72: Veredito

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Os dois ficam parados em frente à grande porta do salão de conferência, onde a Rainha se sentava no seu trono elevado e recebia enviados, secretários, diplomatas e pessoas comuns, em audiências públicas e privadas

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Os dois ficam parados em frente à grande porta do salão de conferência, onde a Rainha se sentava no seu trono elevado e recebia enviados, secretários, diplomatas e pessoas comuns, em audiências públicas e privadas.

Ignorando os dois soldados de cada lado, Lúcio fincou seus pés no lugar, dando tempo a Manuela para organizar seus pensamentos antes de liberarem a entrada.

Podia sentir o nervosismo da Alquimista através da sua expressão pensativa. Desde que a trouxe da entrada até ali, contando os porquês do seu chamado, e liberando detalhes sobre a falha do suposto medicamento desenvolvido pela Academia, ela havia assumido uma postura retraída, depois de arregalar os olhos ao saber da missão em mãos.

— Pronta? — Perguntou, inclinando a cabeça na sua direção ao vê-la de olhos fechados.

Piscando, não só uma, mas duas vezes, a mulher exalou um suspiro longo, do fundo do peito, e retirou o chapéu, procurando onde colocá-lo.

— Dê-me. — Se ofereceu, estendendo a mão pálida.

Manuela fez como pedido, passando a mão nas mechas loiras soltas do coque no cabelo.

— Podem abrir. — Sua voz foi direcionada aos guardas.

A cena dentro da sala se desenvolvia de forma esperada: além da Rainha no seu lugar de direito, o primeiro príncipe apoiava-se na cadeira ao lado, a postos. Aquele assento deveria ser ocupado apenas pelo rei ou príncipe consorte, assim, ele deveria permanecer de pé próximo ao trono.

Além deles, haviam mais dois homens, vestidos com a insígnia da Academia Real de Medicina, chamados com a intenção de validar a veracidade do que estivesse sendo discutido.

Eles não pareciam felizes, decerto, sabendo do assunto tratado. Não gostaram de ter suas habilidades questionadas em frente a maior autoridade do país, mesmo o objetivo não sendo enfrentá-los, de qualquer forma.

Manuela conhecia alguns daqueles rostos. Principalmente, a família Real. A face deles ficou gravada na sua mente desde quando os viu, há mais de cinco anos, no dia da execução dos traidores. Mesmo estando mais velhos, a mulher reconheceu os traços; os olhos, marcados pela crueldade do mundo. Pessoas tão jovens e com responsabilidades maiores do que ela poderia desejar.

Ela estava na capital durante a revolta, e ficou na praça assistindo, junto aos milhares de súditos, convocados ao testemunho da punição dos rebeldes.

Naquela época, tentou a todo custo desviar o olhar das mortes, parando, então, nos três filhos das cabeças na guilhotina. Um jovem príncipe, adolescente, segurando a mão da sua irmã, enquanto carregava uma criança bem menor no colo, alheio aos acontecimentos bárbaros. Entretanto, o mais velho sabia de tudo; foi acusado de ter participado. E podia jurar que, mesmo ao longe, enxergou o brilho de uma lágrima solitária rolando.

Hoje, Fayr não tinha nada daquela garotinha miúda presa ao aperto de mão do irmão mais velho, mas era uma soberana, cuja aura fez a mulher engolir em seco, mesmo tendo idade para ser sua avó.

Nem a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora