Capítulo 4: Revelações

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Wednesday Addams Pov's

Assim que a Sinclair deixou o dormitório, esperei até que a chuva começasse para ir falar com a Thornhill. A professora ficou grata pela minha informação e foi direto para os dormitórios masculinos, o que me fez dar um sorriso de canto e voltar para o meu dormitório. Me sentei em minha máquina de escrever e tentei continuar meu romance, mas estou muito curiosa para saber se a Thornhill chegou a tempo.

Quando a porta foi aberta, vi as duas entrando no dormitório do prédio Ofélia. Enid com cara de poucos amigos e a Thornhill se mantinha imparcial. Conversei brevemente com nossa professora e logo ela me deixou sozinha com Enid.

— Se divertiu com seu "namoradinho"? – Fiz aspas com os dedos.

— POR QUE VOCÊ FEZ ISSO, PORRA? – Enid me empurrou pelos ombros, dei um sorriso de canto e voltei para a posição anterior.

— Porque eu quis... – Disse. — Você acha mesmo que ia deixar você ter uma noite legal depois do que me fez passar hoje? Patético, Enid.

— Por que você sempre tem que estragar tudo? Por que não pode ser uma pessoa menos mesquinha? – Vi o momento que suas garras se flexionaram, qualquer pessoa com o mínimo de cérebro teria medo daquilo, claro, se fosse nas mãos de outra pessoa, pois a Sinclair não machucaria uma mosca e todos sabem disso. — Você sempre tem que ser uma pedra no meu caminho? Porra, essa seria minha primeira vez e seria com a pessoa que amo, mas você estragou tudo, Addams!

— Que peninha. – Suas palavras me pegaram desprevenida, mas não iria demonstrar. — Talvez, você devesse reconsiderar essa ideia.

— O quê?

— Ajax não é uma boa opção para se considerar perder a virgindade. – Disse, enquanto voltava para minha mesa. — Ele não é boa pessoa.

— Do que você tá falando? – Enid perguntou, ponderei contar a ela sobre as aventuras de Ajax, mas decidi ficar em silêncio. — Eu fiz uma pergunta, porra?! – Enid se aproximou e virou minha cadeira para que ficasse de frente para ela. Duas orelhas fofas e brancas apareceram em sua cabeça, seus caninos se alongaram e suas garras estão fincadas em minha cadeira. — Me responde ou acabo com você aqui mesmo!

— Gostaria de ver você tentar. – Desafiei. A garota agarrou minha blusa, ela me fez levantar da cadeira e me prensou contra a parede ao lado da minha escrivaninha. — Sinclair, acho melhor você parar, não quero te machucar. – Disse, olhando em seus olhos, que brilhavam em um amarelo caloroso e perigoso. Isso lhe dava um ar assassino. — Ajax não é a melhor pessoa para você. Na verdade, ele não é bom para ninguém. Era isso que queria saber? – Tirei suas mãos da minha gola e a empurrei para longe de mim. A ômega rosnou em descontentamento e me encarou, irritadiça. — Você pensa que sua primeira vez seria especial com ele, pode até ser para você, mas para ele, você seria apenas mais uma garota que passou por sua cama. – Disse e ela frangiu as sobrancelhas, confusão transparente em seu rosto, o que me fez sorrir de lado. — Ora, ora, ora, vejo que seu namoradinho não disse que é o maior galinha da escola.

— Do que você tá falando? – As orelhas felpudas de Enid se contorceram em antecipação.

— Ajax leva uma ômega diferente para cama toda a semana. Você se sente especial com ele, mas não é. Você é só mais uma que ele quer foder e depois ignorar até que precise se aliviar novamente. – Disse, frieza transparecendo em minha voz. A loira ofegou e retraiu suas garras, conforme lágrimas se acumulavam em seus olhos. — Então, acho que você deveria me agradecer ao invés de brigar comigo por ter avisado a Thornhill. – A loira negou com a cabeça. Ela está com o coração partido. Qualquer outra pessoa teria pena, mas eu não sentia. — Você quer se mostrar sempre a melhor, quer se mostrar superior a mim, mas não sabia do que seu namoradinho fazia as escondidas, docinho?

