e em algumas ocasiões parece até impossível. Mas durante esse período, ela se sente mais calma do que em muito tempo, porque Cinco entende e não apressa. Ele é bom em ler nas entrelinhas, sabe o que cada silêncio significa. É muito mais fácil fazer isso quando alguém te conhece tão bem a ponto de nada precisar ser dito algumas vezes. Mas é ainda melhor saber que essa pessoa está lá quando você finalmente se sente pronto para falar sobre o que te aflige. Isso é intimidade.

Então eles permanecem deitados, as pernas entrelaçadas, as cabeças encostadas, como milhares de outras vezes antes, até que Evie adormece. Ela acorda poucas horas depois numa cama vazia.

O sol ainda não nasceu e o céu ainda está escuro, mas o espaço ao seu lado está frio, e o burburinho suave do programa de rádio na sala parece abafar alguma conversa. Evangeline se levanta com cuidado, o corpo pesado de sono, e quando finalmente se troca e sai do quarto, se depara com Elliott devorando uma tigela de cereais – muito embora não deva ser nem seis da manhã – e conversando com Cinco. Eles param quando a vêem na soleira da porta, antes que Gussman acene com a cabeça na direção da cozinha.

— Tem chá preto na bancada — diz ele com a boca ainda cheia. Evie se surpreende com a naturalidade com que fala com ela, sem rancor ou medo algum na voz, como se não tivesse passado horas e horas preso à uma cadeira amordaçado. Ela tem que se lembrar que ele leva teorias da conspiração para a vida e acolheu uma adolescente surgida do nada – ela mesma – sem nem pensar duas vezes. Regras normais não se aplicam a Elliott Gussman.

— Certo — Evie assente, meio desorientada. — Obrigada. — as pernas dela parecem chumbo enquanto se arrasta até a cozinha, pega o bule e se serve.

— Você devia estar dormindo — murmura Cinco para ela quando para ao seu lado. Está tão próximo que as coxas de ambos se pressionam enquanto se estica para despejar café em uma caneca.

𝐌𝐈𝐍𝐃 𝐓𝐇𝐈𝐄𝐅 ❜ ⎯   the umbrella academy.Onde histórias criam vida. Descubra agora