Capítulo 16

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Amanda

Acordei com uma luz branca bem acima de mim, meu corpo todo dói e não consigo mover o meu braço esquerdo, olhei para baixo e vi o mesmo imobilizado, no braço direito um acesso venoso, subo o olhar reparando em volta e vejo que estou num quarto de hospital.
Tentei levantar para me sentar, mas fui impedida por uma voz grossa, mas gentil me dizendo para ter cuidado, perguntei o que aconteceu, porquê eu estava ali e quem é ele.

O homem desconhecido disse que primeiro chamaria uma enfermeira e depois contaria tudo o que aconteceu, não consigo lembrar com clareza, tenho apenas pequenos flashes de memórias.
Depois da enfermeira fazer todo o procedimento e sair do quarto o tal homem sentou-se na cadeira ao lado da cama e começou a contar tudo, que sofri um acidente, um homem que dirigia bêbado passou o sinal vermelho e eu fui atingida, agora tá explicado o braço imobilizado as feridas e o corpo todo dolorido, mas o que ele disse a seguir me deixou paralisada, surpresa e sem reação por alguns segundos.

Grávida! eu estava grávida de três semanas e perdi nesse acidente, estava grávida e não sabia.
Depois do homem desconhecido, que agora sei que se chama Marcelo contar tudo, agradeci a sua ajuda e preocupação e pedi que me deixasse sozinha para descansar, não queria parecer rude, na verdade eu precisava de um tempo sozinha para assimilar a perda da minha gravidez, meu Deus eu ia ser mãe.

Tive de me controlar bastante para não chorar na frente dele, queria poder fazer isso sozinha e em paz até os meus pais chegarem. Assim que ele saiu me entreguei ao choro, eu não queira ser mãe agora mas aconteceu e eu o perdi sem saber que tinha um pequeno ser crescendo dentro de mim, sem pelo menos ter a chance de fazer planos, pensar num nome, senti-lo crescer a cada mês e os seus chutes, imaginar o seu rostinho, se seria menina ou menino, se teria cabelos ruivos, se iria ter os meus olhos ou os lindos olhos do Tiago, meu Deus o Tiago! como eu vou dar uma notícia dessas logo agora que ele se mudou.?!
Estou tão destroçada, não sei o que fazer.

Ouvi vozes do outro lado da porta, mas só pude identificar uma, a do meu pai, assim que o vi passar pela porta tive vontade de sair dessa cama e ir correndo me jogar nos seus braços para colocar para fora tudo que estou sentindo em forma de choro, mas não tinha como, então deixei que ele viesse até mim e sem dizermos uma palavra nos abraçamos e só assim me permiti chorar no seu ombro.

Não é que eu não tenha uma boa mãe, mas meu pai sempre teve o dom de me acalmar e me compreender, eu sempre fui a princesa dele, já que tenho dois irmãos mais velhos e eles são mais ligados à minha mãe, realmente essa coisa das filhas preferirem os pais do que as mães é real. Será que se eu tivesse um menino também seria assim?...                                                      Infelizmente são perguntas que não terei respostas, não há nada que possa fazer para desfazer isso. Me separei do meu pai que deu espaço para minha mãe e a Roberta me abraçarem, ambas com os olhos marejados.

- Minha filha como está se sentindo? _Perguntou a minha mãe sendo cautelosa. Como eu estou?…estou destroçada, a dor física não se compara com a dor da minha perda, sinto que a qualquer momento irei explodir porque queima a vontade de gritar que está entalada na minha garganta, gritar de raiva e frustração, da não aceitação, não estou bem, mas preciso ser forte.

- Eu vou ficar bem mamãe, só preciso de um tempo para assimilar tudo isso e voltar a colocar tudo no normal.

- Tudo bem filha, não precisa falar agora, vamos no seu tempo.

Agradeci mentalmente a minha mãe por isso, não queria ter de lidar de frente agora com essa situação.

- Amanda sei que talvez agora não é o momento, mas a gente precisa avisar ao Tiago. _Disse a Roberta sentada na ponta da cama olhando para mim, não com um olhar de pena, mas sim de compaixão, um olhar tranquilizante, dizendo silenciosamente que estava ali comigo para o que fosse e me senti agradecida por isso.

- Sim eu sei, mas agradeceria a compreensão de vocês se não falassem nada para ele ainda, ele acabou de viajar e vai começar com o novo trabalho de diretor e eu não quero atrapalhar ele, no momento certo eu mesmo conto para ele, só preciso de um tempo.

Os três presentes na sala não aprovaram, mas respeitaram a minha decisão, pois é algo que só dizia respeito a mim e ao Tiago. No tempo que os meus pais e a Roberta ficaram comigo reparei que em nenhum momento o Marcelo voltou a entrar na sala, perguntei ao meu pai sobre o homem que tinha ligado para eles.

- Ah sim, o moço que encontramos na porta do seu quarto, ele explicou tudo para gente e preferiu nos dar privacidade com você e foi embora, disse que talvez voltaria amanhã e desejou as rápidas melhoras.

- Ah tudo bem, queria agradecer ele direito, depois que ele me explicou tudo o que aconteceu eu fiquei sem reação e senti que tratei ele com ingratidão, espero que ele volte então, só sei apenas o primeiro nome dele.

- Com a gente ele também só disse o primeiro nome, acho que na pressa e do jeito que a gente entrou aqui todos preocupados ele não conseguiu nem falar tudo, vamos esperar, talvez ele venha amanhã e se não vir não tem problema, ele terá a minha eterna gratidão por ter praticamente socorrido você e impedido o culpado de ter fugido.

Não sabia que o homem iria fugir e que ele impediu que isso acontecesse, no final das contas tenho muito mais o que agradecer ao Marcelo, espero ver ele novamente para fazer as coisas do jeito certo.

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