— Você está mentindo! – Enid rosnou, suas orelhas se abaixando. — Ele não me trataria tão bem se ficasse com outras garota. Você apenas quer envenenar minha cabeça contra ele. Você quer que me torne uma pessoa amargurada e sem amor como você! – Disse e soltei uma risada nasal.

— Sinclair, por que iria querer te tornar uma pessoa "amargurada" e "sem amor" como eu? Não vejo necessidade disso. – Comentei. — Você fez isso por si mesma. – Declarei e seus olhos suavizaram, um lampejo de entendimento passando por eles. — Ou você acha que me odiar sem motivos te torna uma pessoa doce?

— Eu te odeio, pois você merece todo meu desprezo. Você sempre quer ser melhor que todo mundo, sem contar que usa todo mundo para conseguir o que quer, você é mesquinha, ranzinza e nojenta! – Enid declarou.

— Obrigada, mas não vai ganhar nada com elogios. – Passei por ela e voltei a me sentar em minha máquina de escrever, ela continuou parada próxima a parede. Tentei voltar a me concentrar em meu romance, mas um soluço me fez parar. Olhei para a direção do som e notei os ombros da Sinclair se movendo, conforme ela chorava copiosamente. — Por que está chorando? – Frangi as sobrancelhas.

— Porque eu estou triste! – Enid se virou para me encarar. — Será que você nunca chorou na vida?

Aquilo me pegou desprevenida e me trouxe certa dor também. A última vez que chorei, foi quando tinha seis anos e mataram o Nero, meu escorpião de estimação. — Isso não é da sua conta. – Disse.

— Você tem certeza? – Ela perguntou e frangi as sobrancelhas.

— Sim, você não tem nada a...

— Não, isso não. – Ela disse. — Você tem certeza sobre o Ajax?

— Tenho. – Respondi, me acomodando em minha cadeira. — Pode perguntar aos nossos amigos se não acredita em mim. – Declarei.

— O pior é que acredito em você... – Enid olhou em meus olhos, seu olhar cheio de dor. Suas orelhas haviam sumido, seus olhos voltaram a coloração normal e suas garras não estavam mais de fora. — Como eu pude ser tão burra? – Ela caminhou até sua cama, se sentou e colocou o rosto entre as mãos.

— Não é muito difícil para você. – Disse, meu tom de voz ácido e ela me olhou, irritadiça.

— Eu me deixei levar por ele me tratar tão bem. – Ela disse e suspirei.

— Escute, Sinclair. Não é só porque uma pessoa te trata bem, que ela é a pessoa certa para você. – Disse e ela me olhou. — Ajax é um erro, um erro para todas as pessoas próximas a ele, mas não há muito o que possamos fazer. Ele, infelizmente, faz parte do nosso grupo de amigos, mas, por Lúcifer, eu poderia facilmente eliminá-lo da roda e do mundo, mas não quero ser presa por algo tão bobo. – A loira deu uma risadinha com isso e sorri. — Você merece coisa melhor, Sinclair. – Disse, uma sinceridade que chegou a me dar arrepios.

— Obrigada... Wednesday... – Enid agradeceu. — Amanhã vou questionar o Ajax sobre isso, agora só preciso dormir um pouco. – Comentou. Ela pegou um pijama em seu closet e se trocou em minha frente mesmo, os meus olhos correram pelo seu corpo, eu me permiti fazer isso, mas logo ela estava vestida. — Boa noite, Addams. – Ela disse com um pequeno sorriso no rosto.

— Bons pesadelos, Sinclair. – Disse, ela se virou de costas para mim e decidi que não iria continuar escrevendo hoje. Ela merece descansar.

Continua...

Minha Querida Inimiga: Wenclair [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora