O teatro

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Dirigi rapidamente até o teatro principal, o maior de Nova York, que estava fechado para reformas. A cidade, sempre vibrante e cheia de vida, parecia um pouco mais sombria enquanto me aproximava do imponente edifício. Estacionei o carro e corri até a entrada do teatro, onde uma rosa vermelha estava presa, exatamente como o assassino havia indicado.

Com cuidado, desamarrei o bilhete preso à flor e comecei a ler:

"Em um palco onde os sonhos tomam forma,
E a música dos mortos ressoa sem norma,
A sombra dança e o silêncio quebra,
Revelando um segredo que o coração desespera.

Na ribalta, o brilho esconde a dor,
O próximo corpo, um macabro clamor.
Olhe para os bastidores, onde a verdade se esconde,
E encontre a rosa vermelha que o destino responde.

Entre as cortinas, o sangue desenha,
A pista crucial que a justiça empenha.
Siga o rastro do som e da luz,
E descubra o mistério que a escuridão conduz."

Respirei fundo, sentindo a urgência da situação. O assassino estava me guiando mais uma vez, transformando o teatro em seu próximo palco macabro. Empurrei a porta pesada e entrei no prédio escuro, minha lanterna varrendo o vasto e vazio saguão.

Cada passo ecoava pelo espaço abandonado, a atmosfera carregada de uma tensão opressiva. Dirigi-me para o auditório principal, onde o palco estava envolto em sombras profundas, as cortinas pesadas e empoeiradas pendendo imóveis.

Caminhei até o palco, o enigma ainda fresco na minha mente. A luz da lanterna iluminava as cadeiras vazias, criando sombras que dançavam nas paredes. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som distante de goteiras e o farfalhar ocasional de ratos.

Subi ao palco, sentindo o peso da escuridão ao meu redor. Olhei ao redor, tentando identificar onde o assassino poderia ter deixado a próxima pista. A ribalta, o brilho que esconde a dor... as cortinas.

Aproximei-me das cortinas, movendo-as lentamente para o lado.

Quando movi as cortinas, a visão que encontrei foi ainda mais perturbadora do que eu havia imaginado. Um corpo estava pendurado, amarrado pelas mãos. Era uma mulher elegantemente vestida, com uma rosa vermelha presa nas mãos. O contraste entre sua roupa sofisticada e a cena macabra era chocante.

Precisava descer o corpo para pegar a flor e verificar se havia mais alguma pista. Segui as cordas que a mantinham suspensa, os nós firmes e bem amarrados, mostrando a precisão meticulosa do assassino. Continuei seguindo as cordas até o ponto onde estavam fixadas. Lá, amarrada junto à corda, havia uma rosa branca.

Com cuidado, desamarrei a rosa branca e encontrei outro bilhete preso ao caule. Era mais um poema romântico perturbador, escrito na caligrafia familiar do assassino:

"Emma,

Nos fios do destino, nossa dança é tecida,
Cada passo teu, uma história indecisa.
Tão perto de mim, e eu de ti,
Nas sombras do palco, nosso amor é sutil.

Te observo, minha musa, com desejo contido,
Nos bastidores da vida, nosso laço é tecido.
A rosa branca é minha promessa e meu chamado,
A próxima pista, no santuário sagrado."

Senti um arrepio percorrer minha espinha enquanto lia as palavras. O assassino estava jogando um jogo perigoso e pessoal, transformando cada pista em uma declaração de sua obsessão. Mas havia mais uma camada de significado nas suas palavras. O "santuário sagrado" poderia ser qualquer lugar significativo, mas precisava focar em descer o corpo e verificar a rosa vermelha que a mulher segurava.

A sombra do caçador - Dark romance Onde histórias criam vida. Descubra agora