Raizes ocultas

52 6 1
                                    

Não encontrei mais nada no quarto. O envelope com as cartas estava seguro na minha bolsa. Decidi ir até o necrotério para ver o que a Dra. Collins tinha descoberto. Havia algo de inquietante na falta da cabeça da vítima; não a encontramos em lugar nenhum no hotel.

Entrei no necrotério, sentindo o familiar cheiro de desinfetante e formaldeído. A Dra. Collins estava ao telefone, mas desligou rapidamente ao me ver entrar.

- Emma, eu estava prestes a ligar para você - disse ela, com um brilho de curiosidade nos olhos. - Encontrei algo interessante.

Aproximei-me da mesa onde o corpo estava sendo examinado. A visão ainda era perturbadora, mas a Dra. Collins estava focada em seu trabalho.

- O que você encontrou? - perguntei, tentando manter a voz firme.

- Quando fizemos a autópsia, encontramos fragmentos de vidro no estômago da vítima - ela começou, olhando para mim com uma expressão séria. - Pelo menos, pensamos que era vidro no início. Mas ao examinar mais de perto, descobrimos que não era vidro. São estilhaços de diamantes.

Ela pegou uma pequena bandeja e mostrou os fragmentos brilhantes. Cerca de sete peças de diamantes estavam ali, cintilando sob a luz fria do necrotério.

- Diamantes? - perguntei, chocada. - Isso é incomum, para dizer o mínimo.

- Muito incomum - concordou Dra. Collins. - Esses diamantes devem valer pelo menos cinco mil dólares. Não é algo que encontramos todo dia no estômago de uma vítima.

Fiquei pensando no que isso significava. Por que o assassino colocaria diamantes no estômago da vítima? Era uma mensagem, um símbolo, ou algo mais sinistro? Peguei um dos fragmentos com uma pinça, observando seu brilho à luz.

A Dra. Collins continuou falando enquanto eu observava os estilhaços de diamantes na bandeja.

- Além dos diamantes, encontramos várias lacerações internas que correspondem às marcas externas - ela explicou, movendo-se para o lado do corpo e apontando para as áreas específicas. - Ele foi torturado extensivamente antes de morrer. As lesões indicam que foi espancado e cortado com precisão cirúrgica. Há também sinais de fraturas nos ossos das mãos e dos pés, provavelmente causadas por um objeto contundente.

Ela pegou um bisturi e levantou uma das mãos da vítima, mostrando os dedos inchados e quebrados.

- Isso indica que ele estava tentando se defender ou que foi amarrado durante o ataque - continuou ela. - A ausência da cabeça complica a identificação da causa exata da morte, mas, com base nas evidências, podemos inferir que ele sofreu um trauma extremo.

A médica fez uma pausa, olhando para mim com seriedade.

- Outra coisa interessante é que encontramos traços de uma substância química incomum no sistema da vítima - disse ela. - Ainda estamos analisando, mas parece ser algum tipo de sedativo misturado com um alucinógeno. Isso explicaria a expressão de terror congelada nos rostos das vítimas, mesmo após a morte.

Peguei meu caderno de anotações e comecei a registrar todos os detalhes que ela estava fornecendo. Cada nova informação pintava um quadro mais completo da crueldade do assassino.

Quebra de tempo

Depois do necrotério, voltei para a delegacia, onde a atmosfera estava carregada de tensão e expectativa. A equipe havia recebido as gravações das câmeras de segurança do hotel, e o especialista em computadores estava ocupado analisando os vídeos. As imagens da vítima e dos arredores do hotel estavam sendo examinadas minuciosamente, na esperança de encontrar alguma pista que nos levasse ao assassino.

A sombra do caçador - Dark romance Onde histórias criam vida. Descubra agora