64: História do Duque

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Até onde ela sabia, os dois não eram próximos

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Até onde ela sabia, os dois não eram próximos. Chegou a ouvir rumores sobre a conversa entre o Duque e o filho do Barão Nottle durante a comemoração da primavera, mas ficou óbvio como aquela interação não significou muito, pois eles não passaram mais de cinco minutos juntos. Então, o que Lúcio estava escondendo? Porque a sua certeza não vinha do nada.

— Eu sei sobre a história do Duque.

— Qual parte dela? — A Rainha tinha todos os detalhes, porque aquelas memórias também faziam parte do passado da vida real. 

— O Duque faria de tudo pelo seu povo.

O título de Duque foi dado a Elion por conta da sua bravura. Durante o reinado do avô de Fayr, Elion Guan, agia como chefe da Guarda do antigo Duque de Derren, governante do Sul. E o seu antecessor era seu próprio pai, um plebeu e leal soldado da Guarda Prateada.

Além das fronteiras sudestes ficava o deserto Vorene. Oficialmente, essas terras pertenciam ao Reino de Fangzhou, mas nunca foram habitadas pelo governo, por conta das condições hostis a vida. Em vez disso, se tornou uma terra sem lei, ocupada por fugitivos acreditando poder sobreviver no ambiente agressivo. A maioria dos criminosos pereciam em poucos dias, e o poucos sobreviventes, formaram seu próprio reinado.

Essa facção utilizava as vilas fronteiriças para facilitar o seu tráfico e distribuição de drogas entre os dois reinos, aproveitando-se do fato de estarem protegidos na sua fortaleza de areia, onde os soldados de Ouroboros não poderiam os alcançar sem declarar guerra ao reino vizinho, por invasão de território. 

Reconhecendo o impasse, o antigo Duque fez vista grossa, mesmo com o aumento da criminalidade e o sofrimento das famílias plebeias. Insatisfeito, Elion reuniu pelas costas do seu mestre os soldados mais confiáveis sob seu comando e conduziu uma invasão, dizimando os criminosos pegos de surpresa pelo ataque. No total, onze dos seus cem homens pereceram, mas os sobreviventes espalharam a história de como o seu capitão os guiou a vitória.

Assumindo as consequências dos seus atos, Elion ofereceu a própria cabeça e marchou até o palácio sozinho, aceitando a sentença de morte por insubordinação. Seu objetivo era se tornar o único culpado pela quebra do tratado de paz e evitar o conflito.

Fangzhou pressionou até ver sangue. O ex capitão se tornou o novo Duque do Sul, e Darren foi executado. Os soldados participantes da revolta foram declarados traidores do Ducado, e destituídos dos seus cargos, e mesmo assim, eles mantiveram a cabeça erguida, acreditando ter feito a escolha certa.

Elion foi sentenciado a se tornar a sombra de quem mais desprezava, condenado a uma vida de servidão eterna não como servo, mas como nobre. O avô de Fayr pareceu misericordioso ao poupar sua vida, mas, na verdade, forjou para ele correntes invisíveis, aprisionando-o em uma jaula dourada.

Ele se preocupava com as pessoas, e assinou o acordo sem pensar duas vezes. Se trocar sua liberdade pela vida dos seus homens fosse o preço a ser pago, faria essa escolha centenas de vezes. E se precisasse se tornar um Duque para manter seu povo seguro, assim o faria.

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