𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾 𝟶𝟾

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  Não aguentava mais aquela visão. Sempre os mesmos pesadelos, sempre os mesmos acontecimentos cotidianos e fictícios se fundindo, tornando-se presságios ou mensagens sem sentido o qual os humanos insistem em tirar alguma mensagem. Mesmo sendo um bando de baboseira.

  Acho divertido retirar a pessoa daquela monotonia de viver em um lugar fantasioso no fim da porra do arco-íris, cercados de dinheiro e ganância, para que vejam a realidade a qual insistem em esconder.

  Não me importo se, no processo, elas sofram ou passem a noite em claro. Revirando-se nas camas, desejando que o pesadelo não volte ao adormecerem.
Afinal, o que é uma vida bem vivida se não há nenhuma dificuldade à espreita?

  Pulando de pesadelo em pesadelo, na busca de um que fosse definitivamente perturbado para não ter grande esforço ao executar meu trabalho, acabo encontro ela de novo...

  Eu juro; juro que não foi intencional.

  Definitivamente, um dos seres mais cativantes deste mundo. Por mais que ela, na maioria das vezes, fosse do tipo "estraga prazeres", tanto figurativamente quanto literalmente. Essa garota é um porre.

  O trabalho que Valac me designou não foi dos mais fáceis. Como sempre, papai ama meu jeito de lidar com as coisas e sabe que sou muito melhor que a minha irmã, Lilith.

  A pequena Aurora tinha planos de se tornar freira futuramente.
Completamente ingênua perto de outras mulheres e demônios com os quais já convivi ou me relacionei. Use o termo como preferir.
Mal sabe ela que o único destino que a aguarda será bem longe do céu e eu sou o designado a executar essa tarefa.


  Sem muito esforço como já previa, consigo adentrar no sonho dela. Por que caralhos ela sempre estava naquela maldita banheira?

  Me escondo num canto escuro do banheiro, atrás dela, para que minha presença não seja perceptível ainda.

  Fico ali à espreita. Espero um momento de vulnerabilidade para me aproximar.

  Ela estava divinamente bela; aquele maldito corpo me atraía, mas eu teria que fazer meu trabalho a qualquer custo. O que importava para Valac era que ela fosse levada ao inferno, sem se preocupar com meus métodos, claro.

  Eu preciso mostrar meu valor, preciso fazer com que eles vejam que sou o melhor. E eu obviamente sou.


  Me aproximo um pouco mais dela, vendo os pelos dela se arrepiarem, somente pela minha aura mais próxima. De certo modo para seres mais "iluminados" como ela, eu tinha uma dominância maior sobre ela e isso só me dava combustão para continuar.


  Ouço minhas botas gastas fazendo barulhos ocos no chão, fazendo-a se encolher em seus próprios braços na banheira e a respiração dela perceptivelmente mais instável. Era diabolicamente boa aquela sensação. 

  Agacho-me para que meu nariz fique na direção de seus cabelos, inalando aquele doce aroma familiar, fazendo-a sentir minha respiração gélida e necessitada por mais daquele momento, ainda insatisfeito.

  Sinto a inocência e a pureza que ela tinha; era como se não houvesse sido preenchida, quase como uma ovelha indefesa num pasto com gramado abundante e... Dane-se, tenho que fazer meu trabalho.
 

  Observo-a  virar rapidamente a cabeça em minha direção com pavor nos olhos, esgueirando- se contra a beirada da banheira.


  — Quanto tempo, garotinha. Sentiu saudade? — Digo em tom de sarcasmo, sabendo que a minha presença não é bem-vinda em nenhum sonho no qual eu entrasse. Não era problema, eu gostava disso, ansiava pela angustia no olhar dela.

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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𝓒𝓱𝓸𝓸𝓼𝓮 𝓶𝓮 𝓯𝓸𝓻𝓮𝓿𝓮𝓻, 𝓓𝓪𝓻𝓵𝓲𝓷𝓰Onde histórias criam vida. Descubra agora